FLETCHER, James Cooley, pastor presbiteriano, nascido em
Indianapolis, no Estado de Indiana, em 1823. Seu pai Calvin Fletcher (Ludlow, Vermont, 4 de fevereiro de 1798 - 1866, Indiana, Indianápolis),
foi um advogado, banqueiro, empresário, fazendeiro, político, filantropo e destacado
antiescravagista, ajudou a formar tropas de afro-americanos que combateram pela
União, durante a Guerra Civil Americana.[1] O jovem
Fletcher fez sua graduação em Brown University em 1846, estudando teologia por
dois anos no Seminário Teológico de Princeton, seguindo para a Europa onde
completou seus estudos teológicos e aperfeiçoou-se na língua francesa, pois
deseja exercer seu ministério missionário no Haiti. Ainda na Europa, na Suíça,
casa-se com Elizabeth M. Fletcher (1845-1903), filha do pastor e teólogo César
Malan.[2]
Ele
voltou aos Estados Unidos em 1850, mas em 1851 em vez do Haiti resolve vir ao
Brasil desembarcando no Rio de Janeiro, então com 29 anos, como missionário e
Capelão da Sociedade Americana de Amigos dos Marítimos (American Seamen’s Friend
Society)[3] que
estava vago a vinte anos; naqueles dias o porto do Rio de Janeiro recebia em
média 10.000 marinheiros americanos, fluxo que aumento devido a corrida do ouro
no oeste americano, cuja rota marítima passava pelo Estreito de Magalhães e
tinha no porto brasileiro um lugar de reparos e abastecimento. Ele também
estava vinculado a outra missão americana denominada de União Cristã América e
Estrangeira (American and Foreign Christian Union) que tinha como objetivo assistir aos
americanos que residiam no Brasil. Naquele momento religioso delicado do país,
Fletcher recebe o título de “Adido” da Legação Americana, proporcionando-lhe
uma proteção legal.[4]
Em 1854 ele retorna aos Estados Unidos, devido a enfermidade da esposa Elizabeth M. Fletcher (1845-1903) logo após o nascimento de seu segundo filho. Neste período
encontra-se com o missionário metodista Daniel P. Kidder, que estivera no Brasil em momento
anterior, e recebe deste a proposta para atualizar seu livro “Sketches of Residence and
Travels in Brazil”[5] (1845),
mas com novo fôlego volta ao Brasil, agora coligado a União Americana de Escola
Dominical (American Sunday School Union) e no biênio 1855'6 viaja mais de
5.000 quilômetros no país distribuindo e organizando depósitos de Bíblias como
agente da Sociedade Bíblica Americana.[6]
Em 1862 ele navegou mais de 3.000 quilômetros pelo rio Amazonas ocasião
em que colheu amostras e matéria para estudo de ciências naturais que enviou ao
Prof. Louis Agassiz, cientista renomado da Universidade de Harvard, e de que este se serviu
para seus estudos ictiológicos e posteriores observações na mesma região. O
esforço de Fletcher acabou por motivar a vinda da “Expedição Thayer” dirigida pelo Professor Agassiz ao Brasil em 1865.[7]
No biênio de 1864/65 Fletcher e o político liberal alagoano Aureliano Cândido Tavares
Bastos colocam todos seus esforços e persuasão política para que o governo
Brasileiro autorizasse que os americanos operassem uma linha de navio a vapor
entre a Nova Iorque e Rio de Janeiro, o que depois de muitos embates veio a
ocorrer[8]. Fletcher
empenhou-se também como agente da Sociedade de Imigração Americana em 1868/69, que tinha como objetivo atrair os então Confederados
sulistas americanos (após a derrota na Guerra da Secessão ocorrida nos Estados
Unidos entre 1861 e 1865) e outras etnias protestantes europeias para
colonizarem o Brasil, contribuindo segundo sua perspectiva e dos chamados “Amigos do Progresso” para alçar o país ao patamar das grandes nações europeias e americana.
A última atuação de Fletcher em seu esforço missionário no Brasil ocorre
também no biênio de 1868/69 agora como agente da Sociedade Americana de
Folhetos (American Tract Society – ATS). O objetivo especificamente da ATS
nesse momento era encontrar uma forma rápida e eficaz de evangelizar
especialmente no oeste americano, daí o uso de panfletos e folhetos contendo
informações resumidas e de fácil assimilação.
Em 1869 Fletcher vai para Portugal para exercer a função de cônsul na
cidade do Porto (1869/73). Ainda exerce atividade missionária em Nápoles
(1873/77),[9] retornando
finalmente para os Estados Unidos em sua residência em Indianápolis. Ele foi um
colaborador constante da imprensa periódica, entre os quais American Register,
o New York Advertiser, correspondente do New York Daily Times e o Evangelist.
Mas sem dúvida alguma seu livro a partir da obra inicial de D. P. Kidder,
intitulado “O Brasil e os Brasileiros” é o seu maior legado ao país e se
tornou uma importante e conceituada obra não apenas sobre o Brasil, mas também
sobre a América do Sul tornando-se referencial para todos os que desejavam
conhecer e trabalhar no país, bem como leitura obrigatória para todos os
missionários que desejassem atuar no Brasil, como os pioneiros Dr. Robert Reid Kalley, que formou a primeira igreja protestante em e para brasileiros
(Congregacional) e A. G. Simonton que implanta a Igreja Presbiteriana no
país, ao final trazemos algumas informações e comentários desta obra.
O Rev. James C. Fletcher teve dois filhos: Elmond R. Fletcher, que se
aposentou como oficial do exército dos Estados Unidos e uma filha, Julia
Constance Fletcher, que viveu em Londres e com o pseudônimo masculino de
“George Fleming” escreveu diversos romances que se tornaram muito conhecidos:
"Kismet" e "Andromeda", "A Cabeça de Medusa", e
outros, além de algumas peças de sucesso, um livro de viagens, etc.[10] Em
1898, a Universidade Brown, na qual havia estudado, lhe conferiu o grau de PHD,
em reconhecimento dos seus serviços diferenciados nas áreas de esforço
intelectual.
Nos últimos seis anos, até a hora da morte, o Dr. Fletcher presidiu a
Escola de Arte e Desing de Los Angeles. Nesta cidade, onde residiu durante seus
últimos dez anos, ele manteve-se engajado no ministério, mas nos últimos dois
ou três anos havia restringido sua atenção especialmente para a pequena igreja
de “La Crescenta”, onde foi grandemente estimado, principalmente pelas
crianças. Dr. Fletcher era um homem de grande erudição, e possuía uma mente
notável pela sua amplitude e alcance sobre todos os assuntos. Sua memória
sempre prodigiosa armazenou fatos sobre personagens e eventos de todos os
tempos e países, de tal forma que ele era uma autoridade em assuntos
históricos, especialmente os dos últimos 50 anos, em que ele tinha estudado tão
conspicuamente entre os quais: Longfellow, Whittier, Emerson, Lowell, Bryant e
Gladstone. No dia 24 de abril de 1901, na cidade de Los Angeles o Dr. James
Cooley Fletcher, um homem notável, morreu ontem de às 10 horas da manhã em sua
casa, na rua Bonnie Brae Street, No. 173, em decorrência de um derrame cerebral
que havia sofrido na quarta-feira antecedente, desde então, ele estava
confinado em sua cama e desfalecendo gradualmente até sua morte nesta
manhã. Por tudo quanto James C. Fletcher realizou, deve figurar como um
dos pioneiros do protestantismo brasileiro do século XIX.
Uma das alegadas razões para explicar, mas
jamais justificar, o ostracismo de Fletcher na historiografia do protestantismo
no Brasil, é que ele não estabeleceu uma “igreja ou denominação” como Dr. Kaley
ou Simonton. Todavia, ninguém demonstrou maior e mais intenso entusiasmo pela
obra protestante no país do que esse missionário americano. Sua paixão pelo
Brasil e pelos brasileiros permeia cada página do livro por ele produzido; mesmo
quando critica os brasileiros faze-o de forma positiva despojado dos ranços discriminatórios
tão peculiares nos escritos de outros viajantes que por aqui estiveram; quando
todos criticavam veementemente o Brasil na famigerada guerra do Paraguai,
Fletcher foi uma das únicas vozes dissonantes em defesa do Brasil e
esclarecendo as mídias jornalísticas americanas de que o agressor havia sido o
pequeno país vizinho e não os brasileiros. Abaixo temos a transcrição de um
extrato de correspondência dele com uma das missões (The
American and Foreign Christian Union - publicado em maio de 1854) da qual foi representante no transcorrer da
década que por aqui atuou intensamente. Ele faz um pequeno resumo de
suas atividades evangelísticas no Brasil:
Relatório:
A Obra Evangelística de Fletcher no Rio de Janeiro (1854)
Há poucos domingos, convidei dois cavalheiros
católicos romanos para assistirem ao culto que realizo a cada domingo. Um deles
nunca vira um culto protestante. [O culto] esteve tão impressionante na sua
simplicidade que ele contou a alguns dos seus amigos que queria de coração
tomar-se protestante. Disse sem imaginar que isso viesse ao meu conhecimento.
Semanalmente, jovens católicos romanos visitam minha casa, e eu me esforço por
influenciá-los através do diálogo, pois seus olhos já estão abertos para
perceber o vazio de sua própria Igreja. Que o Espírito do Senhor abra
completamente os olhos do seu entendimento. Depois de se convencerem da
falsidade do papismo, Satanás parece conduzi-los aos canais da infidelidade, e
porque o Brasil é rico em livros do ceticismo político e filosófico francês,
eles serão vencidos pelos argumentos plausíveis e “agradáveis ao coração humano”
daqueles que se opõem à verdade — a não ser que a verdade de Deus impressione
os seus corações. Portanto reitero: é preciso que a Bíblia — a Bíblia circule
livremente.
Dei início a reuniões toda quarta-feira à noite para a
leitura da Bíblia, uma curta palestra e oração. Aqueles que participam representam
quatro ou cinco diferentes nações bem como três ou quatro denominações. Essa
pequena reunião se realiza na minha casa alugada, e espero que sua influência
venha a ser sentida. Atualmente, os que vêm, se constituem em colportores;
durante a semana, em conexão com outros deveres, distribuem a Palavra de Deus e
literatura de evangelização, ou emprestam bons livros àqueles brasileiros com
quem tiverem contato. Nosso número é ainda pequeno, mas rogamos a Ele que não
retenha a sua bênção por falta de número (AFCU, apud REILY, 1984, p. 75-76).
O BRASIL E OS BRASILEIROS (Livro)
Críticas e Comentários
Da Comissão do Instituto de Histórico e Geográfico do Brasil:
... Se alguma vez o seu Autor [referindo-se
especificamente a Fletcher] se permite alguma facécia a respeito de nossos
costumes, não é, todavia com o intento de expor-nos ao ridículo, como têm feito
outros viajantes e escritores. Aponta muito de nossos defeitos, que se não
podem negar; mas, em geral, ameniza com a sua benevolência as críticas que faz:
de sorte que conclui-se antes em seu Autor um afeiçoado do Brasil, do que um
desses viajantes que não tendo saído do seu gabinete maldizem de tudo e de
todos; se Fletcher censura é porque desejaria que o Brasil e os brasileiros
progridam na civilização.(RIHGB, xxv [862], p. 292/293, apud VIEIRA, 1980, p.
80).
Segundo Alfredo de Carvalho (em sua obra Escritores Exóticos no Brasil),
Brazil and the Brazilians é, "ainda hoje, nos Estados Unidos, senão o
livro clássico, o mais vulgarizado (popular) sobre o nosso país".
Também Marchant (em Handbook of Latin American Studies, 1938) escreve que a
obra de Kidder e Fletcher "é, em sua época, certamente, a mais
importante obra americana sobre o Brasil".
EDIÇÕES EM INGLES
1ª, 1857, Childs & Peterson,
Filadélfia.
2ª, 3ª, 4ª e 5ª — 1858 a 1866, Childs
& Peterson, Filadélfia, e Little, Brown, Boston, acréscimo de um mapa do
Brasil e outro da Baía do Rio de Janeiro por C. B. Colton.
6ª — 1866 — Childs & Peterson, Filadélfia.
7ª — 1867 — Childs & Peterson, Filadélfia.
8ª — 1868 — Childs & Peterson,
Filadélfia.
José Carlos Rodrigues, em Religiões
Acatólicas no Brasil, refere-se a nove edições, e Alfredo de Carvalho, em
Escritores Exóticos no Brasil, fala de 12 edições, porém não especificando
datas.
Utilização
livre desde que citando a fonte
Guedes, Ivan Pereira
Mestre
em Ciências da Religião
me.ivanguedes@gmail.com
Outro Blog
Reflexão Bíblica
http://reflexaobiblica.spaceblog.com.br/
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Brasil
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Presbiterianismo no Brasil http://historiologiaprotestante.blogspot.com/2016/06/protestantismo-documento-o-primeiro.html?spref=tw
Referências
Bibliográficas
KIDDER, D. P. e FLETCHER, J. C. O
Brasil e os brasileiros – esboço histórico e descritivo, v. 1.Brasiliana –
Biblioteca Pedagógica Brasileira. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1941
[Tradução da 6ª. edição em inglês - Elias Dolianiti e Revisão e Notas de Edgard
Sussekind de Mendonça].
LÉONARD, Émile-Guillaume. O
protestantismo brasileiro – estudo de eclesiologia e de história social,2ª.
ed. Rio de Janeiro e São Paulo: JUERP/ASTE, 1981.
MATOS, Alderi Souza de. Erasmo
Braga - o protestantismo e a sociedade brasileira. São Paulo: Cultura
Cristã, 2008.
REILY, Ducan Alexander. História documental o protestantismo no
Brasil. São Paulo: ASTE, 1984.
SOARES, Caleb. 150 anos de
paixão missionária – o presbiterianismo no Brasil. Santos (SP):
Instituto de Pedagogia Cristã – IPC, 2009.
VIEIRA, David Gueiros. O
Protestantismo, a maçonaria e a questão religiosa no Brasil, 2ª. ed.
Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1980.
Dados Biográficos - http://www.famousamericans.net/jamescooleyfletcher/
[1] Foi membro fundador do Partido
Republicano no estado de Indiana e em 1860, Fletcher apoia os republicanos nas
eleições estaduais e Abraham Lincoln eleição presidencial; em 1844 Fletcher
ajudou a organizar o Banco do Estado de Indiana, onde atuou como diretor da
sucursal Indianápolis 1841-1844 e, como presidente 1843-1858; embora a própria
educação de dele fosse limitada, ele foi um forte defensor de um sistema
escolar público gratuito; foi um abolicionista convicto como seu amigo e
colega, Ovídio Butler (fundador do jornal Free Soil Banner que defendia
abertamente as ideias abolicionistas); tornou-se membro da Igreja Metodista
em 1829 e forneceu apoio financeiro para ajudar outras denominações construir
suas próprias igrejas em Indianápolis; também tinha interesse na história e
tornou-se membro da Sociedade Histórica e Genealógica da Nova Inglaterra e um
dos membros fundadores da Sociedade Histórica de Indiana, fundada em 1830.
[2] Henri Abraham César Malan (7 de
Julho de 1787, Genebra, Suíça - 18 de Maio de 1864, Vandoeuvres, Suíça) foi um
pastor e músico sacro protestante. Após trocar o curso de administração pelo de
teologia ele foi ordenado pastor na Igreja de Genebra Unitarista em 1810, aos
vinte e três anos de idade. Mas, segundo seu próprio testemunho somente seis
anos após sua ordenação, em 1816, converteu-se ao Cristianismo através da
leitura de Romanos 6.10 e Efésios 2.8, após a leitura destes textos ele exclama
com alegria e segurança, “Sou salvo! Sou salvo!”. Após sua conversão entra em
rota de colisão com sua igreja Unitarista e depois de ser proibido de pregar
sobre a predestinação e ser expulso da Igreja de Genebra ele constrói uma
capela nas dependências de sua casa e ali prega por 43 anos, posteriormente
arrolaram-se a Igreja da Escócia na Suíça. Ele foi compositor de mais de mil
hinos em francês. Influenciou diversos pregadores de seu tempo como: Robert
Haldane, D’Aubigne (autor de História da Reforma) e recebeu um dos maiores
pregadores ingleses e do cristianismo protestante Charles Haddon Spurgeon em
sua casa em 1860.
[3] Esta missão, fundada em 1828, vem
na torrente missionária nascida na Inglaterra no fim do século de 1865atuais
com o mesmo propósito de suprir as necessidades espirituais e sociais dos
marinheiros americanos em todo o mundo.
[4] Por um pequeno período Fletcher
assume interinamente a função de Secretário da legação, por motivo de licença
do titular.
[5] Esta obra Kidder foi traduzida
por Moacir N. Vasconcelos e editada na Biblioteca Histórica Brasileira, Livraria
Martins, São Paulo, com o titulo de “Reminiscências de viagens e
permanência no Brasil”.
[6] Este trabalho desenvolvido por
Fletcher e outros missionários e colportores foram a sementeira para a futura
colheita feita pelos missionários posteriores que vieram com a finalidade de
implantar e desenvolver suas denominações evangélicas protestantes no Brasil,
incluindo aqui os pioneiros presbiterianos com Ashbel G. Simonton e seus
companheiros.
[7] O Prof. Agassiz recebeu do
Instituto Histórico e Geográfico o certificado de membro honorário que lhe foi
entregue por Fletcher e posteriormente o cientista agradeceu pessoalmente ao
Instituto pelo título recebido (16 de junho de 1865).
[8] O projeto inicial propunha a
navegação entre New York e Belém no Pará, mas acatando sugestão do então
Ministro das Relações Exteriores, o Visconde do Rio Branco, o Imperador Dom
Pedro II estendeu a linha até o porto do Rio de Janeiro.
[9] Neste período ocupa-se também das
atividades arqueológicas desenvolvidas nas cidades enterradas de Pompéia e
Herculano. Poucos artigos sobre Nápoles pode ser lido como os escritos por ele
para a Enciclopédia Britânica.
[10] Constance conheceu o famoso
escritor britânico (Irlandês) Oscar Wilde, quando ambos estiveram na Itália,
estabelecendo-se uma amizade que perdurou por muitos anos e foi reproduzida em
personagens de seus livros reciprocamente.
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