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quarta-feira, 16 de outubro de 2013

O Protestantismo na Capital de São Paulo: A Igreja Presbiteriana Jardim das Oliveiras. Dissertação (Mestrado)

Propriedade adquirida em 1950 onde na década de 60 foi construído
o templo da IPJO
http://historiologiaprotestante.blogspot.com.br/  


Resumo
A presente dissertação analisa a implantação do protestantismo na capital paulista, através de um de seus ramos o presbiterianismo. O estudo tem como foco central o estabelecimento da Igreja Presbiteriana Jardim das Oliveiras, onde através da pesquisa bibliográfica e documental, enfoca-se o presbiterianismo e sua atuação na cidade de São Paulo. O protestantismo estabelece-se no Brasil de forma ainda incipiente no final do século dezenove através dos primeiros missionários que aqui chegaram com o propósito de estabelecerem suas diversas ramificações geradas pelo movimento reformador do século dezesseis. Um conjunto de fatores econômicos, sociais e judiciais facilitou muito para que a mensagem evangélica protestante encontrasse boa aceitação entre os brasileiros, principalmente entre a elite liberal advinda do regime republicano. Na virada para o século vinte a Cidade de São Paulo assume um papel predominante na condução do desenvolvimento e diretrizes políticas do país e o protestantismo com sua mensagem progressista sobe nesta locomotiva e aproveita de forma positiva as oportunidades que lhe são disponibilizadas e estabelece comunidades fortes na capital e aos arredores. Mas o presbiterianismo compartilha do mesmo sintoma divisionista de seus pares reformados e logo experimenta suas primeiras cisões internas. Em 1903 ocorre a primeira grande divisão, dando origem a duas denominações: a Igreja Presbiteriana do Brasil e a Igreja Presbiteriana Independente. Poucos anos depois, esta segunda denominação experimenta duas divisões simultâneas: a Igreja Presbiteriana Conservadora e a Igreja Cristã de São Paulo (1942). A Igreja Presbiteriana Jardim das Oliveiras também é resultado de um processo divisório na história eclesiástica da Igreja Presbiteriana Unida de São Paulo. No transcorre desta pesquisa há um esforço para expor as razões e motivações que contribuíram para a formação de mais uma igreja presbiteriana no centro da cidade e seus esforços para se estabelecer. Destaca-se a pessoa carismática do Rev. José Borges dos Santos Jr. que iniciou, conduziu e concluiu este processo separatista.
Introdução
Quando nos propomos a falar de Protestantismo[1] no Brasil é impossível não pensarmos na cidade de São Paulo. Ainda que Simonton tenha desembarcado no Rio de Janeiro e ali tenha empreendido seus primeiros e profícuos esforços na implantação da mensagem evangélica protestante, conforme proposta por um de seus diversos ramos o Presbiterianismo, é na cidade e estado de São Paulo que esta mensagem vai expandir de forma mais acentuada, tornando possível o estabelecimento de uma forte e crescente denominação protestante no país.
O recorte histórico que fazemos neste trabalho, início da década de 60, torna-se relevante, pois o estabelecimento da Igreja Presbiteriana Jardim das Oliveiras (IPJO), ocorre em um dos momentos mais tensos da história brasileira e da própria Igreja Presbiteriana do Brasil[2].
Ainda que seja a análise de um caso específico, de uma igreja e de um ramo do protestantismo, teremos a oportunidade de fazermos uma revisão histórica da implantação e desenvolvimento do protestantismo brasileiro, mais especificamente da cidade de São Paulo, nos conduzindo a uma avaliação e uma autocrítica da própria herança protestante e, por conseguinte, a um enriquecimento profundo da vivência da fé evangélico-protestante.
Como cientista da religião a análise critica com que este trabalho é elaborado não trás em si qualquer desejo de enaltecer ou de depreciar o legado protestante brasileiro, ao contrário, o esforço é resgatar um momento histórico que permite aos estudiosos da religião e mais particularmente aos protestantes brasileiros compreenderem, discernirem e acolherem por novos ângulos a própria experiência cristã atual.
No primeiro capítulo faço uma retrospectiva histórica do protestantismo brasileiro, explorando o contexto pré Simonton, pois neste momento histórico o Brasil experimenta uma profunda e continua metamorfose em todas suas esferas sociais, que influenciam diretamente na dinâmica religiosa do país e principalmente no que tange a implantação e desenvolvimento do protestantismo. Além dos esforços iniciais do próprio Simonton também destaco a chegada de seu cunhado Blackford e demais companheiros, que haverão de ser fundamentais no estabelecimento e expansão protestante na cidade de São Paulo.
No capítulo dois abalizo o papel e a importância do protestantismo na capital paulista, bem como seu desenvolvimento e seus percalços. Em poucos anos São Paulo se torna a capital do presbiterianismo brasileiro e o palco onde atuaram seus principais protagonistas que produziram seus acontecimentos mais marcantes quer positivamente como a expansão e demarcação de seu espaço na sociedade paulista e brasileira querem em seu aspecto negativo como o grande cisma em 1903 e seus contínuos desdobramentos. Destaco o nascimento da Primeira Igreja Presbiteriana na capital e posteriormente as fomentações e fragmentações que precocemente surgem e que acabaram fazendo surgir uma segunda igreja denominada de Igreja Presbiteriana Unida de São Paulo (IPUSP), e que por fim desemboca na primeira grande divisão do presbiterianismo brasileiro dando origem à Igreja Presbiteriana Independente (IPI).
Entrando no capítulo três da pesquisa faço um levantamento historiográfico da implantação da IPJO, explorando as motivações e propostas que possibilitaram a existência de mais uma Igreja Presbiteriana no centro da cidade de São Paulo. Utilizo para isso além da bibliografia relacionada ao tema, como também outras fontes como atas e boletins, resoluções conciliares, bem como jornais denominacionais e depoimentos de pessoas envolvidas, que hoje tem a possibilidade de amadurecidos e aclimatizados pelos anos passados do fato histórico, fazer seus relatos e até mesmo suas análises daqueles acontecimentos e de seus posicionamentos. Faremos maior esforço em possibilitar
No quarto e último capítulo dedico um espaço amplo para a pessoa e ministério do Rev. Jose Borges dos Santos Jr, que se constitui na mola mestra da fundação da Igreja Presbiteriana Jardim das Oliveiras (IPJO) e que vai conduzi-la em sua primeira década onde se estabelece definitivamente como igreja coroando todo o esforço despendido com a inauguração do seu templo. Busquei nos Relatórios Pastorais do Rev. Borges, bem como em outras fontes informativas possíveis, esboçar com a maior clareza possível um perfil deste personagem histórico do presbiterianismo brasileiro, em suas múltiplas áreas de atuação dentro e fora do campo religioso, e que haverá de se materializar na formação desta nova Igreja Presbiteriana no coração da grande metrópole que é São Paulo.



[1] Em termos amplos conforme J. Leslie Dunstan o protestantismo é um dos três ramos do cristianismo, ao lado do catolicismo romano e das igrejas orientais ou ortodoxas (Protestantismo. Lisboa: Verbo, 1980, p. 7). Mas para delinearmos melhor o seu significado nesta pesquisa utilizaremos a proposta de Antonio Gouvêia Mendonça: “Protestantes seriam aquelas igrejas originadas da Reforma ou que, embora surgidas posteriormente, guardam os princípios gerais do movimento. Estas igrejas compõem a grande família da Reforma: luteranas, presbiterianas, metodistas, congregacionais e batistas. Estas últimas, as batistas, também resistem ao conceito de protestantes por razões de ordem histórica, embora mantenham os princípios da Reforma. Creio não ser, por isso, necessário criar para elas uma categoria à parte. São integrantes do protestantismo chamado tradicional ou histórico, tanto sob o ponto de vista teológico como eclesiológico. Estes cinco ramos ou famílias da Reforma se multiplicam em numerosos sub-ramos, recebendo os mais diferentes nomes, mas que, ao guardar os princípios fundantes, podem ser incluídos no universo do protestantismo propriamente dito” (O protestantismo no Brasil e suas encruzilhadas. IN: PEREIRA, João Baptista Borges (org.). Religiosidade no Brasil. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2012, p. 73).
[2] É muito interessante a periodização do protestantismo brasileiro feita por Mendonça: “Propomos a seguinte periodização: de 1824 a 1916, período de implantação do protestantismo no Brasil; de 1916 a 1952, desenvolvimento do projeto de cooperação ou pan-protestantismo e a chegada de ‘um bando de teologias novas’; de 1952 a 1962, crise política e religiosa, ensaio de politização do protestantismo e impacto do pentecostalismo; de 1962 a 1983, período de repressão no interior do protestantismo, da revolução neopentecostal, fortalecimento do denominacionismo e o isolacionismo das igrejas” (2012, 76). Nosso recorte esta dentro dos dois últimos períodos. 
ÍNDICE
INTRODUÇÃO                                                                     13
1. HISTÓRIA DA INSERÇÃO DO PRESBITERIANISMO NO BRASIL 23           
1.1-   0 Brasil na Chegada de Simonton                          23
1.1.1         - As Primeiras Aberturas ao Protestantismo  23
1.1.2         As Sociedades Bíblicas e a Colportagem      24
1.1.3         Os Primeiros Convertidos e as Primeiras Igrejas
Protestantes Brasileiras                                                      26
1.1.4- Mudanças Econômicas e Sociais                          26
1.1.5 - Consulta Jurídica Sobre a Tolerância e Liberdade
Religiosa no Brasil                                                              28
1.2-     0 Trabalho Desenvolvido por Simonton e Seus
Companheiros                                                                      29
1.3 - A Expansão do Presbiterianismo Com José Manoel da
Conceição                                                                             32
1.4 - A Mudança da Estratégia Missionária                    34
2. IMPLANTAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DO PRESBITERIANISMO EM SÃO PAULO  36
2.1 - Primórdios da Primeira Igreja Presbiteriana de São Paulo
2.1.1         - Desenvolvimento da Primeira Igreja Presbiteriana
de São Paulo                                                                        41
2.2  - Fomentações e Fragmentações do Presbiterianismo
Brasileiro                                                                               42
2.2.1         - Duas Congregações e a Formação da Segunda
Igreja Presbiteriana de São Paulo                                    44
2.2.2         - Igreja Presbiteriana Filadelfa                         46
2.3  - A Igreja Presbiteriana Unida de São Paulo             48
2.4  - Nova Dissensão Teológica - Salomão Ferraz       51
3. A IGREJA PRESBITERIANA JARDIM DAS OLIVEIRAS   59
3.1- Primórdios das Atividades na Alameda Jaú 60
3.2 - Organização e Ano Um                                 63
3.3 -A Construção do Templo                               68
3.4 - A Saída do Rev. Borges da IPJO                   72
3.5 - O Envolvimento da IPJO com Atividades Evangelísticas e
Sociais                                                                      75
3.6 - A Congregação no Jd Peri                           76
4. REVERENDO JOSÉ BORGES DOS SANTOS JUNIOR 77
4.1 - Seu nascimento e infância                                        77
4.2  - A Formação Acadêmica                                              78
4.3  - O Ministério Pastoral                                                  80
4.3.1        - Ordenação e Primeiros Campos                     80
4.3.2        - Primeira Igreja Presbiteriana de Campinas   81
4.3.3 - Igreja Presbiteriana Unida de São Paulo             83
4.3.4 - Igreja Presbiteriana Jardim das Oliveiras              89
4.4  - Jubilação                                                                   102
4.5  - Funções Eclesiásticas                                            103
4.5.1        - Professor do Seminário Presbiteriano de Campinas       103
4.5.2        - Atuação no Supremo Concilio e outros Concílios da IPB          105
4.5.3        - O Centenário Presbiteriano no Brasil             122
4.6  - Atividades Paraeclesiásticas                                  132
4.6.1        - Atividades Paraeclesiásticas Nacionais     133
4.6.2        - Atividades Paraeclesiásticas Internacionais 145
4.7  - Educador                                                                   151
4.8-0 Radialista Evangélico                                             159
4.9 - Atividades Ecumênicas                                           165
4.10-0 Instituto de Promoção e Serviço Ecumênico (IPSE) e/ou
A Capela do Convívio Cristão                                         169
CONCLUSÃO      175
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANEXOS

Palavras-chave: Protestantismo, Presbiterianos, Ruptura, Conservador, Liberal, Progressista, Rev. José Borges dos Santos Jr., Igreja Presbiteriana Jardim das Oliveiras.

GUEDES, Ivan P. O Protestantismo na capital de São Paulo: A Igreja Presbiteriana Jardim das Oliveiras. Dissertação (Mestrado em Ciências da Religião). São Paulo: Universidade Presbiteriana Mackenzie, 2013. [Orientador: Prof. Dr. João Baptista Borges Pereira]. http://tede.mackenzie.br/jspui/handle/tede/2431

Guedes, Ivan Pereira
Mestre em Ciências da Religião.
Universidade Presbiteriana Mackenzie
me.ivanguedes@gmail.com
Outro Blog
Reflexão Bíblica
http://reflexaobiblica.spaceblog.com.br/

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