O reformador genebrino João Calvino é reconhecido com toda justiça como um dos mais proeminentes comentaristas bíblicos em todos os tempos. Seus trabalhos exegéticos bíblicos continuam sendo utilizados ainda hoje, apesar de já se ter passado mais de quinhentos anos desde quando ele os produziu. O conteúdo de seus trabalhos acadêmicos continua sendo utilizados como modelo prático e correto da hermenêutica e exegese bíblica, para orientar e guiar os novos estudantes.
Minha proposta nesta série de
artigos será resgatar e apresentar um pouco do contexto da produção de seus
comentários bíblicos, na ordem cronológica que os elaborou, conforme meu artigo
anterior - Calvino: Comentários Bíblicos
em Ordem Cronológica - indicado abaixo em Artigos Relacionados.
O convite está feito e espero ter
sua companhia neste e nos próximos artigos.
Epístola
de Paulo aos Romanos
A
primeira questão que precisamos responder é: existe alguma razão peculiar para
que seu primeiro comentário seja esta epístola paulina? Calvino era avesso a se
fazer qualquer coisa sem objetividade e propósito. Para ele, assim como para
Lutero e tantos outros antes e depois dele, está madura exposição do pensamento
teológico de Paulo, visto que foi escrita na fase final de sua vida cristã, de
maneira que nela se reflete a maturidade dos anos e do aprendizado maturado do
velho apostolo, se constitui desta forma na principal porta de entrada para uma
ampla exposição das Escrituras que era o objetivo maior de Calvino.
Ao
fazer a escolha de produzir seu comentário desta epístola ele tem plena
consciência que está diante de um texto que lhe apresenta as doutrinas
fundamentais do ensino cristão genuíno que está sendo resgatado pelos
reformadores. A exposição desta correspondência paulina fere de morte as
tendências do Pelagianismo[1]
que não apenas permeava, mas estava inserido (e continua) no tecido teológico
do catolicismo romano. Portanto, esse seu primeiro comentário tem objetivo de
trazer à luz diversos erros teológicos vigentes em sua época e oferecer uma teologia
bíblica correta e saudável para seus leitores e ouvintes (alunos e auditórios
de suas aulas e pregações), visto que uma característica peculiar de todos os
comentários bíblicos de Calvino era de que primariamente era pregado no púlpito
de Genebra e ensinado, discutido na sala de aula da Academia genebrina e
somente, após uma última revisão feita por ele, era enviado aos editores para
serem publicados, em latim para os acadêmicos e em francês para o publico em
geral, uma prática que Calvino manterá em todas as demais edições dos
comentários posteriores.
Antes
do comentário de Calvino poucos haviam empreendido um trabalho tão amplo e
profundo desta epístola. Dos chamados Pais da Igreja não temos nenhum
comentário em separado, mas tão somente obras em conjunto das epístolas
paulinas, tais como a de Origines (sec. III), Jerônimo, João Crisóstomo e
Agostinho (sec. IV), sendo este último abordando apenas capítulos específicos.
Mas após o movimento da Reforma no século XVI encontraremos uma produção
crescente de comentários sobre Romanos, iniciando por Lutero, Ulrico Zwínglio,
em formato de notas e Filipe Melâncton amigo e sucessor de reformador alemão.
Dos
contemporâneos de Calvino temos os comentários produzidos por Heinrich
Bullinger (1504-1575), reformador de Zurique e o de Martin Bucer de Estrasburgo
1536, onde estava João Calvino após seu exílio de Genebra. O comentário de
Calvino será produzido três anos depois (1539) ainda dentro dos cinco anos que
permanecer em Estrasburgo e no qual faz uma deferência ao comentário anterior
do velho amigo e conselheiro, onde explica a razão que o levou a produzir seu
próprio comentário da epístola aos Romanos. Os comentários desta epístola
continuaram a serem produzidos ao longo desses quinhentos anos e já ultrapassam
números expressivos.
Uma
característica peculiar dos comentários produzidos por Calvino, a partir de
Romanos, é de que ele evita as discussões longas e cansativas dos aspectos
doutrinários derivados dos textos bíblico, as quais ele remete o leitor à
leitura das Institutas, onde detalhadamente expõe os temas teológicos, de
maneira que a partir de Romanos os comentários funcionaram como guia para o
desenvolvimento da síntese teológica nas Institutas. Para muitos historiadores
Calvino faz do comentário de Romanos sua espinha dorsal para o desenvolvimento
das Institutas, percebido na organização dos tópicos principais, bem como na
abundância e distribuição das citações que ele faz desta carta em relação aos
demais livros neotestamentário.
Desta forma, Calvino inova a maneira de se produzir
comentários bíblico. Nos comentários ele se restringe aos aspectos
hermenêuticos e exegéticos, explorando todas as possibilidades da tradução e
compreensão dos textos e sua aplicabilidade vivencial (área da homilética). Para
ele a razão pela qual se deveria produzir qualquer comentário bíblico era o de
expor com fidelidade a mensagem contida no texto e sua correspondente aplicação
na vida cotidiana dos ouvintes e/ou leitores. As vaidades acadêmicas não deveriam
contaminar o trabalho da boa exegese e pregação. Infelizmente o que temos hoje
no meio editorial evangélico é uma feira das vaidades, onde se produzem obras
de cunhos autorais e mediáticas ou academicista sem inteiração com a realidade
cotidiana, que nem mesmo os acadêmicos têm coragem de ler e que ficam
amontoadas em bibliotecas nas Universidades. Esse caminho não deu certo no
passado e continua não dando certo nos dias atuais.
O
sucesso editorial dos comentários produzidos por Calvino é que ele conseguiu
conciliar um apurado conteúdo acadêmico em uma linguagem acessível e de fácil
assimilação por parte tanto das pessoas que desejavam um aprofundamento textual
interpretativo quanto por aqueles que desejavam serem edificados com
profundidade através da compreensão devocional das Escrituras. Ainda hoje
quando lemos seus comentários bíblicos podemos com facilidade identificarmos
esses dois objetivos.
Primeira Edição
Calvino deu palestras (aulas) sobre
Romanos em Genebra entre o outono de 1536 e seu exílio da cidade após a Páscoa
de 1538. Imediatamente foi convidado para se estabelecer em Estrasburgo, que
naquele momento se constituía no centro intelectual da Reforma. Passou a
lecionar na escola de Jean Sturm, recém-inaugurado colégio humanista e aqui em
período raro de quietude e sossego Calvino vai concluir a primeira edição de
seus Comentários sobre a preciosa Epístola paulina aos Romanos. A dedicatória,
que mencionaremos abaixo, foi feita em outubro de 1539, mas a publicação ocorre
apenas em inicio de 1540. Uma segunda edição ocorre uma década depois em 1551
dentro do conjunto da primeira edição de todas as epístolas, mas em 1556 ele
relança seu comentário de Romanos em uma edição expandida, não sem razão, pois
em 1559 será editada a sua última e definitiva versão, igualmente ampliada, das
Institutas.
Essa
edição primária é provavelmente o material revisado das palestras/aulas que ele
havia ministrado em seu primeiro período em Genebra de 1536 a 1538 e que se
constituirá no padrão por ele utilizado para as demais obras a serem editadas.
No prefácio desta primeira edição Calvino explica a razão de iniciar pela Carta
aos Romanos, pois para ele, entendida corretamente, tornava-se um portal que torna
acessível todos os tesouros escondidos das Escrituras.
Evidentemente
que os comentários de Calvino são limitados e falíveis, mas a sua lucides e
poder de concisão tornam seus trabalhos diferenciados. Assim como um mineiro
que descobre um veio de ouro e o segue até o fim, assim Calvino ao encontrar um
ensino proposto pelo apóstolo Paulo, ele segue o veio até que toda a exposição
possa ser claramente compreendida. Muitas vezes em apenas uma frase ele
consegue esclarecer toda uma linha de raciocínio do grande apostolo dos
gentios. E ainda que arraigado em seu intelecto avesso ao abstrato, ocasionalmente
é possível encontrarmos algumas pedras preciosas de sua imaginação e um
compartilhar de sua própria experiência pessoal.
No
processo do comentário, quando Calvino se depara com as questões hermenêuticas
exegéticas mais polêmicas, ele opta sempre pela solução mais simples, o que não
significa em hipótese alguma em abrir mão de uma interpretação coerente e
verdadeira, mesmo que isso implicasse em contrariar opiniões anteriores (Pais
da Igreja), ou contemporâneas (ortodoxia católica) e mesmo de colegas
reformadores. Porém, suas discordâncias eram sempre apresentadas com bom senso
e discernimento, nunca com arrogância e menosprezo pelo senso interpretativo
dos demais.
Distintamente de outros comentaristas do passado e do
presente que esmiúçam as Escrituras na ânsia de encontrarem discrepâncias
textuais ou aqueles motivados por um sentimento ambicioso por novas
descobertas, que mais prejuízo do que lucro tem produzido na edificação da
igreja, o desejo de Calvino é encontrar a verdade e explica-la de modo a
facilitar o aprendizado deste ensino ao maior numero possível de pessoas.
Dedicatória
Calvino faz uma dedicatória desta primeira
edição a Simon Grynaeus (1493), em reconhecimento a um de seus primeiros
mentores e que tanto contribui para sua formação não apenas acadêmica, mas
também como modelo de um cristianismo vivencial e moralmente elevado. Grynaeus
foi pró-ativo no processo da Reforma atuando em Wurttenburg (1534) e em
Tubingen. Foi coeditor da Primeira Confissão Helvética, mas seu maior legado foi
como professor da nova geração de pastores reformados. O jovem Calvino o
conheceu em 1534 quando o procurou para aperfeiçoar seu conhecimento da língua hebraica
e ficou impactado com o conhecimento e a vida piedosa deste homem.
Nas suas palavras ao mentor e amigo
podemos ter um pequeno lampejo das preocupações que antecederam o seu trabalho
de comentarista bíblico. No caso especifico de Romanos sua grande preocupação é
a de encontrar e apreender a mensagem central deste documento maturado do velho
apóstolo dos gentios.
Em suas palavras ao amigo lembra-se
das conversas em que discutiam as qualificações que deveria ter um interprete
da literatura bíblica ou qualquer outra obra a ser analisada. O grande perigo
era de se afastar dos temas centrais do autor e, por conseguinte, conduzir seus
leitores para temas periféricos. O comentarista não tem autoridade de impor
seus próprios conceitos ao texto analisado, mas de humildemente expor os
ensinos estabelecidos pelo autor e para isso é necessário brevidade e lucidez e
aqui está a motivação pela qual ele empreende seu trabalho.
Em momento algum ele menospreza os
trabalhos realizados por seus antecessores e contemporâneos, conforme citados
acima, mas entende que pode contribuir de alguma forma para “o bem comum da Igreja”.
O potencial desta epístola é grande demais e deve ser explorado não apenas por
ele, mas por todos quantos se sentirem chamados para fazê-lo. Nem sempre
Calvino endossara as opiniões de outros, mas com toda liberdade ele vai
apresentar o que convictamente entende ser a melhor exposição daquele texto ou
daquela doutrina.
Tema de Romanos
Norteado por suas duas diretrizes
básicas brevidade e lucidez ele se empenha em encontrar a temática central
deste escrito paulino aos romanos, pois ele tem consciência de que este
documento inspirado é a chave (patefactum
habet) para uma compreensão de toda a literatura bíblica.
O ponto convergente da epístola é
que todo aquele que foi, é e será salvo, é tão somente pela fé na justificação
por meio do sacrifício de Cristo. Todo o Antigo Testamento, e Paulo insere mais
de sessenta citações e tantas outras alusões às literaturas
veterotestamentária, bem como a pregação apostólica navegam por este rio da
“justificação pela fé”, cuja nascente está na eternidade (antes da fundação do
mundo).
Para Calvino compreender
corretamente a epístola aos Romanos é, portanto, apreender e proclamar a
genuína mensagem do Evangelho. E esta mensagem evangélica esta centrada na tese
da justificação única e exclusivamente pela fé exposta com clareza e objetividade
pelo apostolo Paulo desde os primeiros dias da Igreja Cristã. Portanto,
qualquer mudança de direção é completamente condenável e deve ser evitada e rejeitada
com veemência.
Síntese da Epistola
Calvino inicia sua exposição com uma
síntese de toda a epístola, o que permite uma visão panorâmica dos principais
temas a ser desenvolvido no transcorrer do documento paulino e para aqueles que
têm paciência pode se encontrar uma correlação com a organização que ele
empreende no desenvolvimento de suas Institutas. Um roteiro desse pedregoso
caminho pode ser visto no excelente trabalho realizado por Gary Neal Hansen (cf.
EHRENSPERGER, 2008 – capto 5) que vale a pena ser lido. Somente a titulo de
exemplo, conforme a tabela por ele elaborada o capítulo oito de Romanos é
utilizada 116 vezes sendo distribuídas: Livro 1 (3x); Livro 2 (28x); Livro 3 (78x) e o Livro 4 (7x). A epístola
aos Romanos permeia todo o terceiro livro das Institutas, cujo tema central é a
justificação pela fé.
Em seu esboço, que é denominado de
argumento, Calvino entende que nos cinco primeiros capítulos Paulo trata da
principal tese da epístola que é a justificação pela fé: “O assunto, então, desses capítulos pode ser declarado assim, — que a
única justiça do homem é através da misericórdia de Deus em Cristo, que está sendo oferecido pelo
Evangelho é apreendido pela fé”. Então o apostolo prossegue no sexto
capítulo tratando sobre a santificação somente possível por estarmos em Cristo.
No sétimo capítulo Paulo vai tratar da questão do cristão diante da Lei,
estabelecida na antiga aliança, que deve ser observada uma vez que em Cristo
somos habilitados para vivencia-la, ainda que imperfeitamente, uma vez que a
nova e a velha natureza (tipificada no espírito e carne), disputam o controle
da vida cristã. No oitavado capítulo o apostolo anima seus leitores romanos,
pois o Espírito Santo que efetua a regeneração é o mesmo que santifica e sustenta
o cristão até o final, de maneira que é possível viver na certeza da salvação,
pois tanto Satanás quanto a natureza pecaminosa estão submetidos ao poder do
Espírito Santo. No nono e décimo capítulo Paulo vai tratar da questão dos
judeus e gentios e a posição de cada um deles diante de Cristo. Pelo fato de
ser judeu não garante a salvação, pois Deus mesmo escolheu Jacó e rejeitou
Esaú, de maneira que a salvação repousa tão somente na misericórdia de Deus e
não em qualquer qualificação étnica hereditária. E a rejeição dos judeus e a
inclusão dos gentios é o cumprimento das mensagens dos Profetas, aos quais
Paulo exemplifica com Moisés e Isaías, o primeiro declarando a inclusão dos
gentios e o segundo profetizando o endurecimento dos judeus. Então o apóstolo
deixa claro aos crentes gentios que não há méritos neles por crerem, em relação
aos judeus que rejeitaram a mensagem evangélica, pois eles foram enxertados na
figueira pela fé que somente é possível mediante a graça de Deus. Nos três
capítulos subsequentes Paulo faz uma série de admoestações: no capítulo doze
preceitos gerais sobre a vida cristã; no capítulo treze trata das autoridades
civis como sendo estabelecidas por Deus, de maneira que o cristão deve
respeitá-las e que na opinião de Calvino deve ser feito por amor e não por
temor. O apostolo passa a tratar então sobre os ritos mosaicos e como o cristão
deve considera-los, não com menosprezo, mas com moderação e respeito e que a
liberdade cristã se guia por dois parâmetros – o amor e a edificação. No décimo
quinto capítulo Paulo retorna ao argumento geral – de que os fortes dever usar
sua força para suportar e confirmar os fracos e jamais para oprimir ou
humilhar. Para Paulo toda e quaisquer discussão entre judeus e gentios devem
desaparecer, visto que a salvação de ambos repousa na misericórdia de Deus e
não em méritos próprios, de maneira eles devem abandonar qualquer pensamento
elevado de si mesmos e viverem em comunhão, usufruindo a esperança da mesma fé
e herança. Ele mesmo humildemente deseja compartilhar com eles o que tem
aprendido e aprender com eles e que somente não fez isso antes porque fora
impedido por acontecimentos alheios ao seu desejo. No último capítulo Paulo
aproveita para saudar diversos irmãos, comum a ele e aos destinatários da
carta, algumas últimas recomendações e uma notável oração final.
Calvino empreende então seu
comentário sempre utilizado sua própria tradução do texto grego e do latim,
apresentando as perícopes (parágrafos) e explorando todo o potencial hermenêutico-exegético
que os textos possibilitam, bem como suas aplicações vivenciais (homilética).
Nas referências bibliográficas
indico duas versões do comentário de Romanos por Calvino, uma em inglês feita
por John Owen (1849) e a outra em português realizado por Valter Graciano Martins
(1997), um dos pioneiros em versar os comentários de Calvino para a língua
portuguesa, inicialmente através da editora Paracletos e atualmente este trabalho
tem sido empreendido pela editora Fiel. Nós demoramos “apenas” 450 anos para
oferecermos aos leitores brasileiros uma versão em português deste comentário
de Calvino da epístola aos Romanos.
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Referências Bibliográficas Comentadas
CALVINO, João. Comentário
aos Romanos. Tradução Valter Graciano Martins. São Paulo: Paracletos (1997) e São José dos
Campos: Fiel (2014). Nas páginas
19-25 temos a dedicação ao amigo e mentor Simon Grynaeus onde entre outros
assuntos Calvino compartilha seu método hermenêutico-exegético na elaboração de
seus comentários, resultante das longas conversas que ambos tiveram em tempos
passados, bem como tece pequenos comentários críticos sobre obras contemporâneas
anteriormente produzidas sobre a epístola aos Romanos e a motivação para que
empreendesse a elaboração deste comentário. Em ambas as edições há um precioso
prefácio para a edição em português escrito pelo Dr. Hermisten Maia Pereira da
Costa (pastor presbiteriano, teólogo calvinista e escritor) que apresenta
interessantes aspectos da forma com que Calvino elaborou seu comentário.
CAMPBELL,
William S., HAWKINS, Peter S. and SCHILGEN, Brenda. (Ed.) Medieval
readings of Romans. New York: T&T
Clark International, 2007. [Romans through history & culture ; 6].
Um precioso resgate dos comentários da epístola aos Romanos antes do período da
Reforma. Começa no século XII com Abelardo; século XIII com Tomás de Aquino e
um artigo interessante sobre Dante e a epístola aos Romanos; e no quarto
capítulo intitulado às Véspera da Reforma, Nicolau de Lyra e diversos
comentários na parte final da Idade Media. Todos os artigos principais são
replicados por outros autores, ampliando em muito as discussões em torno desta
preciosa epístola.
EHRENSPERGER, Kathy
and HOLDER, R. Ward (Editores). Reformation
readings of Romans. New York: T&T Clark International, 2008. [Romans
Through and Cultures Series; 8]. O capítulo cinco escrito por Gary Neal Hansen
[Door and Passageway: Calvin’s Use of
Romans as Hermeneutical and Theological Guide] é de grande valia para uma
compreensão mais ampla de como Calvino produzia seus comentários bíblicos e de
como ele os amalgamava com sua obra teológica das Institutas. Desde seu inicio
o projeto do reformador genebrino era que os comentários e as Institutas fossem
as duas faces da mesma moeda, de maneira que um completasse o outro.
McKIM, Donald K.
(Ed.). Calvin and the Bible.
Cambridge: Cambridge University Press, 2006. O capítulo nove escrito por R.
Ward Holder chapter 9
[Calvin as commentator on the Pauline epistles – especialmente pp.
226–28, e 231–32] argumenta as razões pelas quais Calvino optou por iniciar
sua série de comentários pelo conjunto canônico das epistolas paulinas.
CALVIN, John. Commentaries on the Epistles of Paul to the
Romans, trans. from the original Latin by the Rev. John Owen. Edinburgh:
Calvin Translation Society, 1849.
CALVINO, JOÃO. Institución
de Ia Religión Cristiana. Países Bajos: FELiRé, 1986. O obra Magna de
Calvino e foi elaborada por ele para serem lida e estuda em harmonia com os comentários
bíblicos. Essa é uma experiência enriquecedora.
FELD, Helmut
(Ed) loannis Calvinoi Opera Omnia. 12 vols. Geneva: Droz,
1992. Este projeto esta atualizando a Calvinoi Opera do século XIX [1863-1877].
Estudiosos reconhecidos acrescentam novas notas e informações bibliográficas
para cada um dos escritos de Calvino. Uma mina de ouro para os que pesquisam
tanto Calvino quanto seu amplo acervo de obras, incluindo as menos conhecidas e
suas preciosas cartas, cujas algumas são verdadeiros tratos teológicos.
GREEF, Wulfert. The
Writings of John Calvino: An Introductory Guide. Trans. L. D. Bierma.
Grand Rapids: Baker, 1989. Um trabalho relevante e que certamente contribuirá
muito com aqueles que estejam pesquisa e estudando Calvino e suas obras.
McKIM, Donald K.
(Ed). The Cambridge Companion to John Calvino. Cambridge University
Press, 2004. O editor Dr. Donald K. McKim reúne uma série internacional de
grandes estudiosos de Calvino para considerar as fases do pensamento teológico
de Calvino e sua influência. Cada artigo contribui para montar um precioso
mosaico de Calvino e suas obras e revelam a razão pela qual eles continuam
sendo relevantes ainda hoje no século XXI. Os capítulos servem como guias para
seus tópicos e fornecem leituras adicionais para estudo mais amplo.
OWEN, John. Commentaries on the Epistle of Paul the
Apostle to the Romans. By John Calvin. Translated and edited by the Rev.
John Owen. [With the text in Latin and English.]. Edinburgh: Calvin Translation
Society, 1849. Este trabalho de Owen perdurou e continua sendo uma das melhores
traduções em inglês desta epistola paulina e que fez parte de um projeto mais
amplo envolvendo a tradução de todos os demais comentários do proeminente
reformador genebrino.
PARKER, Thomas Hnry
Louis. Calvino's Old Testament Commentaries. Westminster John Knox
Press, 1993. Indispensável para se conhecer o trabalho hermenêutico-exegético
de Calvino. O trabalho realizado por Parker é de fato de excelência e deve ser
consultado antes de se empreender qualquer estudo sobre os comentários do
reformador genebrino.
________________________. Calvino's
New Testament Commentaries. Westminster John Knox Press, 1993. Este
precioso volume complementa a extensa pesquisa do volume sobre os livros do
Antigo Testamento. Parker mantém o mesmo nível de excelência e se torna
indispensável para qualquer pesquisador e estudante dos comentários produzidos
por João Calvino.
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[1]
O Pelagianismo surgiu no século V, na Inglaterra, a partir das ideias de
Pelágio de Bretanha (350-423). O Pelagianismo leva o nome do monge britânico
Pelágio, que motivou uma escola de pensamento que negou várias doutrinas
cristãs fundamentais, incluindo o pecado original, a queda do homem, a salvação
pela graça, a predestinação e a soberania de Deus. O Pelagianismo foi
vigorosamente oposto por Santo Agostinho de Hipopótamo, um contemporâneo de
Pelágio. Armínio e os arminianos percorrem essa estrada aberta por Pelágio onde
eles defendem ardorosamente o “livre arbítrio” humano no processo da salvação.
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