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sexta-feira, 11 de maio de 2018

A salvação do Brasil: as missões protestantes e o debate político-religioso do século XIX



Façamos a campanha contra a ignorância, 
não há outro meio de salvar esta América. 
Manoel Bomfim 

RESUMO
O objetivo deste trabalho é, por um lado, discutir as ideias religiosas, em suas relações com a política, no Brasil do século XIX e, por outro lado, analisar o pensamento do protestantismo missionário, que chegou aqui nesse mesmo período e dialogou com a sociedade brasileira. A tese ficou dividida em duas partes. A primeira trata, especificamente: da influência do liberalismo na orientação dos debates sobre a política religiosa do Império; das discussões sobre a liberdade religiosa no Brasil, desde a época da independência até o advento das correntes de ideias que propuseram a secularização total do Estado; do teor do catolicismo popular e da mentalidade religiosa do povo brasileiro sob o ponto de vista de viajantes estrangeiros e na perspectiva dos letrados que compunham a elite política imperial; da formação e das ideias religiosas das classes instruídas que tinham como tarefa gerir a máquina do Estado; das propostas acerca da educação religiosa popular; da existência de uma teologia política que justificasse a união entre o Estado imperial e o catolicismo, fundamentando o poder do Imperador na vontade divina; da imigração protestante ao Brasil e da esperança de suas repercussões no progresso da sociedade brasileira, contra o nacionalismo católico que acusava a diversificação religiosa como ameaça de quebra da unidade nacional. A segunda parte trata, propriamente, das missões protestantes norte-americanas no Brasil do século XIX. Aborda as raízes da expansão missionária protestante na cultura religiosa puritana; examina também: os sucessos dos primeiros missionários evangélicos no Brasil, sua carreira, as igrejas e escolas que fundaram, os resultados de seus trabalhos ao longo de todo o século; o sentido do sistema religioso denominacional, seu casamento com o liberalismo, sua defesa da liberdade religiosa e sua contrariedade em relação ao monopolismo universalista católico; o pensamento missionário protestante, dentro dos quadros gerais da teologia cristã do século XIX; o diálogo dos missionários: com os liberais brasileiros, acerca da conciliação do cristianismo com o liberalismo; com o povo brasileiro, ao qual propuseram o abandono da ritualística imagética católica em favor do aprendizado racional dos ensinamentos morais da Escritura Sagrada; com os padres ultramontanos, com quem disputaram sobre as questões controversas que dividem católicos e protestantes. Verificamos ainda nas fontes: como os pregadores protestantes acreditavam que a reforma religiosa que eles propunham contribuiria para a regeneração nacional brasileira; como entendiam que o protestantismo tinha sido a base fundamental da formação cívica, igualitária e liberal da cultura política norte-americana e como anunciavam a salvação dos indivíduos que se convertessem às exigências morais e espirituais das Escrituras como o meio pelo qual a Providência operaria a salvação do Brasil, colocando-o no caminho do progresso trilhado pelos Estados Unidos.

Palavras-chave: Protestantismo. Brasil do século XIX. Debate político-religioso.

SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO (p. 12)
INTRODUÇÃO: Como nossos irmãos do Norte: O fator “religião” no paralelo Brasil – Estados Unidos. (p. 15)
PARTE I – AS DUAS CHAVES DO PODER DIVINO: Religião e liberdade no debate político brasileiro. (p. 45)
1.1 – O (não) lugar das idéias: O liberalismo no Império do Brasil. (p. 52) 1.2 - A primeira das liberdades: O debate sobre a liberdade religiosa no Império. (p. 62)
1.3 - A religião dos nossos pais: Catolicismo popular e ilustração. (p. 90) 1.3.1 - Creio para depois compreender: A fé religiosa dos letrados. (p. 111)
1.3.2 - A verdade vos libertará: A catequização e a civilização do povo brasileiro. (p. 120)
1.4 - O poder divino do rei: A teologia política do Estado Imperial. (p. 129)
1.4.1 – O reinado temporal de Jesus Cristo: O pensamento político ultramontano. (p. 149)
1.4.2 – A Igreja livre no Estado livre: A apologia da separação. (p. 158) 1.5 – Heterodoxos no seio da nação: Diversidade religiosa, identidade nacional e o avanço da civilização brasileira. (p. 172)
PARTE II: FELIZ É A NAÇÃO CUJO DEUS É O SENHOR: A Mensagem do Protestantismo Missionário para o Brasil. (p. 213)
2.1 – O sopro de Deus: O grande avivamento e a era missionária americana. (p. 215)
2.2 – Pescadores de homens: Os pioneiros do evangelismo protestante. (p. 236)
2.3 – A nova torre de Babel: As denominações evangélicas no Brasil. (p. 272) 11
2.4 – A âncora da alma: O espírito do protestantismo missionário. (p. 286)
2.4.1 – O capacete da salvação: A vida eterna começa agora. (p. 296) 2.4.2 – A couraça da justiça: Convite ao ascetismo laico. (p. 311)
2.4.3 – A espada do Espírito: Controvérsias católico-protestantes. (p. 325)
2.4.4 – O escudo da fé: O cristianismo no tempo das luzes. (p. 341)
2.5 – A salvação do Brasil: O modo pelo qual o nosso país pode se tornar como os EUA. (p. 352)
2.5.1 - O caminho para o mundo além: A reforma do espírito brasileiro. (p. 359)
2.5.2 – O Evangelho do progresso: A conversão dos indivíduos e a solução das questões sociais. (p. 375)
2.6 – A libertação das consciências: Os evangélicos e a teologia política republicana. (p. 396)
CONCLUSÃO (p. 418)
FONTES (p. 424)
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS (p. 427)

Pereira, Rodrigo da Nóbrega Moura. A salvação do Brasil: as missões protestantes e o debate político-religioso do século XIX – 2008. 436 f.
Orientadora: Maria Emília da Costa Prado.
Tese (doutorado) – Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Instituto de Filosofia e Ciências Humanas.

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