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sábado, 1 de janeiro de 2022

Calvino e Seus Comentários Bíblicos em Ordem Cronológica: Romanos

 

                        O reformador genebrino João Calvino é reconhecido com toda justiça como um dos mais proeminentes comentaristas bíblicos em todos os tempos. Seus trabalhos exegéticos bíblicos continuam sendo utilizados ainda hoje, apesar de já se ter passado mais de quinhentos anos desde quando ele os produziu. O conteúdo de seus trabalhos acadêmicos continua sendo utilizados como modelo prático e correto da hermenêutica e exegese bíblica, para orientar e guiar os novos estudantes.

            Minha proposta nesta série de artigos será resgatar e apresentar um pouco do contexto da produção de seus comentários bíblicos, na ordem cronológica que os elaborou, conforme meu artigo anterior - Calvino: Comentários Bíblicos em Ordem Cronológica - indicado abaixo em Artigos Relacionados.

            O convite está feito e espero ter sua companhia neste e nos próximos artigos.

Epístola de Paulo aos Romanos

A primeira questão que precisamos responder é: existe alguma razão peculiar para que seu primeiro comentário seja esta epístola paulina? Calvino era avesso a se fazer qualquer coisa sem objetividade e propósito. Para ele, assim como para Lutero e tantos outros antes e depois dele, está madura exposição do pensamento teológico de Paulo, visto que foi escrita na fase final de sua vida cristã, de maneira que nela se reflete a maturidade dos anos e do aprendizado maturado do velho apostolo, se constitui desta forma na principal porta de entrada para uma ampla exposição das Escrituras que era o objetivo maior de Calvino.

Ao fazer a escolha de produzir seu comentário desta epístola ele tem plena consciência que está diante de um texto que lhe apresenta as doutrinas fundamentais do ensino cristão genuíno que está sendo resgatado pelos reformadores. A exposição desta correspondência paulina fere de morte as tendências do Pelagianismo[1] que não apenas permeava, mas estava inserido (e continua) no tecido teológico do catolicismo romano. Portanto, esse seu primeiro comentário tem objetivo de trazer à luz diversos erros teológicos vigentes em sua época e oferecer uma teologia bíblica correta e saudável para seus leitores e ouvintes (alunos e auditórios de suas aulas e pregações), visto que uma característica peculiar de todos os comentários bíblicos de Calvino era de que primariamente era pregado no púlpito de Genebra e ensinado, discutido na sala de aula da Academia genebrina e somente, após uma última revisão feita por ele, era enviado aos editores para serem publicados, em latim para os acadêmicos e em francês para o publico em geral, uma prática que Calvino manterá em todas as demais edições dos comentários posteriores.

Antes do comentário de Calvino poucos haviam empreendido um trabalho tão amplo e profundo desta epístola. Dos chamados Pais da Igreja não temos nenhum comentário em separado, mas tão somente obras em conjunto das epístolas paulinas, tais como a de Origines (sec. III), Jerônimo, João Crisóstomo e Agostinho (sec. IV), sendo este último abordando apenas capítulos específicos. Mas após o movimento da Reforma no século XVI encontraremos uma produção crescente de comentários sobre Romanos, iniciando por Lutero, Ulrico Zwínglio, em formato de notas e Filipe Melâncton amigo e sucessor de reformador alemão.

Dos contemporâneos de Calvino temos os comentários produzidos por Heinrich Bullinger (1504-1575), reformador de Zurique e o de Martin Bucer de Estrasburgo 1536, onde estava João Calvino após seu exílio de Genebra. O comentário de Calvino será produzido três anos depois (1539) ainda dentro dos cinco anos que permanecer em Estrasburgo e no qual faz uma deferência ao comentário anterior do velho amigo e conselheiro, onde explica a razão que o levou a produzir seu próprio comentário da epístola aos Romanos. Os comentários desta epístola continuaram a serem produzidos ao longo desses quinhentos anos e já ultrapassam números expressivos.

Uma característica peculiar dos comentários produzidos por Calvino, a partir de Romanos, é de que ele evita as discussões longas e cansativas dos aspectos doutrinários derivados dos textos bíblico, as quais ele remete o leitor à leitura das Institutas, onde detalhadamente expõe os temas teológicos, de maneira que a partir de Romanos os comentários funcionaram como guia para o desenvolvimento da síntese teológica nas Institutas. Para muitos historiadores Calvino faz do comentário de Romanos sua espinha dorsal para o desenvolvimento das Institutas, percebido na organização dos tópicos principais, bem como na abundância e distribuição das citações que ele faz desta carta em relação aos demais livros neotestamentário. 

Desta forma, Calvino inova a maneira de se produzir comentários bíblico. Nos comentários ele se restringe aos aspectos hermenêuticos e exegéticos, explorando todas as possibilidades da tradução e compreensão dos textos e sua aplicabilidade vivencial (área da homilética). Para ele a razão pela qual se deveria produzir qualquer comentário bíblico era o de expor com fidelidade a mensagem contida no texto e sua correspondente aplicação na vida cotidiana dos ouvintes e/ou leitores. As vaidades acadêmicas não deveriam contaminar o trabalho da boa exegese e pregação. Infelizmente o que temos hoje no meio editorial evangélico é uma feira das vaidades, onde se produzem obras de cunhos autorais e mediáticas ou academicista sem inteiração com a realidade cotidiana, que nem mesmo os acadêmicos têm coragem de ler e que ficam amontoadas em bibliotecas nas Universidades. Esse caminho não deu certo no passado e continua não dando certo nos dias atuais.

O sucesso editorial dos comentários produzidos por Calvino é que ele conseguiu conciliar um apurado conteúdo acadêmico em uma linguagem acessível e de fácil assimilação por parte tanto das pessoas que desejavam um aprofundamento textual interpretativo quanto por aqueles que desejavam serem edificados com profundidade através da compreensão devocional das Escrituras. Ainda hoje quando lemos seus comentários bíblicos podemos com facilidade identificarmos esses dois objetivos.

Primeira Edição

            Calvino deu palestras (aulas) sobre Romanos em Genebra entre o outono de 1536 e seu exílio da cidade após a Páscoa de 1538. Imediatamente foi convidado para se estabelecer em Estrasburgo, que naquele momento se constituía no centro intelectual da Reforma. Passou a lecionar na escola de Jean Sturm, recém-inaugurado colégio humanista e aqui em período raro de quietude e sossego Calvino vai concluir a primeira edição de seus Comentários sobre a preciosa Epístola paulina aos Romanos. A dedicatória, que mencionaremos abaixo, foi feita em outubro de 1539, mas a publicação ocorre apenas em inicio de 1540. Uma segunda edição ocorre uma década depois em 1551 dentro do conjunto da primeira edição de todas as epístolas, mas em 1556 ele relança seu comentário de Romanos em uma edição expandida, não sem razão, pois em 1559 será editada a sua última e definitiva versão, igualmente ampliada, das Institutas.

Essa edição primária é provavelmente o material revisado das palestras/aulas que ele havia ministrado em seu primeiro período em Genebra de 1536 a 1538 e que se constituirá no padrão por ele utilizado para as demais obras a serem editadas. No prefácio desta primeira edição Calvino explica a razão de iniciar pela Carta aos Romanos, pois para ele, entendida corretamente, tornava-se um portal que torna acessível todos os tesouros escondidos das Escrituras.

Evidentemente que os comentários de Calvino são limitados e falíveis, mas a sua lucides e poder de concisão tornam seus trabalhos diferenciados. Assim como um mineiro que descobre um veio de ouro e o segue até o fim, assim Calvino ao encontrar um ensino proposto pelo apóstolo Paulo, ele segue o veio até que toda a exposição possa ser claramente compreendida. Muitas vezes em apenas uma frase ele consegue esclarecer toda uma linha de raciocínio do grande apostolo dos gentios. E ainda que arraigado em seu intelecto avesso ao abstrato, ocasionalmente é possível encontrarmos algumas pedras preciosas de sua imaginação e um compartilhar de sua própria experiência pessoal.

No processo do comentário, quando Calvino se depara com as questões hermenêuticas exegéticas mais polêmicas, ele opta sempre pela solução mais simples, o que não significa em hipótese alguma em abrir mão de uma interpretação coerente e verdadeira, mesmo que isso implicasse em contrariar opiniões anteriores (Pais da Igreja), ou contemporâneas (ortodoxia católica) e mesmo de colegas reformadores. Porém, suas discordâncias eram sempre apresentadas com bom senso e discernimento, nunca com arrogância e menosprezo pelo senso interpretativo dos demais.

Distintamente de outros comentaristas do passado e do presente que esmiúçam as Escrituras na ânsia de encontrarem discrepâncias textuais ou aqueles motivados por um sentimento ambicioso por novas descobertas, que mais prejuízo do que lucro tem produzido na edificação da igreja, o desejo de Calvino é encontrar a verdade e explica-la de modo a facilitar o aprendizado deste ensino ao maior numero possível de pessoas.

Dedicatória

            Calvino faz uma dedicatória desta primeira edição a Simon Grynaeus (1493), em reconhecimento a um de seus primeiros mentores e que tanto contribui para sua formação não apenas acadêmica, mas também como modelo de um cristianismo vivencial e moralmente elevado. Grynaeus foi pró-ativo no processo da Reforma atuando em Wurttenburg (1534) e em Tubingen. Foi coeditor da Primeira Confissão Helvética, mas seu maior legado foi como professor da nova geração de pastores reformados. O jovem Calvino o conheceu em 1534 quando o procurou para aperfeiçoar seu conhecimento da língua hebraica e ficou impactado com o conhecimento e a vida piedosa deste homem.  

            Nas suas palavras ao mentor e amigo podemos ter um pequeno lampejo das preocupações que antecederam o seu trabalho de comentarista bíblico. No caso especifico de Romanos sua grande preocupação é a de encontrar e apreender a mensagem central deste documento maturado do velho apóstolo dos gentios.

            Em suas palavras ao amigo lembra-se das conversas em que discutiam as qualificações que deveria ter um interprete da literatura bíblica ou qualquer outra obra a ser analisada. O grande perigo era de se afastar dos temas centrais do autor e, por conseguinte, conduzir seus leitores para temas periféricos. O comentarista não tem autoridade de impor seus próprios conceitos ao texto analisado, mas de humildemente expor os ensinos estabelecidos pelo autor e para isso é necessário brevidade e lucidez e aqui está a motivação pela qual ele empreende seu trabalho.

            Em momento algum ele menospreza os trabalhos realizados por seus antecessores e contemporâneos, conforme citados acima, mas entende que pode contribuir de alguma forma para “o bem comum da Igreja”. O potencial desta epístola é grande demais e deve ser explorado não apenas por ele, mas por todos quantos se sentirem chamados para fazê-lo. Nem sempre Calvino endossara as opiniões de outros, mas com toda liberdade ele vai apresentar o que convictamente entende ser a melhor exposição daquele texto ou daquela doutrina.

Tema de Romanos

            Norteado por suas duas diretrizes básicas brevidade e lucidez ele se empenha em encontrar a temática central deste escrito paulino aos romanos, pois ele tem consciência de que este documento inspirado é a chave (patefactum habet) para uma compreensão de toda a literatura bíblica.

            O ponto convergente da epístola é que todo aquele que foi, é e será salvo, é tão somente pela fé na justificação por meio do sacrifício de Cristo. Todo o Antigo Testamento, e Paulo insere mais de sessenta citações e tantas outras alusões às literaturas veterotestamentária, bem como a pregação apostólica navegam por este rio da “justificação pela fé”, cuja nascente está na eternidade (antes da fundação do mundo).

            Para Calvino compreender corretamente a epístola aos Romanos é, portanto, apreender e proclamar a genuína mensagem do Evangelho. E esta mensagem evangélica esta centrada na tese da justificação única e exclusivamente pela fé exposta com clareza e objetividade pelo apostolo Paulo desde os primeiros dias da Igreja Cristã. Portanto, qualquer mudança de direção é completamente condenável e deve ser evitada e rejeitada com veemência.  

Síntese da Epistola

            Calvino inicia sua exposição com uma síntese de toda a epístola, o que permite uma visão panorâmica dos principais temas a ser desenvolvido no transcorrer do documento paulino e para aqueles que têm paciência pode se encontrar uma correlação com a organização que ele empreende no desenvolvimento de suas Institutas. Um roteiro desse pedregoso caminho pode ser visto no excelente trabalho realizado por Gary Neal Hansen (cf. EHRENSPERGER, 2008 – capto 5) que vale a pena ser lido. Somente a titulo de exemplo, conforme a tabela por ele elaborada o capítulo oito de Romanos é utilizada 116 vezes sendo distribuídas: Livro 1 (3x); Livro 2 (28x); Livro 3 (78x) e o Livro 4 (7x). A epístola aos Romanos permeia todo o terceiro livro das Institutas, cujo tema central é a justificação pela fé.

            Em seu esboço, que é denominado de argumento, Calvino entende que nos cinco primeiros capítulos Paulo trata da principal tese da epístola que é a justificação pela fé: “O assunto, então, desses capítulos pode ser declarado assim, — que a única justiça do homem é através da misericórdia de Deus em  Cristo, que está sendo oferecido pelo Evangelho é apreendido pela fé”. Então o apostolo prossegue no sexto capítulo tratando sobre a santificação somente possível por estarmos em Cristo. No sétimo capítulo Paulo vai tratar da questão do cristão diante da Lei, estabelecida na antiga aliança, que deve ser observada uma vez que em Cristo somos habilitados para vivencia-la, ainda que imperfeitamente, uma vez que a nova e a velha natureza (tipificada no espírito e carne), disputam o controle da vida cristã. No oitavado capítulo o apostolo anima seus leitores romanos, pois o Espírito Santo que efetua a regeneração é o mesmo que santifica e sustenta o cristão até o final, de maneira que é possível viver na certeza da salvação, pois tanto Satanás quanto a natureza pecaminosa estão submetidos ao poder do Espírito Santo. No nono e décimo capítulo Paulo vai tratar da questão dos judeus e gentios e a posição de cada um deles diante de Cristo. Pelo fato de ser judeu não garante a salvação, pois Deus mesmo escolheu Jacó e rejeitou Esaú, de maneira que a salvação repousa tão somente na misericórdia de Deus e não em qualquer qualificação étnica hereditária. E a rejeição dos judeus e a inclusão dos gentios é o cumprimento das mensagens dos Profetas, aos quais Paulo exemplifica com Moisés e Isaías, o primeiro declarando a inclusão dos gentios e o segundo profetizando o endurecimento dos judeus. Então o apóstolo deixa claro aos crentes gentios que não há méritos neles por crerem, em relação aos judeus que rejeitaram a mensagem evangélica, pois eles foram enxertados na figueira pela fé que somente é possível mediante a graça de Deus. Nos três capítulos subsequentes Paulo faz uma série de admoestações: no capítulo doze preceitos gerais sobre a vida cristã; no capítulo treze trata das autoridades civis como sendo estabelecidas por Deus, de maneira que o cristão deve respeitá-las e que na opinião de Calvino deve ser feito por amor e não por temor. O apostolo passa a tratar então sobre os ritos mosaicos e como o cristão deve considera-los, não com menosprezo, mas com moderação e respeito e que a liberdade cristã se guia por dois parâmetros – o amor e a edificação. No décimo quinto capítulo Paulo retorna ao argumento geral – de que os fortes dever usar sua força para suportar e confirmar os fracos e jamais para oprimir ou humilhar. Para Paulo toda e quaisquer discussão entre judeus e gentios devem desaparecer, visto que a salvação de ambos repousa na misericórdia de Deus e não em méritos próprios, de maneira eles devem abandonar qualquer pensamento elevado de si mesmos e viverem em comunhão, usufruindo a esperança da mesma fé e herança. Ele mesmo humildemente deseja compartilhar com eles o que tem aprendido e aprender com eles e que somente não fez isso antes porque fora impedido por acontecimentos alheios ao seu desejo. No último capítulo Paulo aproveita para saudar diversos irmãos, comum a ele e aos destinatários da carta, algumas últimas recomendações e uma notável oração final.

            Calvino empreende então seu comentário sempre utilizado sua própria tradução do texto grego e do latim, apresentando as perícopes (parágrafos) e explorando todo o potencial hermenêutico-exegético que os textos possibilitam, bem como suas aplicações vivenciais (homilética).

            Nas referências bibliográficas indico duas versões do comentário de Romanos por Calvino, uma em inglês feita por John Owen (1849) e a outra em português realizado por Valter Graciano Martins (1997), um dos pioneiros em versar os comentários de Calvino para a língua portuguesa, inicialmente através da editora Paracletos e atualmente este trabalho tem sido empreendido pela editora Fiel. Nós demoramos “apenas” 450 anos para oferecermos aos leitores brasileiros uma versão em português deste comentário de Calvino da epístola aos Romanos.

 

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Guedes, Ivan Pereira
Mestre em Ciências da Religião.
me.ivanguedes@gmail.com
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Referências Bibliográficas Comentadas

CALVINO, João. Comentário aos Romanos. Tradução Valter Graciano Martins. São Paulo: Paracletos (1997) e São José dos Campos: Fiel (2014). Nas páginas 19-25 temos a dedicação ao amigo e mentor Simon Grynaeus onde entre outros assuntos Calvino compartilha seu método hermenêutico-exegético na elaboração de seus comentários, resultante das longas conversas que ambos tiveram em tempos passados, bem como tece pequenos comentários críticos sobre obras contemporâneas anteriormente produzidas sobre a epístola aos Romanos e a motivação para que empreendesse a elaboração deste comentário. Em ambas as edições há um precioso prefácio para a edição em português escrito pelo Dr. Hermisten Maia Pereira da Costa (pastor presbiteriano, teólogo calvinista e escritor) que apresenta interessantes aspectos da forma com que Calvino elaborou seu comentário.

CAMPBELL, William S., HAWKINS, Peter S. and SCHILGEN, Brenda. (Ed.)  Medieval readings of Romans. New York: T&T Clark International, 2007.  [Romans through history & culture ; 6]. Um precioso resgate dos comentários da epístola aos Romanos antes do período da Reforma. Começa no século XII com Abelardo; século XIII com Tomás de Aquino e um artigo interessante sobre Dante e a epístola aos Romanos; e no quarto capítulo intitulado às Véspera da Reforma, Nicolau de Lyra e diversos comentários na parte final da Idade Media. Todos os artigos principais são replicados por outros autores, ampliando em muito as discussões em torno desta preciosa epístola.

EHRENSPERGER, Kathy and HOLDER, R. Ward (Editores). Reformation readings of Romans. New York: T&T Clark International, 2008. [Romans Through and Cultures Series; 8]. O capítulo cinco escrito por Gary Neal Hansen [Door and Passageway: Calvin’s Use of Romans as Hermeneutical and Theological Guide] é de grande valia para uma compreensão mais ampla de como Calvino produzia seus comentários bíblicos e de como ele os amalgamava com sua obra teológica das Institutas. Desde seu inicio o projeto do reformador genebrino era que os comentários e as Institutas fossem as duas faces da mesma moeda, de maneira que um completasse o outro.

McKIM, Donald K. (Ed.). Calvin and the Bible. Cambridge: Cambridge University Press, 2006. O capítulo nove escrito por R. Ward Holder chapter 9

[Calvin as commentator on the Pauline epistles – especialmente pp. 226–28, e 231–32] argumenta as razões pelas quais Calvino optou por iniciar sua série de comentários pelo conjunto canônico das epistolas paulinas.

CALVIN, John. Commentaries on the Epistles of Paul to the Romans, trans. from the original Latin by the Rev. John Owen. Edinburgh: Calvin Translation Society, 1849.

CALVINO, JOÃO. Institución de Ia Religión Cristiana. Países Bajos: FELiRé, 1986. O obra Magna de Calvino e foi elaborada por ele para serem lida e estuda em harmonia com os comentários bíblicos. Essa é uma experiência enriquecedora.

FELD, Helmut (Ed) loannis Calvinoi Opera Omnia. 12 vols. Geneva: Droz, 1992. Este projeto esta atualizando a Calvinoi Opera do século XIX [1863-1877]. Estudiosos reconhecidos acrescentam novas notas e informações bibliográficas para cada um dos escritos de Calvino. Uma mina de ouro para os que pesquisam tanto Calvino quanto seu amplo acervo de obras, incluindo as menos conhecidas e suas preciosas cartas, cujas algumas são verdadeiros tratos teológicos.  

GREEF, Wulfert. The Writings of John Calvino: An Introductory Guide. Trans. L. D. Bierma. Grand Rapids: Baker, 1989. Um trabalho relevante e que certamente contribuirá muito com aqueles que estejam pesquisa e estudando Calvino e suas obras.

McKIM, Donald K. (Ed). The Cambridge Companion to John Calvino. Cambridge University Press, 2004. O editor Dr. Donald K. McKim reúne uma série internacional de grandes estudiosos de Calvino para considerar as fases do pensamento teológico de Calvino e sua influência. Cada artigo contribui para montar um precioso mosaico de Calvino e suas obras e revelam a razão pela qual eles continuam sendo relevantes ainda hoje no século XXI. Os capítulos servem como guias para seus tópicos e fornecem leituras adicionais para estudo mais amplo.

OWEN, John. Commentaries on the Epistle of Paul the Apostle to the Romans. By John Calvin. Translated and edited by the Rev. John Owen. [With the text in Latin and English.]. Edinburgh: Calvin Translation Society, 1849. Este trabalho de Owen perdurou e continua sendo uma das melhores traduções em inglês desta epistola paulina e que fez parte de um projeto mais amplo envolvendo a tradução de todos os demais comentários do proeminente reformador genebrino.

PARKER, Thomas Hnry Louis. Calvino's Old Testament Commentaries. Westminster John Knox Press, 1993. Indispensável para se conhecer o trabalho hermenêutico-exegético de Calvino. O trabalho realizado por Parker é de fato de excelência e deve ser consultado antes de se empreender qualquer estudo sobre os comentários do reformador genebrino.

________________________. Calvino's New Testament Commentaries. Westminster John Knox Press, 1993. Este precioso volume complementa a extensa pesquisa do volume sobre os livros do Antigo Testamento. Parker mantém o mesmo nível de excelência e se torna indispensável para qualquer pesquisador e estudante dos comentários produzidos por João Calvino.

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[1] O Pelagianismo surgiu no século V, na Inglaterra, a partir das ideias de Pelágio de Bretanha (350-423). O Pelagianismo leva o nome do monge britânico Pelágio, que motivou uma escola de pensamento que negou várias doutrinas cristãs fundamentais, incluindo o pecado original, a queda do homem, a salvação pela graça, a predestinação e a soberania de Deus. O Pelagianismo foi vigorosamente oposto por Santo Agostinho de Hipopótamo, um contemporâneo de Pelágio. Armínio e os arminianos percorrem essa estrada aberta por Pelágio onde eles defendem ardorosamente o “livre arbítrio” humano no processo da salvação.