Introdução
O protestantismo demorou mais de trezentos anos para
finalmente iniciar seu processo de implantação no Brasil.
As
duas frustrantes tentativas, por meio de invasões comercial-militar, dos franceses (1555-1560) e dos holandeses (1630-1654) não contribuíram muito para a implantação
da expressão religiosa cristã protestante no país. Ainda que deixassem marcas
positivas indeléveis na consciência dos habitantes brasileiros apenas serviu
para aumentar substancialmente todo o arsenal de preocupações das autoridades
portuguesas quanto aos invasores com sua religião protestante. Imediatamente a
Igreja Católica Romana restabelece a hegemonia religiosa, proibindo toda e
qualquer outra manifestação de fé, implantando de forma implacável a cartilha
da horrenda Inquisição Religiosa. O Brasil fica totalmente isolado de todos os
movimentos religiosos, sociais e políticos que estão influenciando e
transformando o mundo europeu e americano. A partir do repúdio destes grupos
invasores anticatólicos, tudo e todos estrangeiros com qualquer resquício de
religião protestante passaram a serem vistos como inimigos e deveriam ser
imediatamente combatidos e extirpados, de maneira que toda estruturada
religiosa protestante foi extinta.
Desta forma melancólica e frustrante se finda
mais um capítulo, ao gosto popular brasileiro, da novela protestante no Brasil,
mas ainda que com um intervalo de um século e meio, novos capítulos e com
conteúdo mais pospositivo começarão a serem escritos.
A
presença protestante no Brasil somente começara a ver uma luz no fim do túnel,
após dois acontecimentos históricos de suma importância para o Brasil e os
brasileiros: a transferência da Família Real Portuguesa e a Independência do
Brasil.
O ano
de 1808 torna-se um marco muito importante para o protestantismo brasileiro,
pois sem invasão e sem derramamento de sangue, ele vai receber de presente sua
primeira e fundamental abertura para ser implantado no país, das próprias mãos
da autoridade maior da nação, o então Regente D. João VI.
Esta data marca a transferência da família
real portuguesa para o Brasil, que será fundamental não apenas para a futura
implantação dos diversos ramos do protestantismo no país, mas para a Nação como
um todo, pois nunca mais as coisas serão a mesma depois desta data, que não é,
mas deveria ser um feriado nacional em deferência a alguns bastante
questionáveis em vigência atualmente.
No
dia 28 de janeiro de 1808, portanto, uma semana após desembarcar no porto da
Bahia, D. João VI vai assinar, no Senado da Câmara seu primeiro e mais famoso e
importante ato em território brasileiro: a carta régia de abertura
dos portos brasileiros ao comércio de todas as nações amigas. No bojo deste
ato comercial está a primeira abertura oficial para que se pudesse expressar
outra fé cristã, além da católica romana. Simbolicamente este ato demarca o
último ato do Brasil de monopólio católico romano e o primeiro do Brasil
protestanizado, através de suas mais diversas ramificações, que em breve
haveriam de serem transplantadas no país.
Se a
transferência da família real para o Brasil, em 1808, tem sua importância para
o desenvolvimento do protestantismo no país, o momento da Independência (1822) também
se torna emblemática para perpetuar este processo protestante.
Entre
tantos desafios que o jovem Imperador D. Pedro I tem que enfrentar, é a
elaboração da primeira Constituição da nova nação. Depois de muitas idas e
vindas, ele vai produzir e promulgar a primeira Constituição brasileira, em 25
de março de 1824, que será uma das mais inovadoras entre todas elaboradas na
época, com exceção da americana e a mais duradoura de todas que foram
elaboradas no Brasil posteriormente, e que foi substituída somente 1891 pela
primeira, das muitas, constituição republicana.
Uma
das maiores novidades contida nesta primeira Constituição brasileira era a
clausula referente à liberdade de culto. Ainda que em 1808 D. João houvesse
incluído uma restrita liberdade religiosa no Tratado de Livre Comércio, é com
D. Pedro I que a plena liberdade religiosa vai de fato ser estabelecida. Ele
teve o cuidado de manter o catolicismo como a religião oficial do novo Império,
mas de forma pioneira, desde o descobrimento do Brasil, protestantes, e adeptos
de quaisquer outras expressões religiosas poderiam professar livremente sua fé.
E mais ainda, assegurava-se constitucionalmente, a plena liberdade de imprensa
e de opinião, de modo que ninguém poderia ser preso sem processo formal e sem
amplo direito de defesa. Infelizmente, ignorada por quase a totalidade dos
brasileiros, o texto original da Constituição de 1824 jaz atualmente no Arquivo
Nacional, no Rio de Janeiro.
Nenhum grupo religioso soube aproveitar ao máximo este artigo
constitucional como os protestantes. Eles não apenas começam a se instalarem no
país, como iram aproveitar todos os meios de comunicação da época, preferencialmente
os jornais e revistas, para a divulgação de suas mensagens evangélicas de
conteúdo protestante.
Entre
as denominações protestantes, a primeira a se estabelecer efetivamente no
Brasil, foi o presbiterianismo. Com a chegada do jovem missionário Rev. Ashbel
Green Simonton no porto do Rio de Janeiro, em agosto de 1859, inicia-se
oficialmente a implantação e expansão da Igreja Presbiteriana no território
nacional.
O
Documento abaixo transcrito (abud, RIBEIRO, 1981), é o primeiro esboço
histórico sobre o início das atividades presbiterianas no Brasil. E como o título expressa “Esboço de Uma
História”, o autor não está escrevendo uma história completa do
presbiterianismo no país, mas tão somente, relatando sucintamente à sua Junta
de Missões, a qual está subordinado, uma visão mais ampla das atividades
iniciais desenvolvidas por ele e seus companheiros missionários.
Entre
a data da produção do documento (1876) e a chegada de Simonton (1859) se
passaram apenas 17 anos, portanto, trata-se efetivamente dos primórdios
históricos das atividades presbiterianas no Brasil.
A
relevância deste documento está na oportunidade que ele proporciona de tomarmos
conhecimento das formas e do dinamismo com que os missionários pioneiros e os
primeiros membros das igrejas estabelecidas se empenharam em levar a mensagem
cristã de viés protestantes a todos os brasileiros.
Em
tão pouco tempo os presbiterianos estão instalados em diversos estados
brasileiros, como Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Bahia e Pernambuco.
Juntamente com as igrejas são estabelecidas as primeiras escolas protestantes,
que no transcorrer da evolução histórica se tornarão colégios e universidades.
A
leitura deste documento primário, produzido pelo Rev. Alexander Latimer
Blackford, que desembarcou em 1860, pouco mais de um ano após Simonton, tem
muito a oferecer aos pesquisadores do protestantismo no Brasil.
OBS.: Após o final do documento coloco algumas referências bibliográficas sobre
a história do presbiterianismo no Brasil.
Utilização livre desde que citando a fonte
Guedes, Ivan Pereira Mestre em Ciências da
Religião.
Universidade Presbiteriana Mackenzie
me.ivanguedes@gmail.com
Outro Blog
Reflexão Bíblica
http://reflexaoipg.blogspot.com.br/
DOCUMENTO - ESBOÇO DE UMA HISTÓRIA [Presbiterianismo no Brasil]
Pelo Rev Dr. Alexander
Latimer Blackford em 1876.
O primeiro missionário
de nossa Igreja, Rev. Ashbel Green Simonton, desembarcou no Rio de Janeiro em agosto de
1859. O autor deste esboço, com a esposa, em 1860. Depois de aprender a língua
o Sr. Simonton alugou local para a pregação em português, em maio de 1861. Era
uma pequena sala no 3º andar[1]
de um prédio em rua central.
Sua primeira assistência
foram dois homens a quem tinha dado aulas de inglês: compareceram em atenção ao
professor. Ficaram interessados e na reunião seguinte trouxeram um amigo. Na
terceira reunião havia meia dúzia de pessoas; o número de presentes foi crescendo,
e até hoje tem sempre aumentado.
Em janeiro de 1862, o
Sr. Simonton organizou a primeira Igreja Presbiteriana do Rio de Janeiro (e do
Império); dois homens foram recebidos por profissão de fé. Um deles tinha
estado naquele primeiro culto em português; o outro, era um comerciante de Nova
Iorque cuja conversão foi resultado dos esforços do Sr. Simonton.
Até o fim de 1875, mais
de duzentos pessoas já tinham sido recebidas por profissão de fé e arroladas na
Igreja do Rio de Janeiro, quase todas convertidas do Catolicismo.
Temos atualmente, numa
das localidades mais centrais da cidade, um prédio de tijolos bem construído,
que comportará facilmente 600 pessoas. Na mesma propriedade, pertencente ao
Presbitério do Rio de Janeiro, há sala de conferências, sala de aulas, livraria
e moradia para uma família de missionários. Além dos cultos regulares na
igreja, há cultos e reuniões de oração nos vários subúrbios da cidade, com
resultados animadores. Além de exemplares das Escrituras, grande número de
livros e folhetos são distribuídos anualmente por meio da livraria; e muitos
destes alcançam cidades e lugares distantes. Desde 1864, um jornal bimensal, a Imprensa Evangélica, é publicado regularmente, e sua influência tem sido extensa e poderosa.
Leva as boas novas a muitos lugares que não poderiam ser alcançados por outro
meio ao nosso alcance.
Em outubro de 1863, por
ordem da Junta, foi lançada nossa missão em São Paulo. São Paulo tem cerca de
25.000 habitantes, é capital da província do mesmo nome, e sede de uma das
faculdades nacionais de direito. Conquanto seja um dos campos mais difíceis
para o trabalho evangélico em todo o pais, é provavelmente o segundo em
importância, depois da Capital do Império. Foi escolhido com acerto pela Missão
como sede de sua escola para o preparo de ministros nacionais e professores. É
um centro de influência de onde o poder do Evangelho poderá irradiar-se não só
para toda a província, mas também para todo o pais.
A pregação da Palavra
naquela cidade, onde a infidelidade e a corrupção prevalecem, logo deu bons
frutos, pelo poder de Deus. Foi organizada uma Igreja em 1865, quando vários
convertidos foram recebidos por profissão de fé.
O progresso do trabalho
em São Paulo foi mais lento e, por algum tempo, menos seguro que em outros
lugares; mas já está estabelecido. O número de membros arrolados desde o começo
se eleva a mais de cem. Fato digno de nota é o grande número de membros que se
mudam para outras partes, levando a bênção consigo. Quatro dos primeiros que
ali professaram sua fé são ministros ordenados, e dos outros, recebidos mais
tarde, dois ou três estão se preparando para o ministério. Há vários anos
funciona em São Paulo um externato para meninos e meninas, anexo à Igreja.
Acaba de ser construído um prédio para o uso da missão, bem localizado, no qual
há salão de cultos, salas de aulas para a escola e acomodações para o
departamento teológico e de treinamento. Os fundos para este fim obtidos até
agora, foram conseguidos principalmente pelos esforços incansáveis do irmão
Chamberlain que tem lutado com dificuldades que desanimariam a maioria dos homens.
Os primeiros fundos foram angariados pelo 'Memorial Fund Committée" em
1872. Contribuições de membros nacionais da Igreja em São Paulo, e de amigos
pessoais do Sr. Chamberlain entre os estrangeiros, elevaram a quantia para
cinco mil dólares, com os quais foi comprado o terreno e o material, em I875.
Dez mil dólares foram subscritos nos Estados Unidos. Os mil ou dois mil que
ainda faltam para completar a obra serão provavelmente doados pelos
interessados. Um generoso amigo da Causa, fez doação de três mil dólares pura
um fundo permanente; e mais duas doações de trezentos e cinquenta
dólares anuais para o sustento de mais um professor.
São Paulo tem sido o
centro de um vasto trabalho itinerante, que já dá resultados imediatos, e dará
mais no futuro.
A população adulta é
acessível ao Evangelho em quase toda parte. Por meio dela a geração vindoura
poderá ser mais facilmente alcançada. A pregação do Evangelho é o
meio ordenado por Deus para a salvação de almas e o estabelecimento do Seu
reino entre os homens. Isto o Senhor confirmou-nos por experiência, logo no
começo do trabalho da Missão em São Paulo. No fim de 1863, e durante 1864,
alguns livros e folhetos e uns poucos exemplares das Escrituras tinham sido
distribuídos pelo Rev. J. M. da Conceição, antigo vigário da paróquia do
distrito de Brotas, região agrícola a 250 km da Capital. Depois de muitos e
urgentes pedidos de que alguém fosse pregar lá, finalmente foram visitados por
pregadores em fevereiro e novamente em abril de 1865. Era uma viagem cansativa
e penosa a cavalo, por estradas ruins e, às vezes, por caminhos estreitos. O
sistema de trabalho era ir de um lugar para outro e de casa em casa, pregando,
lendo e explicando trechos da Bíblia. O Espirito de Deus já tinha estado lá,
preparando o caminho, e estava presente para selar Sua Palavra no coração dos
homens. A verdade se apoderou daquelas mentes rústicas, mas inteligentes.
Malfeitores, que tinham sido o terror da região, sentavam-se mansamente aos
pés de Jesus; homens e famílias que viviam na mais vil ignorância e corrupção,
eram salvos e erguidos do seu estado de decadência. Em novembro do mesmo ano,
1865, foi organizada a igreja, com onze convertidos do romanismo, os quais
foram batizados em nome de Cristo. A reunião em que foi organizada aquela
igreja realizou-se numa choupana feita de paus fincados no chão e coberta de
sapé.
Nos fins de 1868, o Rev.
R. Lennington foi residir em Brotas onde, apesar de não ter havido até então nenhum
pastor ou missionário permanente, o rol da igreja linha aumentado, em três anos,
de onze para setenta membros. Duas ou três visitas anuais tinham sido feitas
por missionários de São Paulo; mas muitos dos resultados foram obtidos pela
leitura da Palavra e pelos esforços dos próprios convertidos. Sendo, por
natureza, inteligentes, vivos e ativos, muitos desses homens analfabetos, com
a Palavra de Deus nas mãos, têm se tornado uma força para o bem nos lugares
onde residem. Aquela pequena igreja, organizada no meio do sertão em 1865, já
se desdobrara, em 1875, em cinco igrejas entre Rio Claro, 75 km a leste, e Rio
Novo, 180 km para o interior, a sudoeste, com uma extensão de 60 a 75 km de
norte a sul. Este vasto campo, com suas cinco igrejas e outros pontos de
interesse e importância nos arredores, está nas mãos do Rev. J. F. Dagama, que
reside no Rio Claro, e do Rev. A. B. Trajano, um dos jovens pastores preparados
pela Missão, que reside em Brotas.
As escolas são
indispensáveis, onde forem instaladas igrejas.
Em Rio Claro há um
grande externato. Em Brotas e em vários pontos dentro dos limites daquela
congregação, também em Rio Novo, e, talvez, em mais outros lugares, têm sido
organizadas escolas, algumas das quais já vêm funcionando satisfatoriamente há
vários anos; e algumas já quase se mantêm. A Missão tem casa na vila de Brotas
que é usada para moradia, aulas e cultos. Em Alto da Serra, dentro dos limites
da congregação de Brotas, apesar de se situar 50 km distante, os crentes
construíram uma casa modesta onde funciona a Igreja, a escola e onde reside um
professor. O mesmo se dá em Rio Novo. Em alguns lugares, há cursos noturnos
para adultos, e tem havido casos de velhos terem querido aprender a ler para
poderem ler a Bíblia por si mesmos e para os outros.
Muitos daqueles que
aceitaram o Evangelho nos arredores de Brotas tinham vindo da província vizinha
de Minas Gerais, a uma distância de 150 ou 300 km. Pois os convertidos de
Brotas levaram a verdade a seus amigos e parentes. E temos hoje igrejas
organizadas em Borda da Mata, Caldas e Machado. O Rev. M. G. Torres, também
fruto de nossa Missão, ministra a essas igrejas além de visitar e pregar em
outras localidades, na medida do possível.
Em Sorocaba, 90 km a
oeste de São Paulo, há uma igreja e uma escola. É o centro natural de um vasto
campo. O Sr. Leite, licenciado, reside e trabalha ali.
Em Lorena, meio-caminho
entre São Paulo e Rio de Janeiro, há uma igreja organizada desde 1868; e
distante 18 km, outra foi organizada em 1874. Estas igrejas por enquanto não
tem pastor, mas são visitadas de vez em quando pelos irmãos do Rio de Janeiro.
Lorena é o centro de um campo importante e promissor.
O Rev. F. J. C.
Schneider ocupou a Bahia como campo missionário em 1871. Bahia é uma cidade
grande, com cerca de 200000 habitantes, situada a 130º de latitude Sul. Não há lugar que necessite
mais do Evangelho. Mas é um campo difícil e o progresso no trabalho é lento. Contudo, tem dado alguns frutos.
Cachoeira, a uns 75 a 90 km da Bahia, foi ocupada como campo missionário pelo
irmão Houston no princípio de 1875, e no mesmo ano foi organizada igreja. O
campo parece promissor.
Deveríamos ter
mencionado acima que a cidade do Rio de Janeiro, além de contar com uma
população dê cerca de 500.000 habitantes, dá acesso a várias outras cidades
importantes. Em Petrópolis, residência de verão da Corte, e importante estação
de veraneio, temos uma pequena congregação. Seria cansativo enumerar todos os
pontos importantes aos quais se tem acesso desse grande centro.
Em 1869, os Srs. Lane e
Morton, da Igreja Presbiteriana do Sul, ocuparam o campo missionário de
Campinas, na Província de São Paulo, situada a cerca de 100 km a noroeste da
Capital. É uma cidade de, talvez, 10000 almas e foi escolhida com acerto como
centro dos trabalhos. O trabalho desses dois missionários tem sido grandemente
abençoado. Eles têm uma igreja em Campinas e outra na Penha, à distância de 75
a 90 km; e pontos de pregação muito promissores em outros lugares.[2]
O que eles consideram
seu trabalho mais importante ali é um internato que inauguraram com grande
esforço, e que funciona regularmente há dois anos. Chegaram a contar 150 alunos,
na sua maioria filhos de famílias católicas romanas. A instrução religiosa,
francamente evangélica, é parte essencial de seu programa de ensino. Sua
Missão naquela cidade foi reforçada pelo Rev. Boyle e professores enviados dos
Estados Unidos.
A Igreja do Sul também
estabeleceu campo missionário, no começo de 1873, na cidade de Pernambuco,
situada a 8.º de latitude Sul. É a terceira cidade em tamanho, no Império, e,
talvez, a segunda em importância. Conta cena de 150.000 habitantes. Ê a capital
da província, sede de uma das universidades ou faculdades de direito nacionais
e tem um grande comércio estrangeiro. Naquele campo estão os Srs. J. R. Smith e
William Le Conte. Embora pareça promissor para o futuro, por enquanto,
aparentemente, só foi realizado o trabalho preliminar.
O Irmão Schneider
durante seus primeiros quatro anos dedicou-se ao trabalho entre os alemães e
ficou desanimado. Temos verificado que a presença de protestantes alemães
sempre atrapalha nosso trabalho com os brasileiros.
Existem dificuldades no
trabalho no Brasil. Além daquelas que resultam da depravação, fraqueza e
incredulidade humanas em toda parte, há muitas peculiares ao pais.
Há completa tolerância
legal mesmo para o trabalho evangelístico mais ativo, tolerância esta que o
Governo parece disposto a defender; contudo os protestantes estão sujeitos a
restrições civis e embaraços legais. Os crentes, muitas vezes, sofrem
perseguições tanto sociais como domésticas. Por exemplo, um membro de uma de
nossas igrejas em Minas Gerais, homem de 35 anos e pai de família, levou uma sova de sua
mãe por ter abandonado a religião de seus pais. Aguentou a sova com paciência e continuou firme em sua fé em Jesus.
A porta está aberta para
o Evangelho no Brasil. O país deveria estar evangelizado nos próximos dez anos.
Pode ser e será se a Igreja se levantar e fizer o seu dever. O Senhor foi
adiante e maravilhosamente preparou o caminho. Não teríamos tempo para enumerar
os pontos importantes a serem ocupados, ou falar dos numerosos e urgentes
pedidos que temos recebido para ir pregar, que têm vindo, frequentemente, de
lugares distantes, onde uma Bíblia, um livro, um folheto, ou uma Imprensa Evangélica falou a respeito da
Palavra ou do trabalho, mas onde nenhum pregador jamais foi e para onde,
infelizmente, não temos quem mandar. Em uma população assim preparada e
ansiosamente à espera do Evangelho, há apenas um pastor para cada 500.000
almas, enquanto que nos Estados Unidos há para cada 750.
Relacionadas com nossa
Missão temos 16 igrejas organizadas, com um total de 668 membros. A Missão da
Igreja do Sul tem 4 igrejas.
Do Sketch
of the Brazil Mission, by Rev. A. L
Blaçkford
(apud,
Sketches
of The Presbyterian Board of Foreign Missions, Mission House, 23 Centre Street, New York, s/d)
Referências Bibliográficas
FERREIRA, Júlio Andrade. História da Igreja Presbiteriana do Brasil, vol. 1 e 2. São Paulo:
Casa Editora Presbiteriana, 1957.
GUEDES, Ivan Pereira. O protestantismo na cidade de São Paulo – presbiterianismo: primórdios
e desenvolvimento do presbiterianismo. Alemanha: Ed. Novas Edições
Acadêmicas, 2013.
LESSA, Vicente Themudo. Annaes da Primeira Egreja Presbyteriana de São Paulo – Subsídios para a
História do Presbiterianismo Brasileiro. São Paulo: Ed. Primeira Igreja
Presbiteriana Independente de São Paulo, 1938.
LUZ, Waldyr Carvalho. Nem General nem Fazendeiro, Ministro do Evangelho. Campinas: Luz Para o Caminho, 1994.
MATOS, Alderi Souza de. Os pioneiros presbiterianos do Brasil. São Paulo: Editora Cultura
Cristã, 2004.
______________________
Uma Igreja Peregrina – história da Igreja presbiteriana do Brasil de 1959 a
2009. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2009.
OLIVETTI, Odair. Igreja Presbiteriana de São Paulo (1900-2000) – na esteira dos passos
de Deus. São Paulo: IPUSP/Editora Cultura Cristã, 2000.
READ, William R. Fermento religioso nas massas do Brasil. São Bernardo Campo (SP):
Imprensa Metodista, 1967.
RIBEIRO, Boanerges. Protestantismo no Brasil monárquico (1822-1888): aspectos culturais da
aceitação do protestantismo no Brasil. São Paulo: Pioneira, 1973.
__________________ Protestantismo e cultura brasileira. São Paulo: Casa Editora Presbiteriana, 1981.
SOARES, Caleb. 150 Anos de paixão missionária – o presbiterianismo no Brasil. Santos (SP): Instituto de Pedagogia Cristã, 2009.
VIEIRA, David Gueiros. O protestantismo, a maçonaria e a questão religiosa no Brasil. Brasília: Editora da Universidade de Brasília, 1980.
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