Façamos a campanha contra a ignorância,
não há outro meio de salvar esta América.
Manoel Bomfim
RESUMO
O
objetivo deste trabalho é, por um lado, discutir as ideias religiosas, em suas
relações com a política, no Brasil do século XIX e, por outro lado, analisar o
pensamento do protestantismo missionário, que chegou aqui nesse mesmo período e
dialogou com a sociedade brasileira. A tese ficou dividida em duas partes. A
primeira trata, especificamente: da influência do liberalismo na orientação dos
debates sobre a política religiosa do Império; das discussões sobre a liberdade
religiosa no Brasil, desde a época da independência até o advento das correntes
de ideias que propuseram a secularização total do Estado; do teor do
catolicismo popular e da mentalidade religiosa do povo brasileiro sob o ponto
de vista de viajantes estrangeiros e na perspectiva dos letrados que compunham
a elite política imperial; da formação e das ideias religiosas das classes
instruídas que tinham como tarefa gerir a máquina do Estado; das propostas
acerca da educação religiosa popular; da existência de uma teologia política
que justificasse a união entre o Estado imperial e o catolicismo, fundamentando
o poder do Imperador na vontade divina; da imigração protestante ao Brasil e da
esperança de suas repercussões no progresso da sociedade brasileira, contra o
nacionalismo católico que acusava a diversificação religiosa como ameaça de
quebra da unidade nacional. A segunda parte trata, propriamente, das missões
protestantes norte-americanas no Brasil do século XIX. Aborda as raízes da
expansão missionária protestante na cultura religiosa puritana; examina também:
os sucessos dos primeiros missionários evangélicos no Brasil, sua carreira, as
igrejas e escolas que fundaram, os resultados de seus trabalhos ao longo de
todo o século; o sentido do sistema religioso denominacional, seu casamento com
o liberalismo, sua defesa da liberdade religiosa e sua contrariedade em relação
ao monopolismo universalista católico; o pensamento missionário protestante,
dentro dos quadros gerais da teologia cristã do século XIX; o diálogo dos
missionários: com os liberais brasileiros, acerca da conciliação do
cristianismo com o liberalismo; com o povo brasileiro, ao qual propuseram o
abandono da ritualística imagética católica em favor do aprendizado racional
dos ensinamentos morais da Escritura Sagrada; com os padres ultramontanos, com
quem disputaram sobre as questões controversas que dividem católicos e
protestantes. Verificamos ainda nas fontes: como os pregadores protestantes
acreditavam que a reforma religiosa que eles propunham contribuiria para a
regeneração nacional brasileira; como entendiam que o protestantismo tinha sido
a base fundamental da formação cívica, igualitária e liberal da cultura
política norte-americana e como anunciavam a salvação dos indivíduos que se
convertessem às exigências morais e espirituais das Escrituras como o meio pelo
qual a Providência operaria a salvação do Brasil, colocando-o no caminho do
progresso trilhado pelos Estados Unidos.
Palavras-chave: Protestantismo. Brasil do século XIX. Debate
político-religioso.
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO
(p. 12)
INTRODUÇÃO:
Como nossos irmãos do Norte: O fator “religião” no paralelo Brasil – Estados
Unidos. (p. 15)
PARTE
I – AS DUAS CHAVES DO PODER DIVINO: Religião e liberdade no debate político
brasileiro. (p. 45)
1.1 – O (não) lugar das idéias: O liberalismo no Império
do Brasil. (p. 52) 1.2 - A primeira das liberdades: O debate sobre a liberdade
religiosa no Império. (p. 62)
1.3 - A religião dos nossos pais: Catolicismo popular e
ilustração. (p. 90) 1.3.1 - Creio para depois compreender: A fé religiosa dos
letrados. (p. 111)
1.3.2 - A verdade vos libertará: A catequização e a
civilização do povo brasileiro. (p. 120)
1.4 - O poder divino do rei: A teologia política do
Estado Imperial. (p. 129)
1.4.1 – O reinado temporal de Jesus Cristo: O pensamento
político ultramontano. (p. 149)
1.4.2 – A Igreja livre no Estado livre: A apologia da
separação. (p. 158) 1.5 – Heterodoxos no seio da nação: Diversidade religiosa,
identidade nacional e o avanço da civilização brasileira. (p. 172)
PARTE
II: FELIZ É A NAÇÃO CUJO DEUS É O SENHOR: A Mensagem do Protestantismo
Missionário para o Brasil. (p. 213)
2.1 – O sopro de Deus: O grande avivamento e a era
missionária americana. (p. 215)
2.2 – Pescadores de homens: Os pioneiros do evangelismo
protestante. (p. 236)
2.3 – A nova torre de Babel: As denominações evangélicas
no Brasil. (p. 272) 11
2.4 – A âncora da alma: O espírito do protestantismo
missionário. (p. 286)
2.4.1 – O capacete da salvação: A vida eterna começa
agora. (p. 296) 2.4.2 – A couraça da justiça: Convite ao ascetismo laico. (p.
311)
2.4.3 – A espada do Espírito: Controvérsias
católico-protestantes. (p. 325)
2.4.4 – O escudo da fé: O cristianismo no tempo das
luzes. (p. 341)
2.5 – A salvação do Brasil: O modo pelo qual o nosso país
pode se tornar como os EUA. (p. 352)
2.5.1 - O caminho para o mundo além: A reforma do
espírito brasileiro. (p. 359)
2.5.2 – O Evangelho do progresso: A conversão dos
indivíduos e a solução das questões sociais. (p. 375)
2.6 – A libertação das consciências: Os evangélicos e a
teologia política republicana. (p. 396)
CONCLUSÃO
(p. 418)
FONTES
(p. 424)
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS (p. 427)
Pereira,
Rodrigo da Nóbrega Moura. A salvação do
Brasil: as missões protestantes e o debate político-religioso do século XIX
– 2008. 436 f.
Orientadora: Maria Emília da Costa Prado.
Tese
(doutorado) – Universidade do Estado
do Rio de Janeiro, Instituto de Filosofia e Ciências Humanas.
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