Proêmio
Quando
se fala de Calvino a maioria o minimiza como autor da obra teológica as
“Institutas da Religião Cristã” ou simplesmente as “Institutas”, como o Dr.
Luhesius Smits que declara: “Calvino foi
homem de apenas um livro”.[1] Infelizmente esta miopia
literária não é isolada, mas permeia grande parte dos estudiosos. No caso
brasileiro ainda é mais grave, pois noventa por cento dos que se autodenominam
“Calvinistas” jamais leram ao menos uma obra dele na integra; os membros das
igrejas que adotam o pensamento teológico elaborado por Calvino desconhecem sua
história e suas obras. Hoje muitos, porque ouviram alguns sermões ou leram meia
dúzia de artigos na internet, têm adotado a “teologia Calvinista e/ou
reformada”, mas não tem a mínima ideia do que isso significa.
Como as
Institutas são bastante conhecidas creio ser oportuno redescobrirmos os
preciosos e fundamentais comentários bíblicos elaborados pelo reformador de
Genebra e que cobrem quase por completo todos os livros do cânon bíblico e que
perfazem a totalidade do pensamento de Calvino – para entender as Institutas é
necessário conhecer os comentários e para compreender a exegese bíblica de Calvino
é preciso conhecer suas Institutas – porque foi desta forma que ele arquitetou sua
biblioteca bíblico-teológica.
A razão
pela qual empreendo essa série de artigos está no fato de que os comentários de
Calvino influenciaram profundamente as igrejas da tradição reformada e uma redescoberta
destas obras nos dias atuais creio ser de grande valia e uma contribuição não
apenas para uma melhor compreensão de Calvino, mas também para uma compreensão
mais profunda das Escrituras nesta época de tanta superficialidade exegética.[2] Calvino foi um
comentarista único e extremamente esclarecedor: sua educação como humanista,
seu extenso conhecimento do trabalho de outros intérpretes da Bíblia, tanto da
literatura Patrística quanto da literatura contemporânea de sua época, sua
erudição clássica (latim, grego e hebraico), suas ideias como reformador e
pastor da igreja, e sua competência exegética e compreensão da mentalidade
bíblica - tudo isso fez dele um intérprete permanentemente novo e esclarecedor.
Ainda a
guisa de informação é preciso lembrar sempre que essa biblioteca de comentários
foi produzida em meio a todas as desventuras pelas quais Calvino passou:
intenso trabalho pastoral, enormes responsabilidades cívicas em relação à
administração pública de Genebra, sua delicada condição física em decorrência
de varias enfermidades e dores, o falecimento da esposa e do único filho, além
das revisões periódicas das Institutas, formulação de catecismos, elaboração de
inúmeros opúsculos e tratados,[3] mais de mil cartas,[4] algumas com mais de dez
laudas, pregações[5]
e aulas durante todos os dias da semana. Poucos entenderam o valor da palavra
escrita, como promotora do Evangelho e edificação da igreja, como Calvino: “Além do cargo comum de pastor, tenho outros
deveres que dificilmente me permitem relaxar. No entanto, não considerarei meu
tempo livre melhor gasto de nenhuma outra maneira [do que escrevendo
comentários]”.
Uma
última observação técnica para melhor compreensão da tabela abaixo é que os trabalhos
exegéticos que Calvino pessoalmente escreve e organiza e edita levam o título
de "Comentário" e aqueles os quais ele não teve tempo para organizar
e aprofundar, mas que apenas fez a revisão é denominado de “Preleção” (material
de sala de aula). A maioria dos Comentários do Antigo Testamento foi ministrada
como palestras em sala de aula na Academia de Genebra que atraia estudantes de
teologia às centenas da França, Inglaterra, Escócia, Holanda e outros lugares[6]. Ele falava pausadamente e
com voz firme, para que as palavras pudessem ser registradas com bastante
precisão, tanto pelos alunos que o faziam em formato de tópicos, como por seus “secretários”
voluntários que anotavam cada palavra. Quando em sua casa, examinava tudo o que
fora anotado, e somente depois de fazer as devidas correções autorizava para
que fosse publicada com dedicatória pessoal a amigos e pessoas influentes,
principalmente os governantes da França, Inglaterra, Escócia, Holanda e em
outros lugares.
Neste árduo trabalho de
“secretário” destaca-se o trabalho incansável de Jean Budé [Bude], filho do
grande humanista Guillaume Budé [Bude] e seu cunhado Charles de Jonvillers, que
devido à terrível perseguição dos huguenotes (protestantes franceses) foram
atraídos para Genebra e foram morar na rua em que Calvino residia. Eles foram incansáveis
na preparação dos Comentários sobre Jeremias e Lamentações, sobre Ezequiel,
Daniel e os Doze Profetas Menores, que ocupam dezessete volumes na tradução
para o inglês. Posteriormente foi contratado o serviço de Denis Raguenier para
transcrever o seus sermões.
Os
comentários produzidos por Calvino totalizaram 45 volumes: trinta do Antigo
Testamento exceto: Juízes, Rute, Samuel, Reis, Ester, Neemias, Esdras,
Provérbios, Eclesiastes e Cantares; quinze do Novo Testamento: exceto II e III
João e Apocalipse; sendo que ele inicia pelos livros do Segundo Testamento [NT]
e posteriormente os do Primeiro Testamento [AT]. É preciso ressaltar que, na
maioria das vezes, a cronologia das edições não corresponde à das publicações,
por diversos motivos, como por exemplo, a epístola aos Romanos cuja redação foi
concluída em outubro de 1539, mas sua impressão somente ficou pronta em março
de 1540, pois os editores aguardavam a primeira feira literária em Frankfurt
para lançarem esse primeiro trabalho exegético de Calvino, visto que ele ainda
não era conhecido no mercado literário. Havia também as interrupções, como o
longo intervalo entre 1540-1546 em que ele estava totalmente focado na
reorganização da Igreja, pois como ele mesmo declarava sua vocação como restaurador
da Igreja de Genebra vinha em primeiro lugar.
Abaixo coloco uma pequena
tabela cronológica das edições dos comentários bíblicos elaborados por João Calvino,
tendo por base as informações da “Senebier's
Literary History of Geneva”
e prefácios dos comentários referidos, bem como algumas observações
que nos permitem visualizar o imenso trabalho que ele empreendeu.
Posteriormente haverei de abordar cada comentário em artigos separados.
Livro
|
Data Edição |
Observações |
Romanos
|
1540 |
Impresso em
Estrasburgo em março de 1540; o conteúdo é provavelmente um resumo revisado
das palestras/aulas que ele deu em Genebra de 1536 a 1538. A escolha de Calvino
é muito bem pensada, visto que esta carta paulina enfatiza as doutrinas
fundamentais do protestantismo e se opõe diretamente às tendências pelagianas
da Igreja Católica. No prefácio de seu comentário, Calvino diz que a Carta
aos Romanos, entendida corretamente, é uma chave que dá acesso a todos os
tesouros escondidos das Escrituras. |
1
e 2 Coríntios |
1546 |
O comentário da
Primeira aos Coríntios chegou a Estrasburgo em novembro de 1545 e sua
impressão é anunciada para a feira da primavera em 1546, o que de fato
ocorreu. A Segunda Epístola aos Coríntios foi publicada por ele apenas alguns
meses depois de seu Comentário sobre a Primeira Epístola, sua dedicatória da
Segunda Epístola, data de 1º de agosto de 1546, enquanto a dedicatória da
Primeira Epístola data de 24 de janeiro de 1546. Nesse período Calvino
enfrentava muitas lutas e dificuldades, teve que lidar com o desanimo dos
genebrinos, por causa das ameaças do Imperador Carlos V, a reação negativa às
pregações e direcionamentos dados por ele e as falsas acusações sobre seu
ensino doutrinário. Mas, ele encontrou nestas duas epístolas paulinas o
consolo e animo para continuar seu ministério pastoral. Ao enviar o
trabalho de Segunda Coríntio para ser impresso em Estrasburgo e devido a
longa espera de confirmação que o documento havia chegado, ele resolveu que
sempre haveria de fazer uma cópia antes de envia-los. Mas devido a guerra
entre o imperador Carlos V e os príncipes alemães (1546-1547) esta e as
demais acabaram sendo impressas em Genebra. |
|
1548 |
Há um consenso,
não unanime, de que os comentários de Calvino das epístolas paulinas se
constituem em seu melhor desempenho como exegeta e interprete, onde seu
pensamento se amalgama com textos destas epístolas. Provavelmente porque elas
tratavam de contextos muito semelhantes ao que Calvino estava vivenciando na
própria pele. Seus comentários sobre essas quatro epístolas de Paulo foram
escritos em 1548, um ano de conflito mais hostil com os inimigos da verdade.
Mas em suas correspondências deste ano emana uma atmosfera de convicção de
que Deus haveria de sustenta-lo, bem como ao seu ministério. |
Gálatas |
Winer, ao falar
do Comentário sobre os Gálatas, "sua perspicácia em perceber e sua
clareza em expor a mente do apóstolo são igualmente maravilhosas". |
|
Efésios |
Poucos
comentaristas alcançaram as profundezas das “insondáveis riquezas de Cristo”
como João Calvino. Todos os comentaristas reformado e uma quantidade grande
de outros círculos cristãos são devedores ao comentário elaborado pelo
reformador genebrino. Certamente essas obras e constitui em um modelo a ser
seguido por todos que intentarem comentar essa epístola ou qualquer outro
livro bíblico. |
|
Filipenses |
Na medida em que
se toma conhecimento da pessoa que Calvino realmente era é inevitável fazer
uma identificação direta entre ele e esta preciosa epístola paulina. Assim
como Paulo se encontrava em uma situação crítica quando a escreveu,
igualmente Calvino encontrava-se em um momento igualmente crítico de seu
ministério quando a comentou. Com certeza Calvino encontrou profundo consolo
nesta epístola. |
|
Colossenses |
Semelhantemente
Calvino vai encontrar ressonância na epístola aos Colossenses, onde Paulo faz
repetidas alusões à circunstância de "laços" que lhe são colocados para
prendê-lo e impedir seu ministério por causa de Cristo. |
|
1
e 2 Timóteo |
1548 |
Poucos se
preocuparam tanto com a preparação de pastores e líderes da igreja quanto Calvino.
Nesse comentário das epístolas pastorais é possível sentir o batimento
cardíaco de um coração apaixonado pelo ministério e seu zelo pela igreja. Calvino
faz uma dedicatória a Edward Seymour, duque de Somerset, que de 1547 a 1549
serviu como guardião do jovem rei Eduardo VI e com o apoio de Thomas Cranmer
introduziu a Reforma na Inglaterra, mas a morte precoce do jovem rei foi um
duro golpe. |
Hebreus |
1549 |
No fim de 1548 e
inicio de 1549 Calvino pregou expositivamente em Hebreus; o comentário foi
publicado após 23 de maio daquele ano. No prefácio ele dedica o comentário ao
rei Sigismundo da Polônia, realçando o fato de que a epístola trata sobre a
divindade e exaltação de Cristo e, portanto torna-se um tesouro sem igual.
Aproveita para apelar ao rei que promova a Reforma na Polônia. |
Tito |
1550 |
Aproveitando que Tito
havia sido um amigo leal e cooperador com Paulo no ministério, Calvino
aproveita o prefácio para realçar as figuras de Guillaume Farel e Pierre
Viret, a quem ele chama de “verdadeiros servos de Jesus Cristo, amados irmãos
e colaboradores na obra de nosso Senhor Jesus Cristo”. |
1
e 2 Tessalonicenses e Filemom |
1550 |
Em 17 de
fevereiro de 1550, Calvino prefaciou tanto 1 Tessalonicenses, quanto 2
Tessalonicenses, todavia os comentários foram impressos somente 1551, quando se
imprimiu uma edição completa das Epístolas paulinas, juntamente com Hebreus. Nesta edição de
1551, com prefácio de Theodore Beza, também foi incluída os comentários de Calvino
sobre a Epístola a Filemom, que não havia sido ainda publicado. |
Tiago,
1 e 2 Pedro, 1 João e Judas |
1551 |
Após fazer a exposição
de Hebreus Calvino inicia as exposições das epístolas gerais (católicas) de
1549 a 1550; a publicação deste livro foi em 1551. O comentário de Tiago
foi impresso solitariamente em 1550 fruto das reuniões ministeriais que eram
realizadas todas as sextas-feiras, mas no início de 1551 foi acoplada em um
volume que continham também a exposição de 1 e 2 Pedro, 1 João. e Judas. Quando ele
escreveu o comentário sobre Judas, no título, Calvino aludiu à publicação anterior
de 1542, e que continha provavelmente palestras em sala de aula que ele havia
dado, esclarecendo que esta nova edição era "revisada e mais
detalhada". O fato de omitir a Segunda e Terceira carta de João, implica
em sua dificuldade em inclui-las nesse conjunto canônico. Ele faz uma
dedicação ao jovem rei inglês Eduardo VI e o compara ao jovem rei Josias,
pois ambos tinham sobre sua responsabilidade restaurar a genuína fé e culto
(igreja). |
Atos |
1552 |
Ele deve ter
começado esse comentário no início de 1550, pois havia completado uma parte
substancial, um terço, mas o surgimento de outras questões o fez interromper.
O comentário se tornou tão grande que Calvino publicou os primeiros treze
capítulos por conta própria em 1552 e somente em 1554 foi publicada a segunda parte (Atos
14-28). O primeiro volume ele havia dedicado ao rei Cristiano III da Dinamarca, que
adotara o luteranismo e o segundo volume ao filho dele, Frederico, agora
constituído corregente. Ele espera que a leitura de Atos anime ambos monarcas
a zelarem pela pureza da igreja conforme as propostas emanadas pela Reforma
Protestante. |
João |
1553 |
De 1550 a 1553
ele prega no Quarto Evangelho; o comentário foi publicado em 1553. Ele faz
uma dedicação ao Conselho de Genebra onde se refere a Genebra como um centro
de refugiados para os cristãos que haviam sido expulsos de outros lugares e
que em razão desse acolhimento Deus haveria de abençoar a cidade e seus
moradores. Calvino haverá de citar com frequência quando da elaboração do
comentário dos evangelhos sinóticos. |
Mateus,
Marcos e Lucas (Harmonia). |
1555 |
Três volumes
(inglês) merecem menção especial como surpreendentes trabalhos de
organização, tanto de narrativa quanto de tópicos; evidências convincentes da
compreensão de Calvino das Escrituras como um todo e em detalhes. Sempre que
necessário ele se refere ao comentário de João, anteriormente editado. Ele segue os
arranjos de Mateus ao qual vai introduzindo as narrativas dos demais
evangelistas Marcos e Lucas, organização semelhante à proposta de seu amigo Martin
Bucer cuja obra havia sido editada em 1527. Ambos defendem que não é possível
examinar apenas um dos sinóticos, pois não se contrapõem e sim se completam. No transcorrer
desse comentário Calvino combate o ensino dos anabatistas de que o Antigo
Testamento se tornou desnecessário com a vinda de Jesus. Calvino se
contrapõe, pois entende que uma genuína compreensão dos Evangelhos somente é
possível quando se percebe neles o cumprimento daquilo que a Lei e os
Profetas anteriormente proclamaram. Para se conhecer o Novo Testamento é
fundamental que se conheça o Antigo Testamento. |
Isaías |
1551 (1559) |
Foi o primeiro
comentário em que Calvino se engajou na interpretação do Antigo Testamento.
Nicolas des Gallars (Gallasius) assistiu às palestras de Calvino sobre
Isaías, tomou notas e as desenvolveu, deixando para Calvino uma revisão final
e possíveis correções. Calvino dedicou o comentário ao jovem rei Eduardo VI
da Inglaterra, na esperança de que o rei, de acordo com Isaías 49.23, coopere
no processo de implantação da Reforma na igreja inglesa, após um período
muito difícil (conturbado rei Henrique VIII), mas o jovem rei morre
precocemente (1553) e em seu lugar reina a católica Maria Stuart. Em 1559 sai uma nova edição
revista e ampliada por Calvino, que havia aumentado em um terço em relação à
edição de 1551. Ele faz uma dedicatória para nova rainha inglesa Elisabete I,
que rejeita por causa de suas diferenças com o reformador escocês John Knox. Na introdução do
comentário, Calvino trata o ofício dos profetas, a quem ele vê como
intérpretes da lei. |
Gênesis |
1554 |
Ele já havia ministrado
a exegese de Gênesis em 1550 para seus alunos, mas colocar esse material na
forma de livro não flui tão rapidamente devido o acumulo de trabalho com outros
deveres. Faz uma
dedicatória aos três filhos Johann Friedrich, eleitor da Saxônia, que havia
morrido lembrando-lhes que a minoria protestante deveria manter-se unida,
apesar de algumas diferenças teológicas. |
Salmos |
1557 |
Foi impresso em
Genebra e seguido por uma edição em francês, que foi refeita, pois ficou
aquém do original latino (Calvino), e publicada em 1561. Todo carinho de Calvino
pelos Salmos fica explicitado no fato de que os lecionou na Escola, os expos
nos estudos bíblicos semanais (liderança) e escolhia um Salmo para pregar nos
cultos dominicais da tarde. |
Oséias
(Preleções) |
1557 |
Em 1556, e talvez
até mais cedo, Calvino iniciou suas lições expositoras de Oséias. Todas as
palestras sobre Oséias foram publicadas em Genebra em 1557, tanto em latim
quanto em francês e foram as primeiras palestras que Jean Bude e Charles Jonvillers
transcreveram literalmente, pois Calvino não tinha tempo de elaborar o
material para uma edição mais ampla. Mesmo a contragosto, como expressa em
seu prefácio, ele permite esta primeira experiência de reproduzir seu
material de palestras. Mas o experimento provou ser bem-sucedido e todas as
suas palestras subsequentes foram publicadas em latim e em francês. |
Profetas
Menores (Preleções) |
1559-1560 |
Em setembro de
1558 ele ainda não havido concluído suas preleções de Malaquias, pois estava
muito adoentado de maneira que foi necessário fazer as últimas palestras em
sua casa, para todos quantos puderam comparecer, para que pudessem serem
enviadas para impressão, o que vai ocorrer em 1559 (latim) e em 1560
(francês). Uma vez mais ele
esclarece no prefácio de que não está plenamente satisfeito com a impressão
das preleções, mas admite que lhe falta tempo para se ocupar com a preparação
melhor destes comentários e tem esperança que elas possam ser úteis aos
leitores em geral. |
Daniel
(Preleções) |
1561-1562 |
As preleções em
Daniel foram concluídas em agosto de 1561, as quais ele dedica aos huguenotes
e outros sinceros servos de Deus que lutam em favor da reforma da igreja na
França. O livro de Daniel é oportuno como modelo de um cristão em meio a um
governo ímpio. A edição em latim das palestras sobre Daniel foram impressas em
1561, e a tradução em francês ocorre um ano depois em 1962. |
Êxodo a Deuteronômio (Harmonia) |
1563 |
Como já havia
comentado Gênesis em separado, agora ele empreende uma Harmonia dos outros
quatro livros do Pentateuco. Ao fazer um arranjo diferente tem como proposito
facilitar o entendimento por parte de seus leitores desses relatos
registrados por Moisés. Neste arranjo
literário ele faz uma distinção entre narrativa histórica e instrução, onde primeiro
organiza uma série de passagens da Bíblia relacionadas à história do período,
seguida da instrução, tendo como ponto convergente os Dez Mandamentos. O próprio Calvino
faz uma tradução francesa do comentário para corrigir os erros da edição
latina anterior. Esta tradução foi publicada em 1564. |
Josué |
1564 |
Em meio à sua
tradução para o francês de Gênesis e da Harmonia de Êxodo-Deuteronômio e a
deterioração de sua saúde, Calvino ainda conseguiu terminar seu comentário
sobre Josué, mas a impressão saiu somente após sua morte, em francês, para
que os leitores pudessem ler o prefácio de Theodore Beza que faz uma pequena biografia
de Calvino. Posteriormente foi editado o comentário em latim. |
Jeremias
e Lamentações (Preleções) |
1563-1565 |
Suas palestras
sobre Jeremias e Lamentações foram lançadas em Genebra (latim) em 1563 e a
tradução em francês em 1565. Ele alerta sobre o apóstata François Baudouin,
que havia traído a confiança de Calvino e se apropriado indevidamente de
correspondências pessoais dele para difama-lo diante de autoridades
católicas. |
Ezequiel
1-20 (Preleções) |
1565 |
A última obra de Calvino
ficou inacabada, no sentido de edição, devido ao seu falecimento. Muito
enfraquecido pela enfermidade, precisou deitar-se no sofá, mas não pode
prosseguir na explicação de Ezequiel, que foi interrompida no final do
vigésimo capítulo, o que se reveste de um valor simbólico ainda maior. De
novembro de 1552, a fevereiro de 1554, Calvino pregou todo o livro do profeta
Ezequiel durante seus dias de semana, o que fazia em semanas alternadas, o
que se estendeu por exatamente um ano e meio. A série de sermões foi
organizada em três volumes: V.1 – 55 sermões; V.2 – 51 sermões e V.3 – 69
sermões. Ele se encontrava
na metade de sua segunda década em Genebra desde sua instalação como "professor
das Sagradas Escrituras" e, portanto, no auge de sua maturidade como
mestre e pregador. Como Calvino não fez a exposição do livro do Apocalipse,
seus sermões em Ezequiel é o grande parâmetro de suas hermenêuticas-exegéticas
de textos profético-apocalípticos. |
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Utilização
livre desde que citando a fonte
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Ivan Pereira
Mestre
em Ciências da Religião.
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Referências
Bibliográficas
CALVINO, JOÃO. Institución de Ia Religión
Cristiana. Países Bajos: FELiRé, 1986.
ELLIS, Mark A. (Ed.).
The Arminian Confession of 1621. Eugene, Oregon: Pickwick Publications A
division of Wipf and Stock Publishers.
ELWELL, Walter A. (org). Enciclopédia
Histórico-teológica da Igreja Cristã. São Paulo, Vida Nova, 1990.
FELD, Helmut (Ed) loannis
Calvinoi Opera Omnia. 12 vols. Geneva: Droz, 1992. Este projeto esta
atualizando a Calvinoi Opera do século XIX [1863-1877]. Estudiosos reconhecidos
acrescentam novas notas e informações bibliográficas para cada um dos escritos
de Calvino.
GREEF, Wulfert. The
Writings of John Calvino: An Introductory Guide. Trans. L. D. Bierma. Grand
Rapids: Baker, 1989.
HAROUTUNIAN, Joseph (Ed). Calvino: Commentaries. London: Westminster John Knox Press, 1958. [The Library of Christian Classics].
McKIM, Donald K. (Ed). The Cambridge Companion to John Calvino. Cambridge University
Press, 2004.
PARKER, Thomas Hnry Louis. Calvino's Old Testament Commentaries. Westminster John Knox Press,
1993.
________________________. Calvino's New Testament Commentaries. Westminster John Knox Press,
1993.
[1] Mesmo que fosse verdade essa obra por
si só revela a grandeza e profundidade do pensamento bíblico-teológico de
Calvino. Ele produziu ao todo oito edições de sua obra magna em latim e cinco
traduções para o francês. A 1ª edição (1536) tinha apenas seis capítulos e a
última (1559) totalizou oitenta.
[2] João Calvino foi um escritor e pregador
prolífico, como pode ser verificada na Bibliotheca Calvinoiana (3 vols.) -
Editada por Rodolphe Peter e Jean-Francois Gilmont, Genebra: Droz, 1991-2000; eles
identificam 329 edições de títulos publicados entre 1532 e 1564. A
disponibilidade de muitas das obras de Calvino em várias edições e idiomas do
século XVI até o presente é único entre os reformadores.
[3] Calvino escreveu muitas obras de
natureza apologética ao polemizar com católicos, anabatistas, libertinos e
outros grupos; outros escritos seus
tratam de temas como a Ceia do Senhor, a doutrina da trindade, a predestinação
e o livre arbítrio
[4] As mais de 1.200 cartas existentes de
Calvino são úteis para entendê-lo como indivíduo, pastor e conselheiro ao lidar
com questões pessoais, analisar eventos ao seu redor e aconselhar colegas e
líderes em questões espirituais. As cartas são janelas que nos permitem ver Calvino
como pessoa.
[5] Em suas pregações, Calvino fazia a
exposição sistemática dos livros da Bíblia. Ele costumava pregar sobre o Novo
Testamento aos domingos e sobre o Antigo Testamento durante a semana.
[6] Alguns dos maiores teólogos
protestantes da época foram alunos nesta Academia. Mas a maioria dos que
assistiram a suas palestras retornavam a seus países para trabalhar, e
frequentemente sofrer e morrer, pelo estabelecimento e pelo progresso da fé
reformada.
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