Translate

Mostrando postagens com marcador Richard Shaull. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Richard Shaull. Mostrar todas as postagens

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

PROTESTANTISMO BRASILEIRO: A Era do Trovão: poder e repressão na Igreja Presbiteriana do Brasil no período da ditadura militar (1966-1978)

A Igreja Presbiteriana do Brasil, de 1965 a 1978, foi marcada pelas sucessivas reeleições de Boanerges Ribeiro à frente do seu Supremo Concilio. Este período teve como características a repressão e a centralização do poder eclesiástico, o que encontrou sua correlação no Regime Militar, instalado no Brasil a partir do Golpe Militar de 31 de março de 1964. Seu caráter ortodoxo e repressivo remonta, no entanto, às características que fizeram do presbiterianismo brasileiro, um presbiterianismo bem típico: ênfase no denominacionalismo, no individualismo, na detenção de uma mentalidade anticatólicas e anti-ecuménica, na vivência de uma ética ascética intramundana e de não participação social efetiva, no apego ao passado como referência teológica e de impossibilidade de abertura para o novo, na leitura e na interpretação bíblico-teológica fundamentalista. Estas características fizeram com que a partir do final da década de 50, a Igreja Presbiteriana do Brasil propugnasse uma política eclesiástica de eliminação daqueles que pensavam diferentemente do pensamento teológico considerado oficiai e mesmo daqueles que mantinham posturas políticas diferentes dos líderes da igreja. Considerados inimigos da IPB, foram os modernistas que buscavam uma pesquisa bíblica a partir dos referenciais da considerada moderna ciência bíblica, os ecumenistas, que buscavam um diálogo eclesiástico mais amplo, inclusive, após o Concilio Vaticano II, com a Igreja Católica Romana e os comunistas que, na verdade, eram considerados aqueles que mantinham uma leitura bíblica e uma teologia a partir do referencial do Evangelho Social e, cujo expoente, no Brasil, foi Richard Shaull. Estes inimigos, em última instância, eram os hereges, os desviantes da "sã doutrina". A confrontação e perseguição a estes inimigos acirraram-se no período de Boanerges Ribeiro como presidente do Supremo Concilio da IPB, período em que, concílios e instituições de ensino teológico foram dissolvidos e fechados, pastores e líderes, inclusive da juventude, professores dos seminários, sob pressão, saíram da igreja, deixaram a docência, foram despojados de suas funções ministeriais e, ainda outros, mediante denúncias junto às agências de informação do governo foram obrigados a deixar o país, exilando-se. 0 poder repressivo, assim, fez com que esta igreja não somente se enclausurasse no passado mas, também, fechasse as portas para que uma nova teologia fosse gestada no seu meio e uma participação social relevante fosse buscada.

PAIXÃO JUNIOR, Valdir Gonzales. A era do trovão: poder e repressão na Igreja Presbiteriana do Brasil no período da ditadura militar (1966-1978). Dissertação (mestrado em Ciências da Religião). São Bernardo do Campo: Universidade Metodista de São Paulo, 2000. [Orientadora: Drª Yara Nogueira Monteiro].