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quinta-feira, 31 de maio de 2018

Protestantismo um Estudo de Caso: Apogeu e Declínio da Juventude Presbiteriana (50/60)



            O período que se estende do inicio da década de 50 ao final da década de 60, marca o apogeu e o declínio da atuação eclesiástica de uma juventude evangélica protestante jamais repetida na jovem História do protestantismo brasileiro.
            Como em todas as demais denominações religiosas, incluindo a Igreja Católica Romana, as denominações evangélicas protestantes sentiram todas as pressões reproduzidas na sociedade brasileira e internacional em virtude das mutações avassaladoras que estão acontecendo, o que vai exigir dos líderes religiosos uma resposta satisfatória à suas respectivas comunidades.
Particularmente no Brasil este período é marcado por acontecimentos que haverão de mudar os rumos da nação e, por conseguinte da Igreja Presbiteriana do Brasil (IPB) e todas as demais denominações evangélicas. Citando apenas alguns exemplos: a crise gerada pelo governo populista de Vargas e seu suicídio; o projeto desenvolvimentista de Jucelino Kubitschek, que produz uma onda de euforia culminando com a construção de Brasília; e a maior crise política experimentada pelo Brasil republicano iniciada na renúncia de Jânio Quadros que culmina com a implantação do regime militar de 1964, com a justificativa de barrar o avanço comunista no país.
Como todos os demais segmentos religiosos a IPB não esta imune a todas estas questões e internamente, as duas correntes, liberais e/ou progressistas e a conservadora, que até então conviviam paralelamente, ao final deste período entrarão em rota de colisão, produzindo um dos períodos mais lamentável do presbiterianismo brasileiro e que deixará sequelas irreversíveis na denominação, que começam a serem mais bem compreendida através dos trabalhos acadêmicos produzidos entre outros pelos cientistas da religião, acentuadamente a partir do final da década de noventa.
É neste período tão conturbado que sobressai a figura carismática do Rev. José Borges dos Santos Jr que experimentara o apogeu de sua liderança eclesiástica dentro da IPB, bem como no âmbito nacional e internacional do protestantismo e mesmo fora das esferas eclesiásticas.
Como desde o inicio de seu ministério pastoral Borges sempre deu muita atenção à mocidade. Mas a partir do seu período na IPUSP (Igreja Presbiteriana Unida de São Paulo) sua integração junto aos jovens foi crescente. E será em sua administração nacional que se consolidara a Confederação da Mocidade Presbiteriana (CMP). Sua capacidade intelectual alinhada à sua percepção das questões sociais e sua abertura ecumênica evangélica fazia de Borges o catalisador perfeito para o momento de efervescência da juventude presbiteriana, principalmente os formadores de opinião da classe média estudantil.
Neste momento chega ao Brasil o Rev. Richard Shaull no qual Borges encontrara reciprocidade e confluência em muitas esferas de ideias e atuações, mas não acompanhara o missionário quando este avançar demasiadamente em suas concepções teológicas, eclesiológicas e sociais; a Mocidade Presbiteriana, que já vinha atuando de forma cada vez mais acentuadamente progressista, vai se constituir no motor propulsor dos movimentos cristão protestante no país.
Anualmente a Confederação da Mocidade organizava congressos, quando se discutiam problemas específicos da missão dos jovens na atualidade, a intervenção nos problemas sociais e a estrutura eclesiástica. Em seu IV Congresso Nacional da Mocidade Presbiteriana em Salvador (BA) o então recém chegado missionário estadunidense Rev. Richard Shaull, que assumira de imediato uma cátedra no Seminário Presbiteriano de Campinas (SP) foi o preletor principal e discorreu sobre a missão, preconizando um significado novo à evangelização. Em uma entrevista Waldo César comenta sobre este momento:
O Shaull tinha um trabalho muito grande com vários campos no Brasil, inclusive com a UCEB [União Cristã de Estudantes do Brasil], viajava muito e era chamado pra conferência em tudo que era lugar. Foi outro motivo de ciumeira, porque os pastores eram os líderes de nossos encontros de jovens e congressos da mocidade. E esses pastores começaram a ser menos convidados. Uma coisa que criou um problema muito desagradável foi que o reverendo José Borges era chamado de ― velho mestre, uma grande figura. Ele teve uma influência muito grande e era sempre o grande preletor dos encontros. E quando Shaull começou a aparecer, o pessoal começou a chamá-lo de ― jovem mestre‖ (risos). Foi a gota d`água em relação à cúpula da igreja. Que negócio é esse?” (CESAR, 2011).
            Somando à estas duas figuras emblemáticas de Borges e Shaull, é justo e fundamental destacar a atuação incansável da missionária Billy Gammon (1946-1958). Filha de missionários pioneiros, cedida pela Junta de Nashville, foi responsável pela organização e estruturação da Mocidade Presbiteriana, viajando por todo território brasileiro em visita a igrejas e federações. Sua morte trágica e precoce, num acidente em Brasília, foi um golpe forte na ainda recente Confederação de Mocidade da IPB.
            Até meados da década de 30, a mocidade presbiteriana não tinha uma organização própria, mas participava ativamente de movimentos oferecidos por organizações interdenominacional[1] tais como: o Esforço Cristão, a Associação Cristã de Moços e a União de Estudantes para o Trabalho de Cristo (voltada inicialmente para os alunos secundaristas), antecessora da União Cristã de estudantes do Brasil (UCEB)[2]. A primeira União de Mocidade Presbiteriana (UMP) surgiu na IPB do Rio de Janeiro em 1934 e dois anos depois o Supremo Concílio resolver organizar UMPs em todas as igrejas no Brasil.
Desde 1946 Billy Gammon (Willie Humphreys Gammon)[3] era responsável pela Secretaria Geral da Mocidade, os jovens presbiterianos através de sua recém-formada Confederação e suas Federações e Uniões de Mocidades Presbiterianas (UMP), espalhadas em todo o território brasileiro. Sua presença deu novos rumos, pois ela fez pontes com outros grupos e federações cristãs de jovens inserindo a juventude presbiteriana com os mais diversos órgãos e igrejas num espírito de ecumenismo evangélico jamais experimentado antes, mas que infelizmente será restringido fortemente, ainda no período de Borges, e amputado completamente no período de Boanerges Ribeiro.
Em 1938 o Supremo Concílio havia criado a Secretaria Geral da Mocidade, sob a responsabilidade do Rev. Benjamim Moraes Filho, que foi sucedido em 1942 pelo Rev. Gutemberg de Campos. O 1º Congresso nacional de Mocidade reuniu-se em Jacarepaguá, no Rio de Janeiro, em 1946, ocasião em que foi organizada a Confederação Nacional. Até o fim dos anos 50, foram presidentes da Confederação Nacional os jovens Tércio Epêneto Emerique, Waldo Aranha Lenz César, Guaracy Maranhão, João Moreira Coelho, Joãozinho Thomaz de Almeida e Josué da Silva Mello. Outros congressos nacionais foram realizados em Recife (1949), Lavras (1952), Salvador (1956) e Alto Jequitibá (1959). Num concurso realizado nos anos 40, foi escolhido o símbolo oficial da mocidade – a tocha –, desenhado pelo Rev. Walter Reis Donald, de Sergipe.
Um fato muito importante na fermentação dessas novas ideias foi a publicação do jornal Mocidade em 1944, que havia sido fundado por Paulo Costa Lenz César como órgão da Federação do Rio de Janeiro. Outros dirigentes do jornal nos anos seguintes foram Waldo César, Rubens Nogueira e Ely Falcão. Além das questões eclesiásticas e estruturais, o jornal também debatia questões políticas e sociais o que concorreu para sua extinção, juntamente com a confederação, em uma ― “reestruturação” [intervenção] feita pela Comissão Executiva em 1960 e referendada na Assembleia do Supremo Concílio em 1962 (ARAÚJO, 1982, edição online).
Um dos movimentos importante deste período do qual a mocidade presbiteriana participou efetivamente foi I Encontro de Líderes, conjuntamente com os Metodistas, onde os palestrantes revelam a ênfase progressista daquele momento: Revs. Borges, Julio de Andrade Ferreira, Joaquim Beato, Richard Shaull, Tércio Emerique, William Schisler (IPB), Rev. Almir dos Santos (Metodista); Rev. Jaques Maury (Igreja Reformada da França).
O Centro Acadêmico do Seminário de Campinas torna-se a locomotiva dos movimentos de estudantes de teologia. Organiza diversos Encontros Ecumênicos de Seminaristas advindos das igrejas Batista, metodista, Independente e Presbiteriana. Pela ótica de um seminarista, que respirou está atmosfera, carregada de entusiasmo, publicada no jornal ― O Puritano, órgão oficial da IPB, temos este relato:
Os encontros Ecumênicos são promovidos pelos Centros Acadêmicos dos Seminários; são, portanto, iniciativa dos próprios seminaristas. Para o próximo ano já há uma comissão encarregada, não só do III Encontro, mas das relações inter-seminários. Essa comissão já está fazendo alguma coisa, e deixa aqui o seu convite aos demais Seminários do Brasil (qualquer denominação) para que participem conosco do encontro de 1958. [...]. Despertou especial interesse a tese do C. A. VIII de Setembro sobre o ―Seminarista e as Organizações Estudantis‖. Realmente, há uma obra de testemunho que somente o seminarista pode fazer. Ele não deve ser olhado somente como um futuro pastor, mas como alguém que tem um campo de ação específico, e, como universitário pode fazer muito pela causa. Esteve também no II Encontro o Sr. José Guimarães, ilustre líder sindical evangélico, que apresentou no rápido contato conosco excelentes possibilidades de conhecermos a vida do operário brasileiro. A experiência de seminaristas, especialmente presbiterianas, nas fábricas fazendo estágio, tem sido excelente, e há possibilidade de se continuar. (1957, p. 7, Apud CASTRO, 2011, p. 65).
Mas os tempos estão mudando rapidamente e nuvens escuras estão se formando no horizonte brasileiro. Os abalos sísmicos que estão por vir no solo político-social brasileiro haverão de afetar as estruturas do evangelicalismo nacional e ninguém sofrerá mais os impactos nocivos destes abalos do que a juventude protestante.
Uma das características que faltam à toda juventude é a paciência. Assim, como um rio que foi avolumado inesperadamente por inúmeros afluentes a juventude presbiteriana hasteia as bandeiras de uma ação evangélica mais atuante e inserida nos movimentos sociais.
Diante desta evolução continua dos fatos lideranças que até então apoiavam as atividades da juventude, como o Rev. Borges, começam a ver com reservas o envolvido deles nos diversos organismos interdenominacionais e sociais que se multiplicara no país.  Este posicionamento preocupante fica explicitado em suas propostas registradas no âmbito conciliar da IPB. Sobre o envolvimento dos jovens presbiterianos em atividades interdenominacionais, que sempre estimulou, expõe seu posicionamento conforme relatório enviado à Comissão Executiva, conforme Digesto Presbiteriano:
1) adotar o parecer do Presidente nos seguintes termos: a Igreja Presbiteriana do Brasil, no espírito de fraternidade com todas as denominações evangélicas do país e no desejo de atender às aspirações legítimas e elevadas da sua mocidade, reconhece a necessidade de movimentos e organizações interdenominacionais de mocidade. Aplaude, aprova e deseja amparar todos os movimentos e organizações que tenham em vista a confraternização da mocidade evangélica e o aproveitamento conjunto das energias da mocidade evangélica. Aplaude, aprova e deseja amparar esses movimentos, desde que lhe seja dado conhecimento prévio para estudo e deliberação, desde que esses movimentos sejam executados e dirigidos pelas autoridades competentes incumbidas pelas respectivas Igrejas de tratarem do assunto. Não aprovará nem poderá permitir que a sua mocidade se associe a qualquer organização religiosa que não esteja sob governo e direção de autoridade competente; (DIGESTO, CE-57-109 – edição online - Itálico meu).
Mas um rio tão caudaloso como o da juventude presbiteriana não pode ser controlado facilmente. Uma vez mais o “Velho Mestre” lança um alerta à direção maior da IPB:
Respeitosamente, quero sugerir que se examine com cuidado a orientação que se dá a congressos para jovens e estudantes realizados no Brasil, em que se dá a tarefa de ensinar a grandes mestres e teólogos estrangeiros, que não estão a par dos problemas existentes no Brasil, e, acerca dos quais é preciso informar a juventude estudiosa, em vez de tratar problemas de outros ambientes e de outros países. (CE-SC-59, Apud CASTRO, 2011, pp. 58-59).
Mas as questões envolvendo a Mocidade evoluem rapidamente, documentos começam a subir dos concílios presbiteriais (responsável pela jurisdição das igrejas locais) de diversos lugares do país, e o risco de se chegar ao total descontrole. Em resposta a um destes documentos a Comissão Executiva baixa uma resolução a todos os concílios inferiores, conforme Digesto Presbiteriano:
1) Determinar à SGM [Secretária Geral da Mocidade] que haja maior influência de pastores, que estejam a frente das igrejas, na organização da mocidade, para que ela se enquadre melhor às necessidades de nossas igrejas. 2) Determinar à SGM que procure, pelo seu trabalho, criar nos moços o espírito de melhor servir a sua igreja local, para que eles se sintam parte integrante desta Igreja e sintam a responsabilidade na solução dos problemas da Igreja local. 3) Determinar à SGM que oriente os Congressos de Mocidade no sentido de darem ênfase à verdade fundamental que o líder de mocidade tem de ser, antes de tudo, um fiel servo do Senhor Jesus, dando bom testemunho na sua igreja local e sendo exemplo de vida cristã. 4) Determinar à SGM que oriente os Congressos de Mocidade no sentido do estudo cuidadoso da administração presbiteriana e do poder moderador e deliberativo do Conselho da igreja, nas atividades das sociedades internas da igreja. 5) determinar à SGM que na organização de novos Congressos, bem como dos respectivos temários, use os serviços, exclusivamente: a) secretários presbiteriais e Sinodais da Mocidade, os quais serão membros ex-officio de toda máquina organizadora de congressos; b) pastores presbiterianos; c) moços ativos da UMP. 6) Remeter as resoluções acima à SGM. 7) Baixar essas resoluções aos Presbitérios para que estudem a reestruturação do trabalho de mocidade, no sentido de que venha servir melhor os objetivos da igreja e enviem outras sugestões que acharem pertinentes à CE-SC/IPB ou ao SC. (CE-56-029 – edição online – p. 72-73). 110
Mas os esforços do Rev. Borges e de outras lideranças progressistas não foram suficientes para acalmar os conciliares descontes e nem acalmar os anseios da juventude. A própria cúpula da IPB ainda sob a liderança do Rev. Borges faz uma primeira intervenção e posteriormente uma nova intervenção e a dissolução da Confederação Nacional coloca ponto final no único movimento da juventude presbiteriana (protestante) no tecido social-politico brasileiro em toda sua existência.
            Evidente que houve excesso e recrudescimento de todas as partes envolvidas. No calor dos acontecimentos faltaram equilíbrio, bom senso e maturidade dos envolvidos para conjuntamente procurarem soluções menos radicais e nefastas como a que foram manifestas por todos os que detinham essa responsabilidade.
            O resultante das ações e resoluções advindas daquele momento histórico é que toda uma liderança jovem se perdeu. O entusiasmo e pujança de uma geração inteira de jovens presbiterianos foram sufocados. Restando apenas um organograma eclesiástico esvaziado. Atualmente a Confederação Nacional da Mocidade foi reestruturada e esta dando sequencia aos Congressos nacionais anteriormente interrompidos, mas certamente fecundados pela mesma “equidistância” das realidades brasileiras com que a IPB sempre escolheu manter em toda sua trajetória nacional em seus mais de cento e cinquenta anos de inserção no Brasil.
Quero concluir com depoimentos representativos daqueles acontecimentos que revelam a mea-culpa dos dois lados envolvidos. O primeiro é do Revs. Waldyr Carvalho Luz e Guilherme Kerr pelo lado da ala mais conservadora da igreja e das academias e o outro é de Waldo César uma das lideranças da juventude daquele período:

O Rev. Waldir referindo-se à chegada do missionário e professor Shaull e seu impacto sobre a juventude presbiteriana: Mercê de sua dialética sutil e de seu discurso eloquente, deslumbrou os estudantes, fascinou-os, seduziu-os, ganhou-os para suas ideias, que, aliás, vinham ao encontro das aspirações da juventude acadêmica da época, e encontravam um contexto político, social e teológico muito favorável e propicio para sua evolução. (1994, p. 260 – Itálico meu).
O Rev. Guilherme Kerr analisando o perfil da juventude presbiteriana daquele momento: Porque o que temos visto por parte da mocidade nesses últimos dez anos é que ela, se de um lado está disposta a assumir a sua responsabilidade na salvação das almas, por outro não se esquece do corpo, e anseia por encontrar solução para os problemas que afligem o homem dentro da sociedade. Essa dualidade de interesses que, segundo cremos, não se opõem, mas se completam, choca-se com os interesses dominantes da igreja evangélica no Brasil. (Jornal O Puritano, 10/02/1953 – Itálico meu).
            O mais trágico destas observações de Waldyr Luz e Guilherme Kerr, é que eles e provavelmente a maioria dos demais líderes acadêmicos e pastorais da IPB, tinham plena consciência ― das aspirações da juventude da época, mas não propuseram absolutamente nada para ir de encontro a elas, não tiveram a humildade de caminhar a segunda milha, de oferecer a outra face e de perdoar setenta vezes sete, optando por criticar e perseguir os que como Shaull simplesmente os alcançou e lhes ofereceram um novo caminho.
Waldo Aranha Lenz César, com seus 84 anos e que vivenciou pessoalmente todo aquele período efervescente, pelo prisma da juventude, avaliando todos estes fatos declarou em entrevista:
Difícil relembrar atitudes que hoje, aos 84 anos, deveria reparar. Muitas, certamente. A luta interna na CEB [Confederação Evangélica do Brasil], as dificuldades dominicais com a igreja local (cultos tantas vezes teologicamente alheios à realidade social e cultural que vivíamos nos outros dias da semana), inexperiência para confrontar nossa fé com o mundo secular, tudo isso muitas vezes me levou a atitudes e pronunciamentos menos adequados. O jornal Mocidade, dos jovens presbiterianos, do qual fui diretor, era muito crítico e provocava debates com a cúpula da Igreja Presbiteriana.

Utilização livre desde que citando a fonte
Guedes, Ivan Pereira
Mestre em Ciências da Religião
me.ivanguedes@gmail.com
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Referências Bibliográficas
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CASTRO, Luís Alberto de. A Trajetória do “Velho Mestre: Uma Biografia do Rev. José Borges dos Santos Júnior – um recorte historiográfico da Igreja Presbiteriana do Brasil. Dissertação (Mestre em Divindade) – Centro Presbiteriano de Pós-Graduação Andrew Jumper, São Paulo, 2011.
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[1] Que não distingue denominação; que não é exclusivo de uma igreja.
[2] Esses movimentos focados na juventude tinham forte apoio das lideranças de jovens presbiterianos. A UCEB, por exemplo, teve a presença de Wilson Fernandes, Jorge César Mota, Richard Shaull e outros, que participaram de seus congressos e colaboraram na produção de literatura (QUADROS, 2011, p. 21).
[3] WILLIE HUMPHREYS GAMMON (Billy Gammon), nasceu ern Lavras, Minas Gerais, em l.° de julho de 1916. Filha de Samuel Rhea Gammon e Clara Gennet Moore Gammon, misionários de origem norte-americana que dedicaram suas vidas ao Brasil. Pela primeira vez na história da Igreja Presbiteriana brasileira uma jovem mulher ocupava um importante cargo na direção nacional.

terça-feira, 29 de maio de 2018

Que estou fazendo se sou cristão: Música de Protesto ou Evangelho?



            A música sempre foi um instrumento pedagógico fundamental para propagar uma mensagem. Na bíblia cristã encontraremos o Saltério composto por 150 salmos e nos quais encontramos o caminho para um relacionamento saudável e positivo com Deus. Jesus e seus discípulos cantavam estes salmos; o apóstolo Paulo exorta seus leitores efésios para que cantem hinos e salmos e cânticos espirituais deixam clara a importância da música na liturgia cristã primitiva; ao longo dos séculos os cristãos continuaram compondo suas músicas expressando sua fé e princípios bíblicos. Na Reforma Religiosa e/ou Protestante do século XVI a música se faz presente, principalmente com Lutero que além de incentivar a produção musical ele próprio compôs um dos mais belos hinos reformado - Castelo Forte - que até hoje é cantado nas igrejas reformadas.
            O protestantismo demorou quase trezentos anos para ser implantado no Brasil. Somente no final dos oitocentos começaram a chegar os primeiros missionários de profissão de fé reformada, dentre os pioneiros estão o casal Robert Reid Kalley e Sarah Poulton Kalley, ele além de pastor/missionário era médico e ela professora, missionaria, poetisa e musicista. Eles tiveram o cuidado e o privilégio de editar o primeiro hinário de música protestante no país denominado de “Salmos e Hinos”. A Primeira edição foi impressa na Tipografia Universal de Laemmert, em 1861, no Rio de Janeiro, continha apenas 50 Cânticos e foi usado pela primeira vez em 17 de novembro de 1861(seis anos depois da chegada deles ao Brasil) em um culto na Igreja Evangélica, que posteriormente agregou o nome Fluminense. Este hinário foi utilizado por praticamente todas as denominações evangélicas protestantes que aqui aportaram, dentre as quais os congregacionais, presbiterianos e metodistas[1]. Hoje com mais de cento e cinquenta anos, e com mais de 500 hinos é considerada uma das mais belas coleções de hinos já produzida para o seguimento cristão-protestante do Brasil.
            Tanto os hinos dos reformadores quanto o hinário protestante em pleno país “católico” são subversivos, pois sua mensagem confronta o status quo da maioria. No final dos anos cinquenta e inicio dos anos sessenta uma parte dos evangélicos protestantes, composta por uma ampla maioria de jovens anseiam por mudanças profundas em suas respectivas denominações. Um dos instrumentos para manifestar seus anseios e criticas às situações por eles contestadas é a música. Surge um forte movimento musicista evangélico, onde teólogos e músicos se unem em composições que incorporam a musicalidade brasileira ao canto cristão e cujas letras expõem criticas à letargia teológica e à passividade político-social do evangelicalismo nacional. Evidente que toda ação gera uma reação, ainda mais que esta vigente no país um governo militar endossado pela maioria das lideranças denominacionais brasileira. Essa nova musicalidade evangelical fica então entre a cruz e o fuzil.
            É neste contexto que surge a letra e a música do cântico “Que estou fazendo se sou cristão”, letra de João Dias de Araújo e música de Décio Emerique Lauretti. A letra contém um forte tom de desafio e apelo para que os evangélicos assumam seu papel de agente do Reino de Deus, embalada por uma melodia com sonoridade e ritmo tipicamente brasileiro, distinto dos hinos tradicionais, cujas melodias eram europeias ou americanas e que eram entoados repetidamente por mais de um século nas reuniões litúrgicas protestantes confortavelmente inseridas no tecido social-politico-econômico brasileiro, assim como Ló havia se inserido comodamente na sociedade de Sodoma e Gomorra.
Letra: João Dias de Araújo[2]
            Esse evangélico protestante nasceu em 1931 na cidade e Campinas (SP), pois seu pai cursava teologia no Seminário Presbiteriano. Posteriormente, década de quarenta, o jovem retornaria à cidade para igualmente cursar teologia visando exercer o oficio de pastor na Igreja Presbiteriana do Brasil.
            Concluído seu curso teológico e submetido aos procedimentos regimentais da IPB foi ordenado pastoreando por sete anos a IPB de Itacira, no Presbitério de Campo Formoso, no centro geográfico da Bahia, onde desenvolve um ministério pastoral e docente de qualidade. Escritor profícuo torna-se articulista de diversas publicações sendo que seu artigo sobre os Manuscritos encontrados na região do Mar Morto foi o primeiro sobre esse tema a ser publicado em português por um pastor nacional.
            Recebeu o convite do órgão maior da IPB, o Supremo Concílio, para assumir a cátedra de professor de Teologia Sistemática e Ética Cristã no Seminário Presbiteriano do Norte,[3] localizado na cidade de Recife (PE),[4] nos anos 50 e 60. Com o advento do Golpe Militar de 1964 foi classificado como um teólogo revolucionário, sendo perseguido por seus próprios pares presbiterianos e posteriormente exonerado de todas suas funções eclesiásticas na IPB. Em seu livro “Inquisição Sem Fogueira[5] ele narra toda sua trajetória dentro da instituição Presbiteriana e os acontecimentos anteriores e posteriores ao Golpe Militar no Brasil.
            Em 1967, em pleno regime militar no Brasil, João Dias de Araujo, então com 36 anos, fazendo mestrado em Princeton, EEUU, foi desafiado pelo maestro João Wilson Faustini a compor um hino que tratasse da realidade brasileira e desafiasse os evangélicos a tomarem uma atitude bíblica diante da situação caótica do país. Nasce então a letra do cântico Que estou fazendo?" conhecido mais pela primeira linha do poema "Que estou fazendo se sou cristão?, que veio a ser inserido em diversos cancioneiros denominacionais e gravado por diversos cantares evangélicos nacionais.[6]
            A letra retrata o compromisso cristão contra a injustiça e a opressão gerada pela desigualdade social. Como não poderia ser o compositor sofreu muitas críticas por causa desta composição, tanto por parte dos evangélicos como de outros segmentos sociais. Foi classificado como comunista, de esquerda, e outros substantivos e adjetivos não declaráveis.
A letra abaixo citada na integra reflete com muita propriedade e de forma crítica a triste realidade social da época, ao tratar da imensa população de pobres, ao enfocar uma salvação que leva o indivíduo a ser parte do projeto divino que combate toda forma de opressão e injustiça, trazia a lume os principais temas tão extraordinária e apaixonadamente proclamada pelos profetas do Primeiro Testamento e certamente seria cantado por Jesus e os cristãos do primeiro século, mas certamente, como foi totalmente repudiado pela igreja institucionalizada e hedonista de ontem e de hoje, que jamais permite sair de sua zona de conforto religioso-eclesiastico.
Música: Décio Emerique Lauretti
            Evangélico presbiteriano nasceu aos 28 de novembro de 1950 em Casa Branca, uma pequena cidade no interior de São Paulo, filho de Rogério Lauretti e Nilda Emerique Lauretti. Entre seus parentes havia professores, pastores e escritores. A mãe era organista da igreja presbiteriana, o pai, bancário, tocava violino e regia o coral. A mãe lhe ensinou as primeiras notas ao piano, depois estudou com um velho professor de Casa Branca.
            A família muda-se em 1962 para a capital paulista, nas proximidades da IPB da Vila Mariana, na qual um tio era regente do coral. Aos treze anos entra para o Coral Evangélico de São Paulo, ao quatorze começa a tocar os hinos nas reuniões das quartas-feiras.[7] Décio aos quinze anos tem suas primeiras aulas de órgão como o maestro evangélico Samuel Kerr e também foi aluno de Ângelo Camin então organista do Teatro Municipal de São Paulo.
            Seu ‘primeiro e principal amor’ foi a música barroca, particularmente J.S. Bach. Mas aos dezoitos anos é tomado pelo desejo de fazer música sacra com estilo e sonoridade brasileira. Naqueles dias as musicas evangélicas eram todas traduzidas do inglês.
            Inicia suas experiências musicais com os poemas de Gióia Jr. utilizando os ritmos de samba, baião, cantigas bem brasileiras. Uma das maiores incentivadoras desta iniciativa de se produzir musica evangélica à brasileira foi a missionária presbiteriana Norah Buyers de indiscutível capacidade musical. De iniciativa dela foi publicada a coletânea “Nova Canção”, pela Imprensa Metodista, com 13 composições de Décio Lauretti.
            Em 1971 produziu uma Cantata de Natal, com acompanhamento de órgão e percussão, onde pela primeira vez se viu atabaque, triangulo, agogô acompanhando musicas evangélicas nos templos. Na Páscoa de 1973 compõe uma Cantata cujas letras tecem fortes criticas social no auge do Regime Militar.
            Mas será somente em 1974 que ele vai tomar contato com a letra produzida por João Dias. Imediatamente se identifica com a composição e opta por uma sequencia barroca harmônica utilizando um ritmo brasileiro, o baião. Ele mesmo narra como aconteceu o contato e musicalidade do hino:
 ... os textos de Rubem Alves (ainda hoje um amigo querido), os textos de John Robinson, Tillich, Bonhoefer e tantos outros sedimentaram em mim uma visão menos conservadora do que a então vigente na Igreja Presbiteriana do Brasil, tornando incômoda minha permanência na instituição.
Passamos a freqüentar igrejas mais pobres, ligadas ao Presbitério São Paulo, dissidente da IPB. Levávamos ‘nossa música’ para outros lugares para outras denominações. Atuávamos na ABU (Aliança Bíblica Universitária), onde fiz amizade com anglicanos, católicos, etc.
A música “Que estou fazendo” é produto da época da ditadura militar. Tomei conhecimento do poema do Rev. João Dias de Araújo e fiquei muito impressionado pela firmeza das suas palavras. Pregava um cristianismo engajado na luta contra as injustiças, distante da religião enclausurada nos templos, que busca a ‘salvação da alma’ e ignora o corpo, especialmente os corpos dos desfavorecidos. Decidi musicá-lo, optando por uma sequência harmônica barroca num ritmo brasileiro, o baião.
            Por sugestão de seu primeiro Secretário Geral o Rev. Jaime Wright, quando da fundação oficial da Igreja Presbiteriana Unida (IPU), uma ruptura da Igreja Presbiteriana do Brasil, a letra do Rev. João Dias com a melodia de Décio Lauretti  tornou-se o hino oficial da instituição, de maneira que a canção assumiu uma proporção nacional. Quando foi fundada a Igreja Presbiteriana Unida (IPU), seu primeiro Secretário Geral foi o Rev. Jaime Wright. Por sugestão dele, o poema do Rev. João Dias de Araújo com a melodia de Décio Emerique Lauretti tornou-se o hino oficial da instituição, o que foi determinante para a sua ampla difusão no país.[8]
Atualmente esta canção aparece em hinários de várias Igrejas evangélicas. Sua letra e música continuam vivas e atuantes e certamente seria de grande valia se os evangélicos brasileiros pudessem canta-la e vivencia-la. Certamente é disso que o Brasil necessita urgentemente, de um evangelicalismo sintonizado com a realidade do país e dispostos a encarnar o Evangelho vivo e vivificante de Jesus Cristo.
Que estou fazendo?
1. Que estou fazendo se sou cristão?
Se Cristo deu-me o seu perdão?
Há muitos pobres sem lar, sem pão,
há muitas vidas sem salvação.
Meu Cristo veio p'ra nos remir:
o homem todo, sem dividir,
não só a alma do mal salvar,
também o corpo ressuscitar.
2. Há muita fome no meu país,
há tanta gente que é infeliz,
há criancinhas que vão morrer,
há tantos velhos a padecer.
Milhões não sabem como escrever,
milhões de olhos não sabem ler.
Nas trevas vivem sem perceber
que são escravos de outro ser.
3. Aos poderosos eu vou pregar,
aos homens ricos vou proclamar
que a injustiça é contra Deus
e a vil miséria insulta os céus.
Meu Cristo veio p'ra nos remir:
o homem todo, sem dividir,
não só a alma do mal salvar,
também o corpo ressuscitar.
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Utilização livre desde que citando a fonte
Guedes, Ivan Pereira
Mestre em Ciências da Religião.
Universidade Presbiteriana Mackenzie
me.ivanguedes@gmail.com
Outro Blog
Reflexão Bíblica
http://reflexaoipg.blogspot.com.br/


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Referências Bibliográficas
Nos artigos relacionados acima o leitor encontrara ampla bibliografia sobre o período e temas mencionados no transcorrer do artigo.



[1] Posteriormente cada denominação foi, a partir do “Salmos e Hinos”, elaborando seus próprios cancioneiros dentro de suas respectivas vertentes teológicas.
[2] O Rev. João Dias de Araújo foi teólogo, advogado e hinógrafo, um dos fundadores da Igreja Presbiteriana Unida do Brasil, uma dissensão da Igreja Presbiteriana do Brasil na década de 1980. Foi fiel colaborador de todos os organismos ecumênicos mundiais (CLAI e CMI). Exerceu boa parte do seu tempo pastoral junto a Igreja Presbiteriana em Feira de Santana, Bahia. Fez pós-graduação no Seminário Teológico de Princeton, nos EE.UU. da América, e bacharelou-se em Direito, em Recife. Assumiu como diretor do Colégio 2 de Julho, em Salvador, BA, talvez o educandário evangélico mais conhecido no nordeste do País. Muito conhecido como conferencista e professor de Bíblia, em 1982 foi responsável por um novo projeto de educação teológica para leigos no Estado da Bahia. Publicou vários livros. Faleceu no dia 9 de fevereiro de 2014.
[3] Naquele momento a IPB tem apenas dois Seminários o de Recife (Norte) e o de Campinas (Sul). Um terceiro será instalado nas comemorações do primeiro Centenário do Presbiterianismo no Brasil, mas ironicamente o Seminário do Centenário não durará nem ao menos uma década, pois será fechado pela direção da IPB.
[4] Não por acaso a quarta e infelizmente a última das Consultas promovidas pelo Setor de Responsabilidade Social da Confederação Evangélica do Brasil (CEB), nominada de Conferência do Nordeste, foi realizada na cidade de Recife, que naquele momento era um triste modelo de toda sorte de miséria e abandono das políticas públicas, que se multiplicava em toda geografia brasileira. Foi realizada em 1962, portanto imediatamente após a industrialização promovida por JK e às portas do golpe militar que ocorreria em 1964, e esta Conferência trazia um tema explosivo naquele momento histórico, “Cristo e o Processo Revolucionário Brasileiro”.  
[5] Link para o livro em pdf - file:///C:/Users/Windows/Downloads/Inquisicao_sem_fogueiras.pdf
[6] Abaixo da letra completa do hino está o link para uma das suas diversas gravações.
[7] Ele recorda: “Toquei numa igreja pela primeira vez no jubileu de 50 anos de pastorado de meu avô materno Theodomiro Emerique. Eu tinha seis anos de idade, minha mãe sentou-me ao seu colo no harmônio da igreja e, com ela pedalando os foles, toquei um hino dos ‘Salmos e Hinos’ que ela havia me ensinado.”
[8] Há poucos anos, a música foi incluída na Campanha da Fraternidade da Igreja Católica Romana, sendo distribuída nas igrejas em texto e gravada em CD.