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quarta-feira, 26 de fevereiro de 2020

VERBETE – Pais Apostólicos



O título “Pai [Padres] Apostólicos” faz referência àqueles escritores cristãos do final do primeiro e do segundo séculos, que de alguma forma tiveram contato direto com os apóstolos. Não há uma coleção antiga que contenha todos os escritos deles. A literatura produzida por eles cobre o período da chamada igreja primitiva e se constitui em importantes fontes de informação do período imediato à literatura canônica cristã
Tem sido motivo de debates quais escritores poderiam ser incluídos nesse bloco dos “Pais Apostólicos” [patrum apostolicorum], mas alguns são aceitos amplamente pelos estudiosos como tendo contato direto com algum dos apóstolos: Clemente de Roma (ca. 97), Inácio de Antioquia (ca. 110-117) e Policarpo de Esmirna (ca. 110-120), como atestado por Irineu (Adv. Haer., III, iii, 3, 4) e Eusébio (Hist. Eccl .III.36; v, 20). Os demais escritos desse período pós-apostólicos existentes incluem o primeiro manual de catecúmenos “Didaquê” ou “Ensinamentos dos Doze Apóstolos” (ca. 80–100), a Epístola de Barnabé (96–98), O Pastor de Hermas (ca. 150), Exposições dos Discursos do Senhor por Papias (ca. 150 ) e a Carta a Diógenes (130). Geograficamente abrangem uma área muito ampla o que revela a expansão do cristianismo: Roma (Clemente e Hermas), Esmirna (Policarpo) e Inácio), Hierápolis na Frígia (Papias) e Egito (Didaquê e Barnabé).
Seguindo o padrão dos escritores canônicos do Novo Testamento, os Pais Apostólicos escreveram epístolas ou cartas para corrigir ou consolar os cristãos ou comunidades locais. A influência de seus escritos se fez sentir mais acentuadamente no segundo século e depois foram perdendo espaço para as novas literaturas que foram sendo produzidas por novas lideranças  (Hist. Eccl. III. 16; IV.23) e alguns chegaram até mesmo sendo incluídos nas listas canônicas, como por exemplo o Codex Alexandrinus e o Codex Sinaiticus, mas no final ficaram de fora do cânon definitivo.
Essas literaturas não tinham pretensões de serem tratados teológicos ou filosóficos, mas sempre mantiveram o tom pastoral. Todavia, seu conteúdo tornam-se preciosos para tomarmos conhecimento do desenvolvimento das primeiras comunidades cristãs. Eles tornam-se importantes fontes de idoneidade dos escritos canônicos, pois neles encontram-se muitas citações das literaturas apostólicas que já circulavam pelas comunidades cristãs como regra de fé e prática.
Evidentemente que há nestes escritos temas doutrinários e/ou teológicos tais como a fórmula trinitária, a divindade e humanidade de Cristo, a obra redentora de Cristo, seu sumo ministério sacerdotal e seu sangue derramado como resgate vicário pelos nossos pecados. Outros ensinamentos inclui a vida eterna para o crente, justificação pela fé e a importância boas obras. Clemente de Roma em sua epístola dirigida aos crentes de Corinto defende que os  ensinamentos de Paulo e Tiago sobre fé e obras são complementares, rejeitando a tese de um conflito entre cristãos de origem judaica e gentias no início do cristianismo.
Utilização livre desde que citando a fonte
Guedes, Ivan Pereira
Mestre em Ciências da Religião.
me.ivanguedes@gmail.com
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Referências Bibliográficas
GEBHARDT, Oscar de, HARNACK, Adolfus and ZAHN, Theodorus. Patrum Apostolicorum Opera. Lipsiae: J.C. Hinrichs, 1877.
HALL, Christopher A. Lendo as Escrituras com os pais da igreja, 2. ed., tradução de Rubens Castilho; Meire Santos. Viçosa: Ultimato, 2007.
LIGHTFOOT, J.B. The Apostolic Fathers. 5 vols. London: Macmillan, 1893. Updated by Holmes, Michael, The Apostolic Fathers: Greek Texts and English Translations. 3d rev. ed. Grand Rapids: Baker, 2007.
LITFIN, Bryan M. Conhecendo os Pais da Igreja - uma introdução evangélica. Tradução de Márcio Loureiro Redondo. São Paulo: Vida Nova, 2015.

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