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sexta-feira, 23 de setembro de 2022

História Igreja – Personagens Influentes: Clemente de Roma

 

Clemente de Roma

            O apostolo João foi o último a falecer já próximo do final do primeiro século, encerrando o que é conhecido como o “período apostólico”. As comunidades cristãs já estavam espalhadas por todo o Império Romano, porém ainda sem a força político-social que haveria de alcançar em alguns séculos posteriores.

            Eusébio Pânfilo de Cesaréia (265-369), em sua inestimável História Eclesiástica, elaborada no início do século IV, resgata a importância desempenhada pelas lideranças eclesiásticas logo após o chamado período Apostólico, os quais passaram a ser conhecido a partir do século XVII como “Pais Apostólicos”, identificando desta forma o período histórico em que surgiram, meados do primeiro século e a primeira metade do século dois.

Alguns deles tiveram contato pessoal com algum dos apóstolos chamados pessoalmente por Cristo e/ou com alguém que os tinham conhecido pessoalmente. Desta forma, aqueles que desejam conhecer o contexto histórico imediatamente posterior à chamada Igreja Primitiva, esses são os personagens que precisam ser estudados. Poeticamente são considerados “o primeiro eco dos Apóstolos”.

Estas lideranças tiveram uma dupla responsabilidade sobre seus ombros: manter o ensino recebido na herança apostólica e o mais difícil desenvolver e consolidar a Igreja Cristã ao longo dos próximos séculos. A História vai registrar que os desafios deles foram tremendamente grandes. Entre muitos o historiador Eusébio destaca a figura de Clemente que vai exercer sua liderança eclesiástica com zelo e fidelidade (História Eclesiástica, III, 37,4-38,1).

Clemente Romano ou de Roma

             Tanto a sua origem como a sua morte está coberta por várias camadas de tradições, difíceis de serem verificadas e por esta razão difíceis de serem aceitas ou negadas em sua integralidade. O bom senso e a honestidade histórica nos recomendam muita prudência. Ainda que tais informações biográficas não deixem de conter um fundo de veracidade.

            As tradições vão desde que ele foi: um dos colaboradores de Paulo (cf. Fp 4.3) [endossada por Origines e Eusébio de Cesareia e seguido por Jerônimo]; um escravo liberto, da família romana Flávia, que posteriormente foi sagrado bispo pelas mãos de Pedro [cf. Ireneu de Lião e Tertuliano]; o autor da epístola aos Hebreus [cf. Orígenes]; um membro da família imperial dos Flávios (cf. Pseudo-Clementinas).

            O único documento informativo autenticado dele é a sua Carta dirigida aos Coríntios,[1] que comentaremos suscintamente abaixo, e mesmo que seu nome não esteja explicitado no documento, desde a Antiguidade não se coloca dúvida quanto à autoria de Clemente. Acrescenta-se ao documento o termo - Primeira - pela razão de que há uma - Segunda - carta dirigida aos Coríntios, mas que não é reconhecida como sendo de sua autoria. Reveste-se de importância histórica por ser um dos primeiros documentos cristãos a perdurar fora dos documentos canônicos preservados nas escrituras do Segundo Testamento ou Novo Testamento. Torna-se fonte primária de informações sobre a prática e o ensino da Igreja posterior à morte dos apóstolos.

            As informações biográficas de Clemente são escassas sendo uma fonte primária a oferecida por Irineu quase um século depois da morte dele, que informa que Clemente foi líder eclesiástico nos primórdios da igreja em Roma e que ele fez parte daqueles que viram “os apóstolos abençoados, e conversou com eles, e ainda tinha suas pregações soando em seus ouvidos...”; e de que “no tempo de Clemente, não pequena dissensão surgira entre os irmãos em Corinto” (LEIGH-BENNETT, 1920, c. 1).  

            Sua liderança na igreja em Roma é fixada em 92-101 dC. Com toda certeza essa comunidade cristã não decorre das atividades apostólicas de Pedro ou Paulo, mas sim do testemunho de grande número de cristãos convertidos após o Pentecostes e que tiveram que fugir de Jerusalém após a intensificação das perseguições movidas pelas lideranças judaicas do Sinédrio. O jovem fariseu Saulo de Tarso era um dos implacáveis perseguidores dos cristãos, mas veio a ser tornar Paulo, o apóstolo dos gentios e que ao redor dos anos de 60 dC, escreve uma preciosa epistola aos cristãos em Roma, expressando o desejo de conhecê-los pessoalmente e que posteriormente se tornou parte do Cânon neotestamentário.

            Exercer a liderança eclesiástica no final do primeiro século era sempre um risco de morte, pois periodicamente os imperadores romanos emitiam decretos promovendo a perseguição sobre os cristãos, inicialmente confundidos como sendo seita judaica, de maneira que seus líderes eram presos e até mesmo martirizados. Clemente exercendo a liderança na última década do primeiro século experimentou a perseguição promovida pelo imperador Domiciano (81 a 96 dC.), conforme deixa transparecer no início de sua carta aos Corintos, quando explica a demora em se comunicar com eles: “devido a infortúnios súbitos e repetidos e calamidades que nos sobrevieram…” (1 Clemente 1.1).

Carta de Clemente aos Coríntios [2]

            A epístola escrita por Clemente aos Coríntios pode ser dividida em duas partes: na primeira parte, como que preparando seus leitores para receberem a exortação corretiva, ele trata de forma comum de como todos os cristãos devem se comportar e somente a partir da segunda parte ele lida especificamente com as problemáticas cismáticas que estavam ocorrendo naquela comunidade cristã,[3] seguindo desta forma o modelo epistolar paulino.

            Outra inferência relevante para a História da Igreja é que em momento algum do documento Clemente avoca qualquer direito de liderança sobre todas as Igrejas, mas se comporta como um líder da igreja em Roma que se preocupa com a os acontecimentos lamentáveis que está a ocorrer em uma igreja irmã, revelando uma solidariedade para com a liderança estabelecida naquela comunidade. Desta forma é grave equívoco utilizar deste documento para se defender qualquer ideia de proeminência da igreja em Roma sobre as demais ou que Clemente seja um protótipo de um Papa como líder quer seja regional ou geral da igreja cristã.

            Alguns outros documentos foram atribuídos a Clemente, mas todos vieram a serem desacreditados como sendo de sua autoria. Uma segunda carta que leva o seu nome é na verdade um longo sermão anônimo e que se revela escrito em período muito posterior.

            Quanto à sua morte, as informações disponíveis não se revestem de valor histórico verificável e, portanto, confiável. O mais plausível é que tenha morrido poucos anos depois de ter escrito sua Carta aos Coríntios (AYÁN CALVO, 1994).

Epístola aos Coríntios [4]

As literaturas que haveriam de compor o futuro cânon neotestamentário já circulavam individualmente entre as comunidades cristãs e eram lidas como literatura revestida de autoridade apostólica, porém o cânon do Segundo Testamento será definitivamente concluído no quarto século.

            O período subsequente é denominado “pós-apostólico” inicia-se com o surgimento de novas lideranças eclesiásticas e alguns deles tiveram contato com João, o último dos apóstolos. As literaturas produzidas neste período são nominadas de “literatura dos pais apostólicos” e comumente incluem: a Epístola de Clemente, sete epístolas de Inácio, a Epístola de Policarpo, o material de catecúmenos Didaquê (chamado também de Ensinamento dos Apóstolos), a Epístola de Barnabé e o Pastor de Hermas. Por um curto período algumas lideranças em algumas poucas comunidades chegaram a considerar algumas dessas literaturas dos pais apostólicos no mesmo nível de autoridade que as obras dos próprios apóstolos, mas prevaleceu o consenso de não incluir nenhuma delas no cânon.

Ainda que não se encontre nenhuma referência direta da autoria da carta, há um consenso histórico de que Clemente de Roma a tenha escrito, visto que neste período exercia função eclesiástica na igreja em Roma.[5] A epístola é dirigida a igreja estabelecida em Corinto (cf. capítulo 1)[6] sendo a data provável por volta de 95 dC, conforme o abalizado trabalho efetuado pelo Dr. J. B. Lightfoot, [7] após a redescoberta do texto em sua inteireza em 1875, em que ele conclui que está data está em conformidade com o contexto histórico e hermenêutico do seu conteúdo. Esta opinião tem prevalecido como consenso acadêmico desde seu tempo.  Aceitando estes pressupostos esta epístola se constitui no primeiro documento cristão que temos pós-escritos apostólicos. Seu conteúdo é mais prático e pastoral do que teológico, ajustando-se harmoniosamente com os pressupostos anteriormente estabelecidos e preservados nos escritos apostólicos canônicos.

As igrejas ainda estavam em seus estágios iniciais e esforçando-se para manter o fio condutor em meio ao cenário complexo do Império Romano do século II. As grandes questões teológicas ainda virão e exigirão muito mais do que uma produção epistolar para trata-las. Havia, porém, muitos problemas e ameaças urgentes que precisavam ser resolvidos e que se constituem nas principais preocupações das novas lideranças eclesiásticas e Clemente juntamente com outras lideranças mantém o foco nesta problemática que ocorriam dentro das comunidades cristãs.

Como referido acima Clemente exercia a liderança eclesiástica na igreja em Roma na última década do primeiro século. Alguns advogam que ele possa ser o Clemente mencionado na epístola paulina aos Filipenses (4.3). Não é impossível, visto que sua autoridade é reconhecida entre as demais comunidades cristãs e quase nenhuma outra referência se encontra sobre ele.

Ele mantém o fio condutor no que concernem as doutrinas anteriormente definidas pelos apóstolos, que converge com as demais literaturas deste período pós-apostólicos. Por exemplo, Clemente usou a “fórmula trinitária”, pois no transcorrer da carta faz referências ao Pai, Filho e Espírito Santo como sendo igualmente Deus – embora os cristãos ainda não usassem a palavra Trindade para expressar especificamente esta doutrina. Defende em plena concordância com Paulo que a salvação é unicamente pela fé na morte de Cristo: “não somos justificados por nós mesmos, nem por nossas... obras que realizamos em santidade de coração; mas pela fé pela qual, desde o princípio, Deus Todo-Poderoso justificou a todos os homens...” (capítulo 32).

Sua atenção maior esta na crise de liderança e que acabou por produzir divisão na igreja de Corinto. Ele exorta seus leitores a buscarem a unidade em Cristo e o respeito às lideranças constituídas da igreja, pois esta unidade deve ser um reflexo da reverência à autoridade de Cristo.  Ameaças à unidade sempre foram as grandes preocupações do próprio Jesus (João 17.20-23) e dos apóstolos (Efésios 4.1-6; 1 Pedro 3.8-9). Ainda nos dias do apostolo Paulo a igreja em Corinto precisou ser severamente repreendida por suas divisões internas recorrentes (1 Coríntios 1.10ss.).

Pela leitura da carta por alguma razão, alguns membros, provavelmente uma geração mais jovem, se rebelaram contra os líderes da igreja a ponto de alguns desses líderes serem forçados a deixar suas posições, resultando em uma divisão na igreja. Alguns antecedentes do Novo Testamento em relação aos líderes da igreja seriam úteis neste momento. O Novo Testamento refere-se ao ofício principal da liderança da igreja como episkopos (cf. Filipenses 1.1; 1 Timóteo 3.1-2; Tito 1.7; 1 Pedro 2.25), que é traduzido por episcopal. O termo grego significa literalmente “supervisor”, mas em algumas versões inglesas mais antigas, como a King James Version, e em traduções dos Pais, como Clemente, é traduzida como “bispo”. Outra liderança é denominada de presbuteros (cf. Atos 14.23; Tito 1.5), traduzida por “presbítero” ou mais literalmente “ancião”, mas os termos são equivalentes não havendo grandes distinções do sentido de um supervisor. Ficando mais evidente quando ambos os termos são usados no mesmo contexto (cf. Atos 20.1, 28; Tito 1.6-7). Clemente mostrou que entendia desta mesma maneira porque utilizou tanto episkopos quanto presbuteros para essa posição de liderança da igreja (cf. capítulo 44), mantendo, portanto, o ensino recebido dos apóstolos.

O argumento para que Clemente reivindicasse a submissão às autoridades eclesiásticas constituídas foi: Deus escolheu e designou Jesus; Jesus havia escolhido e designado os apóstolos; os apóstolos escolheram e nomearam seus sucessores, anciãos-bispos/bispos (incluindo o próprio Clemente). Portanto, esse padrão deve ser mantido pelas gerações sucessivas de líderes da igreja (cf. 42). Esse conceito clementino se tornou conhecido como “sucessão apostólica”. Clemente visava manter a idoneidade das lideranças constituídas da mesma forma como Paulo fez em sua carta ao jovem pastor Timóteo (2 Timóteo 2.2) e consequentemente preservar a ordem e a unidade na igreja de Corinto e demais.

Mas este princípio acabou sendo extrapolado muito rapidamente e resultou em uma distinção entre o “clero” e o “laicato”, e a elevação do primeiro sobre o segundo. No capítulo 40, ele escreveu: “Pois os próprios serviços peculiares [do Senhor] são atribuídos ao sumo sacerdote [judeu do Antigo Testamento], e seu próprio lugar apropriado é prescrito aos sacerdotes, e suas próprias ministrações especiais passam para os levitas. O leigo está sujeito às leis que pertencem aos leigos.” Nesta última frase, ele usou a palavra grega laikos – da qual derivamos a palavra “leigo” – que pela primeira vez é utilizada na literatura cristã. O que ele obviamente está fazendo é extrair do Antigo Testamento a forma como deve ser feito serviço a Deus - por meio de um sumo sacerdote junto com muitos sacerdotes e levitas exclusivamente - e aplicá-lo à igreja do Novo Testamento. Embora não passasse pela mente de Clemente, a analogia rapidamente se desenvolveu em uma direção totalmente estranha substituindo a figura dos bispos cristãos pela figura dos “sacerdotes”, de modo que somente eles estavam qualificados para fazer o ministério de Jesus Cristo. Que vai abrir o caminho para que como sacerdotes se tornassem mediadores entre os leigos e Deus, e posteriormente se introduzisse a figura do Papa, o que é completamente destoante do ensino claro das literaturas neotestamentária e do ensino enfático do apostolo Paulo de que não há outro mediador entre Deus e os homens, a não ser Jesus Cristo.

Clemente também conclamou os dissidentes a se arrependerem e se submeterem as autoridades constituídas (cf. 57; Hebreus 13.17). A preocupação principal de Clemente refletia a preocupação muito clara de outros escritores neotestamentário – a preservação da unidade da igreja. Ele também entendeu, acompanhando os ensinos apostólicos, a importância da liderança da igreja local (presbíteros e diáconos) para preservar a verdade bíblica e a unidade bíblica, o que ainda hoje são relevantes para as igrejas locais. Por outro lado, Clemente ilustra o perigo de se transformar algo que foi escrito e deturpá-lo do que foi originalmente pretendido. Infelizmente isso será recorrente no fluxo da história da igreja, como se pode ver nas páginas da História da Igreja Cristã.


Utilização livre desde que citando a fonte
Guedes, Ivan Pereira
Mestre em Ciências da Religião.
Universidade Presbiteriana Mackenzie
Outro Blog
Reflexão Bíblica

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Referências Bibliográficas

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[1] O acesso ao texto desta carta vem através do Codex Alexandrinus: manuscrito da Bíblia grega, presente do patriarca Cirilo Lucaris ao rei Carlos I da Inglaterra em 1628. Entretanto, faltavam folhas correspondentes aos capítulos LVII, 6 e LXIV,1. Mas outra fonte descoberta, o Hierosolymitanus, permitiu suprir as lacunas do Alexandrinus. A versão latina integral foi publicada em 1894.

[2] O título, “A Primeira Carta de Clemente aos Coríntios”, usada em todos os manuscritos existentes da epístola é para distingui-las de outras cartas não autenticadas que surgiram em data muito posterior.

[3] Algumas edições deste documento de Clemente destacam estas duas sessões.

[4] O texto atual, depois de perdido na Idade Média, foi redescoberto com o Codex Alexandrinus, enviado como presente de Ano Novo pelo Patriarca grego de Constantinopla, Cirilo Lucar, ao rei inglês Carlos I, em 1627. The Royal Librarian, Patrick Young, editou e publicou as duas epístolas Clementinas contidas no códice, com notação de capítulo moderna, em 1633 (HERRON, 1988, P. 23).

[5] Dois testemunhos históricos corroboram essa conclusão: Hegesipo, de origem judaica, no registro de suas memórias (155-166) cita a Carta de Clemente dirigida aos Coríntios; Dionísio, o bispo de Corinto, em uma correspondência (ano 170) menciona que esta autenticação vinha de muito tempo e que era lida nas assembleias (cultos) normalmente.

[6] A epistola foi dividida, muito tempo depois, em curtos 65 capítulos.

[7] Lightfoot faz uma extensa análise e esforço para identificar o Clemente histórico, pp. 14-103.