[Artigo Revisado em 2505/2019]
Nestes
dias em que presenciamos uma multiplicidade de cursos teológicos protestantes
(evangélicos) proliferando por todo país, inclusive dentro das Universidades
não confessionais, é difícil pensar que o Brasil, desde quando foi inserido no
contexto mundial em 1500 pelos portugueses, demorou quase quatro séculos,
exatamente 367 anos para que o primeiro curso teológico protestante
fosse iniciado no país[1].
Coube então ao jovem missionário estadunidense Rev. Ashbel G. Simonton
(1833-1867), que aqui chegara em 1859 para implantar a denominação
presbiteriana,[2] um dos ramos histórico do
protestantismo, e que apesar da brevidade de suas atividades missionárias, “como
que prevendo a brevidade de suas atividades missionárias que seria tolhida por
sua morte precoce aos 34 anos” (GUEDES, 2013, p. 29), deixou uma herança de
valor incalculável para o desenvolvimento do presbiterianismo no país, entre as
quais a instalação do primeiro seminário protestante no país.
A educação sempre foi uma das vertentes primordiais do protestantismo desde seu
início. É com Martinho Lutero e Calvino, assim como os demais líderes
reformistas que o ensino público obrigatório passou a ser inserido nas pautas
governamentais.[3] Os centros acadêmicos protestantes
tornaram-se fecundos e fecundantes dos ideais e propostas alavancadas pelo
movimento reformador. A “Academia de Genebra” (Suíça) implantada por
João Calvino tornou popular o sistema teológico por ele elaborado e esboçado em
sua obra mor – As “Institutas da Religião Cristã”, assim como o sistema
de governo eclesiástico representativo presbiteriano, onde as igrejas elegem seus
pastores, presbíteros e diáconos, com tempo do exercício de suas funções
preestabelecidos. Através da Academia Genebrina, esse conjunto
teológico-eclesiástico se disseminou por toda a Europa[4] e posteriormente atravessou o Oceano
Atlântico para ser implantado primeiramente na América do Norte, através
dos imigrantes advindos da Grã-Bretanha, e no final dos oitocentos começou a
ser transmigrado e/ou transplantado para a América do Sul através de
missionários estadunidense chegando deste modo ao Brasil.
Como
acima referido o Rev. Simonton traz em seu bojo missionário o alto conceito
protestante de uma educação eficiente. Naquele momento o Brasil é um país de
analfabetos conforme pode ser visto no resultado do primeiro Censo
brasileiro, em 1872, que atesta uma taxa de analfabetismo para o conjunto do
País de 82,3% para as pessoas de 5 anos ou mais, situação que não se altera
quando da realização do segundo Censo, realizado dezoito anos depois em 1890
(82,6%), no início da República.[5] Diante de um quadro tão tenebroso o jovem missionário
coloca como prioritário em sua agenda – a escola. Em seu diário registra:
“O plano de uma escola protestante aqui, de grau elevado, para ingleses e os
brasileiros que quisessem frequentá-las, tem ocupado muito dos meus pensamentos
ultimamente” (SIMONTON, 1982, p.158).[6] O mais rapidamente possível inicia
uma pequena e singela escola primária para meninos no mesmo local onde funciona
a iniciante Igreja Presbiteriana do Rio de Janeiro, em um edifício alugado no
antigo Campo de Santana, hoje a Praça da República, a partir de 1867 e
posteriormente inicia também uma escola de alfabetização para adultos à noite.
O
reverendo Simonton havia sido professor de meninos em sua terra natal e tinha
claro que a conversão passava pela leitura da bíblia, o que era inviável para
uma população com alto índice de analfabetismo. Para ele, criar escolas era
condição mais do que necessária para levar a bom termo a propagação da fé
religiosa e para a evangelização do país que lhe dera acolhida. A cada grupo
convertido nas vilas do interior, solicitava à missão que enviasse um professor
ou pagasse o salário de algum mestre ali radicado que pudesse formar uma classe
de primeiras letras.
A
abertura de escolas em lugares distantes da igreja, também foi uma maneira de
atingir uma parcela da população que se espalhava em pequenas vilas
interioranas de difícil acesso e onde os representantes do clero não costumavam
chegar. Para essa população, colocada em orfandade católica, a religião era
bem-vinda e possibilitava casamentos e batizados, além da devoção cotidiana. Ainda
mais, o que dizer de uma escola que ensinasse as primeiras letras às crianças até
então completamente afastadas da educação quer fosse pública ou religiosa? Desta
forma os missionários dedicados à educação passaram a constitur uma missão à
parte, conforme pensamento da Junta de New York, e em suas mãos repousava o
primeiro caminho para levar a palavra do Senhor à população ignorante (ALMEIDA,
2000, s/p).
O
Rev. Alexander L. Blackdord em sua carta-relatório reafirma esta opção pela
implantação de escola como caminho eficiente para o desenvolvimento do projeto
missionário:
Rio
de Janeiro – Inauguramos uma escola diária para meninos e meninas ... a mesa
administrativa em Nova York já nomeou uma mestra para a escola (Miss. Mary P.
Dascomb) ... Miss Dascomb já havia morado no Rio, aonde viera em 1866, para ser
preceptora dos filhos do Cônsul norte-americano. Nessa época, encontrou-se com
Simonton e fez amizade com ele” (1968).
Essas
pequenas escolas umbilicadas com as igrejas foram estabelecidas em diversas
locais, tendo no Rev. João Fernandes Dagama (1830-1906) um de seus mais
entusiastas fomentadores, permitindo assim que crianças e adultos fossem
alfabetizados e pudessem ler por si mesmos a Bíblia (RIBEIRO, 1981, p. 183-198).
Apesar da precariedade dos locais e sem carteiras, lousas e material didático
apropriado as escolas iniciadas por Dagama conseguia proporcionar um ensino de
boa qualidade, pois suas professoras eram altamente qualificadas,[7] atendendo assim os filhos dos
imigrantes e da população mais carente.
Todo esforço de Simonton e seus companheiros missionários centra-se no binômio
– educação e religião,[8] pois diante do quadro de
analfabetismo da grande maioria da população e o fato de que a mensagem
evangélica protestante que desejam comunicar está centrada no livro (Doutrina,
Culto, Hinos), somente lhes restam uma alternativa – educar para salvar, de
maneira que a educação (escolas) e a comunicação da mensagem (pregação)
tornam-se as duas faces de uma mesma moeda.[9]
Paralelamente à necessidade premente da educação básica, Simonton começa a
sonhar com a preparação acadêmica teológica dos primeiros pastores
presbiterianos brasileiro. Intuitivamente ele sabe que somente com a formação
de um ministério bem preparado de pastores nacionais, para assumirem a
liderança da igreja em formação, seria possível uma expansão permanente. Sabia
por experiência própria que os missionários encontravam no aprendizado da
língua e na adaptação cultural uma enorme limitação para uma comunicação eficaz
da mensagem, tornando o desenvolvimento da missão moroso, de maneira que um
crescente número de pastores nacionais bem capacitados asseguraria não apenas o
dinamismo como também a consolidação de todo trabalho realizado (SHAULL, 1959,
p.111). Sem tempo para maiores reflexões Simonton vai utilizar-se das
estruturas protestantes importadas dos americanos, que inicialmente será
positivo, mas que ao longo do tempo se constituirá em uma camisa de força,
inibindo o surgimento de um protestantismo autóctone e mais identificado com a
cultura nacional, criando um fosso cada vez maior entre a proposta evangélica
protestante e a sociedade brasileira – que perdura ainda no
século XXI[10].
Tal
sonho parecia ser mais, um desvario de um jovem missionário empolgado, do que
uma realidade, visto que o presbiterianismo é naquele momento totalmente
incipiente no Brasil. Mas, de uma possibilidade futura remota começa-se a se
esboçar uma necessidade premente, pois com a ordenação do ex-padre José Manoel
da Conceição, a expansão presbiteriana toma forma desproporcional[11] e a necessidade de pastores
torna-se a cada dia mais urgente. Nas correspondências de Simonton e seus
companheiros missionários multiplicam-se os rogos por mais pastores, mas as
respostas da junta missionária matriz são morosas e insuficientes. Só há uma
forma de se resolver esta equação – iniciar um seminário no Brasil[12].
Seminário Primitivo[13]
Como referido anteriormente Simonton autorizado pela Missão aluga um pequeno
prédio no centro do Rio de Janeiro, localizado no número 39 da Praça da
República, que tinha na época o nome de Campo Sant’ana, posteriormente Praça da
Aclamação (FERREIRA, 1952, p. 59; LESSA, 1938, p. 111; RIBEIRO, 1981, p. 258).
O pequeno edifício composto de três andares[14]
haveria de abrigar diversas atividades da missão: o primeiro andar foi
reservado para ser o espaço da igreja, utilizando o amplo salão da frente, que
poderia receber até quatrocentas pessoas e onde se celebravam os cultos e
estudos bíblicos; em um salão ao fundo funcionava a escola paroquial iniciada
por Simonton, e um quarto ao centro foi reservado para depósito de bíblias,
livros e tratados religiosos. No terceiro andar foi instalada a família do poeta
Santos [Sanctos] Neves,[15] cuja
esposa, D. Gervasia exercia as funções de organista da igreja e diretora da
escola paroquial, que chegou a ter uma frequência de mais de 70 alunos,
conforme registro do Rev. Antonio Trajano em seu artigo “Esboço Histórico da
Egreja Evangelica Presbyteriana” (apud, REIS, p. 16). O segundo andar fora
ocupado exclusivamente pelo seminário; os estudantes foram ali acomodados, bem
como espaço para ministração das respectivas matérias letivas. Logo os membros
da pequena comunidade presbiteriana se referiam ao segundo andar como o
“seminário”. No dia 14 de maio de 1867, iniciam-se as aulas do primeiro
seminário presbiteriano (protestante) no Brasil, tendo como professores e
respectivas matérias: Rev. A.G. Simonton, que ensinava Teologia; Rev. Charles [Carlos]
Wagner,[16] lecionava
Grego e História Eclesiástica e o Rev. F.J.C. Schneider, Ciências e Matemática.
O Rev. Antônio Trajano, relembrando aqueles primeiros dias de seminarista
registra em um longo artigo, que será citado em pequenos extratos: “Foi aí,
finalmente, que se organizou e se estabeleceu o primitivo seminário
presbiteriano do Brasil, o qual deu as primícias do ministério que já saía da
Igreja nascente”.
Os quatro estudantes iniciantes foram: Modesto Perestrello Barros de
Carvalhosa, Antônio Bandeira Trajano, Antônio Pedro de Cerqueira Leite e Miguel
Gonçalves Torres. Todos completaram seus estudos e oportunamente foram devidamente
examinados pelo Presbitério e ordenados como pastores brasileiros pioneiros da
Igreja Presbiteriana do Brasil.
Eles não eram jovens desprovidos de preparo, pois eram estudantes que traziam
em seus bojos algum conhecimento preliminar: Carvalhosa havia sido aluno em
colégio interno; Trajano havia feito estudos preparatórios por quase dois anos
em São Paulo; Antônio Pedro era versado em gramatica portuguesa e latim (que
havia aperfeiçoado com o então Padre José Manoel da Conceição); e Miguel Torres
dedicara suas preciosas horas em estudos autodidatas, que muito lhe valeram no
transcorrer do curso superior.
No período de férias acadêmicas participavam das atividades missionárias, de
maneira que dois permaneciam no Rio de Janeiro, enquanto os outros dois eram
enviados para os diversos campos que estavam sendo abertos e careciam de assistência.
Ao retornarem para o segundo ano, a grade curricular fora acrescida de novas
matérias: introdução ao grego, matemática avançada e exercício de declamação,
para melhorar a oratória. Ficará ausente do currículo acadêmico deles a matéria
da língua hebraica e dos quais foram dispensados quando de seus exames para
ordenação. Também foram convidados para auxiliarem na Escola Paroquial que
estava em pleno funcionamento, de maneira que cada seminarista assumiu
respectivas matérias: Modesto lecionava inglês; Antônio Pedro, música; Trajano,
geografia e aritmética e Miguel Torres, gramática. A Escola Paroquial toma um
novo impulso e desenvolvimento.
As correspondências do jovem estudante Antônio Pedro tornam-se janelas
preciosas para expiarmos a dinâmica deste primeiro Seminário. Em uma de suas
correspondências dirigidas à sua mãe, ele nos permite um destes olhar:
O
sr. Schneider é nosso mestre. Ele já me passou para álgebra, onde me acho
atolado desde os pés até a cabeça. A álgebra quase me deixa sem miolos. Daqui a
quinze dias tem de haver uma discussão entre os senhores Modesto e Miguel
acerca de um ponto da Escritura marcado pelo sr. Blackford. Participo-lhe que
já houve a grande discussão sobre a tradição. Em primeiro lugar falei eu
afirmando que ela fazia parte da nossa regra de fé. Negou depois de mim em um
discurso o sr. Modesto. Falou em terceiro lugar o sr. Trajano, meu companheiro,
reafirmando o que eu tinha sustentado, e em último lugar o sr. Miguel. Sou
parte suspeita para dizer alguma qualquer coisa acerca desta discussão; mas
apelo para o Sr. Chamberlain, que acabado tudo, disse ao Sr. Blackford que não
achava termos a verdade do nosso lado (FERREIRA, 1950, p. 21).
Em outra correspondência comenta sobre a saúde dos estudantes e professores:
Graças
a Deus vou passando com saúde, e por ora contente, embora tenha sofrido e sofra
muito com a separação. Os estudantes passam bem; o sr. Modesto e o sr. Trajano
estão gordos, e o sr. Miguel, posto que ainda sofra da sua tosse, contudo vai
indo também sofrivelmente.
E
continua ele em outra correspondência: “Estamos debruçados sobre os
livros. O senhor Trajano voltou de Lorena e chegou gordo e corado. O sr. Miguel
tem tido uma tosse há muito tempo, da qual ainda não está bom, e acha-se um
pouco pálido”. No caso deste último estava acometido da tuberculose e
posteriormente foi transportado para a cidade de Caldas, com clima mais
adequado ao seu tratamento.
Desses
quatro seminaristas pioneiros, dois fizeram parte da formação da primeira
Igreja Presbiteriana de São Paulo: Miguel Torres e Antônio Trajano. Em cinco de
março de 1865 o Rev. Blackford recebia por profissão de fé, em culto público,
os primeiros seis membros da nascente igreja: Manoel Lopes Braga, Miguel
Gonçalves Torres, Antônio Trajano, José Maria Barbosa da Silva,
Ana Barbosa da Silva e Olímpia Maria da Silva. Os outros dois seminaristas
Modestos Perestrello (25 de março de 1866) e Antônio Pedro (30 de dezembro de
1866) ingressariam no ano seguinte.
Trajano havia sido levado ao conhecimento do evangelho protestante através de
José Maria Barbosa da Silva (Barbosinha) e por sua vez trouxe o jovem amigo
Miguel Torres à conversão evangélica. Ambos trabalhavam em comércios colocados
frente a frente, mas que pertencia ao mesmo proprietário, à Rua da Quitanda e
compartilharam o mesmo dormitório nesta época.
Essa primeira experiência acadêmica teológica foi abreviada ainda em sua
primeira turma, pelo falecimento precoce de seu mentor Rev. Simonton. Apesar de
ser substituído pelo Rev. Blackford na direção, outros fatores como a retirada
do Rev. Carlos Wagner (luterano) para a Suíça, e a concomitante transferência
do Rev. Schneider para a cidade da Bahia, e pela impossibilidade de se formar em
curto prazo um novo corpo docente, o Seminário encerra suas aulas.
Concluo esse sucinto relato com as informações oferecidas pelo Rev. Herculano
de Gouvêa (1922, p. 486), quando faz uma pequena homenagem aos quatro primeiros
formandos e ordenados pastores presbiterianos, onde destaca alguns detalhes de
cada um deles.
Rev.
Modesto Perestrello Barros de Carvalhosa: foi o primeiro dos seminaristas a
ser ordenado em 20 de julho de 1871, assumindo o pastorado da IPB de Lorena.
Desenvolveu atividades pastorais nas cidades de Campos (RJ), por dez anos e que
fora organizada por ele e o Rev. Blackford, também no Rio de Janeiro, Curitiba
por cinco anos, São Paulo (foi auxiliar do Rev. George Chamberlain) e
posteriormente assumiu o pastorado da Segunda IPB de São Paulo, que após a
junção com a pequena IPB Filadelfa tornou-se a Igreja Presbiteriana Unida de
São Paulo. Desenvolveu atividades literárias seja escrevendo ou traduzindo
obras entre as quais: Compendio de Doutrina Cristã; Livro de Ordem;
Compendio Elementar de Escrituração Mercantil (utilizada no currículo
do Mackenzie College); na área litúrgica fez uma adaptação do Diretório
do Culto Público de Westminster, que foi inserido na Constituição da IPB;
preparou um Manual de Culto voltado para s lideranças leigas,
bem como sermões e artigos religiosos.
Rev.
Antônio Bandeira Trajano: apesar de estar atuando como licenciado desde
1870, sua ordenação somente ocorre cinco anos mais tarde, no dia 10 de agosto
de 1875, na cidade de Rio Claro. Assume o pastorado de Brotas (terceira IPB e a
primeira iniciada por José Manoel da Conceição) e concomitantemente as igrejas
de Rio Novo e dois Córregos. Também atuou no pastorado em São Paulo e durante
15 anos pastoreou a IPB do Rio de Janeiro, sendo o primeiro pastor nacional a
assumir a primeira IPB do Brasil. Foi nomeado o primeiro historiador da IPB e
em 1902 publica o “Esboço do presbiterianismo no Brasil”, e em 1902
outra obra “Esboço Histórico da Igreja Evangélica Presbiteriana” em comemoração
aos 40 anos da IPB do Rio de Janeiro. Produziu obras na área pedagógica:
Aritmética Primária, Aritmética Elementar Ilustrada,[17] Aritmética Progressiva; Álgebra
Elementar, obras que foram utilizadas em muitas escolas por todo o Brasil,
sempre recomendadas pelos melhores especialista da área. Ainda escreveu a obra
Estudos da Língua Vernácula. Na área religiosa produziu: duas séries de sermões
sob o tema a Luz Messiânica; diversos históricos do evangelismo nacional;
sermões avulsos e artigos em jornais e revistas.
Rev.
Miguel Gonçalves Torres: foi ordenado juntamente com seu colega Trajano, em
10 de agosto de 1875, assumindo os pastorados da IPB de Caldas, Machado e Borda
da Mata. Posteriormente organizou diversas igrejas na região sul de Minas
Gerais. Excelente polemista suas obras reproduzem essa habilidade: A Igreja
Romana à Barra do Evangelho e da História,[18] foi escrito no contexto da maior
crise religiosa no Brasil Império conhecida como “Questão Religiosa” que
culminou com a queda da Monarquia e início da República; Vida de Jesus, uma
obra homônima do racionalista francês J. Ernest Renan (1823-1892); A Religião
Evangélica Perante o Público, por uma solicitação do Presbitério do Rio de
Janeiro, foi publicado pela Junta de Publicações da Igreja do Norte (PCUSA);
bem como diversos sermões e artigos. Excelente professor, atuou sempre na área
educacional, tendo entre seus alunos mais ilustres o então futuro cientista
Vital Brasil.[19]
Rev.
Antônio Pedro de Cerqueira Leite:[20]
sua ordenação foi no dia 08 de agosto de 1876 e assume o pastorado da IPB de
Sorocaba e Faxina. Mas seu campo certamente foi um dos mais extensos,
incluindo: Tietê, Tauí, Itapetininga, Guareí, Lençois, Paranapanema (divisa com
Mato Grosso), Rio Novo, Capão Bonito e Apiaí. Além de sermões e artigos
publicou o livro “As Bíblias Falsificadas, resposta a uma Velha Pastoral”,
resultante de uma série de artigos para o jornal “Imprensa Evangélica”
de grande interesse e valor. Morreu ainda jovem com apenas 38 anos e apenas 07
de ministério ordenado. Músico de primeira qualidade organizou na cidade de
Sorocaba o primeiro coral presbiteriano do Brasil (1876), que veio a ser
conhecido apreciado por todo o país.
Desta forma, apesar da brevidade desse “Seminário Primitivo”, imitando seu
mentor Rev. Simonton, esta pioneira iniciativa perpetuou o cuidado que a Igreja
Presbiteriana manteve sempre com relação à preparação de seus ministros.
Realçando uma vez mais a crítica já referida acima, de que o enclausuramento
nas instituições teológicas contribuíram em muito para um crescente
academicismo e a consequente alienação dos seminaristas em relação a sociedade
com quem eles teriam que interagir.
Esta
situação vai ser exposta de forma mais veemente na década de cinquenta e início
de sessenta, quando instigados pela presença carismática do Rev. Richard
Shaull, os estudantes de teologia protestantes descem as pontes levadiças de
suas instituições teológicas e eclesiásticas, em um esforço de inteiração entre
a teologia e a prática social, mas que foi totalmente amputada por suas
lideranças eclesiásticas, de maneira que esta inteiração não apenas deixou de
avançar, como retroagiu e enrijeceu ainda mais os limites teológicos
acadêmicos.
A
junção perfeita entre o ministério interativo do Rev. José Manoel da Conceição
e o ensino teológico institucional é a grande utopia do protestantismo
brasileiro. Se isto tivesse sido buscado com maior empenho e menos fobia,
certamente o protestantismo haveria de ter produzido um impacto muito mais
intenso e frutífero no desenvolvimento de uma sociedade mais equilibrada e
sadia.
Com
o alienamento teológico, a sociedade brasileira ficou à mercê de toda sorte de
ideários e ilogismos, perpetuando toda sorte de sentimentos doentios inerentes
às consequências do pecado humano, que hoje se veem escancaradamente em todas
as instâncias sociais e estampadas em todos os meios de comunicação. Por esse
prisma podemos concluir que o protestantismo brasileiro com pela postura
equidistante fóbica torna-se parte responsável pelo caos social que vivemos
hoje na sociedade brasileira.
Utilização livre desde que citando a fonte
Guedes, Ivan Pereira
Mestre em Ciências da Religião.
Universidade Presbiteriana Mackenzie
me.ivanguedes@gmail.com
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[1] Os
jesuítas, segundo Piletti, haviam construído uma ampla rede
teológico-educacional no país, ainda nos quinhentos, conforme seu registro: 36
missões, escolas de ler e escrever em quase todas as povoações e aldeias ...
além de dezoitos estabelecimentos de ensino secundário, entre colégios e
seminários, localizados nos pontos mais importantes do Brasil: Bahia, São
Vicente, Rio de Janeiro, Olinda, Espírito Santo, São Paulo, São Luiz, Ilhéus,
Recife, Paraíba, Santos, Pará, Colônia do Sacramento, Florianópolis, Desterro,
Paranaguá, Porto Seguro, Fortaleza, Alcântara e Vigia. Mas a reforma promovida
pelo Marquês de Pombal (SILVA, 2010, p. 36).
[2] Ele
foi enviado pelo Board of Foreign Missions (Junta de Missões Estrangeiras), de
Nova Iorque, da Igreja Presbiteriana do Norte, passando a ser identificada
simplesmente por Board.
[3] Podemos
perceber esse ethos protestante permeando os processos reformados difundidos na
Europa oitocentista em que a bandeira tremulante é a Educação para todos. Ainda
no século XVII temos a figura de Comênio, que elabora sua normatização
didático-pedagógica e participa efetivamente da organização de todo sistema
escolar básico na Europa reformada. E Jacqueline Gautherin (2006, p. 91) em sua
análise da influência protestante na educação francesa e europeia conclui:
“... a pequena minoria protestante exerceu uma influência notável sobre
a pedagogia universitária e sobre a Ciência da Educação”.
[4] Calvino
em 1559 fundou a Academia Genebrina - Universidade de Genebra. Perseguidos em
seus países um grande número de cristãos críticos da Igreja Romana encontrava
refúgio em Genebra e ingressavam na Academia e posteriormente regressaram aos
seus países de origem: França, Países Baixos, Inglaterra, Escócia, Alemanha e
Itália.
[5] A
Companhia de Jesus, fundada por Inácio de Loyola, se fez presente no Brasil
desde 1549 com o padre Manoel da Nóbrega e José de Anchieta que estabelecem uma
rede composta por igrejas, seminários e escolas, de maneira que passaram a
exercer uma forte influência em todos os estratos da população, por um longo
período de 210 anos (LIMA, 2001, p. 31-46; POMBO, 1959, v.1, p. 178-188;
PILETTI, 1996, p. 38). Somente com a reforma promovida por Pombal esta rede
jesuíta foi desmantelada, o que acabou deixando o país sem qualquer projeto
educacional, que viria a se constituir em um amplo campo de atuação dos futuros
ramos protestantes que aqui chegaram.
[6] Simonton
convida um de seus irmãos, James, para que viesse abrir uma escola voltada para
os filhos das elites. James aceitou a proposta chegando no Brasil em junho de
1861, mas a escola não saiu do projeto, mesmo assim ele permaneceu lecionando
num colégio em Vassouras, por alguns anos (SIMONTON, 1982, p. 162, 172, 176 e
197).
[7] Jane
Soares de Almeida (2000, s/p) destaca que as “mulheres eram as principais trabalhadoras nas escolas, de acordo com o
ideal educativo norte-americano de alocar às professoras a responsabilidade de
ensinar crianças, desde os anos iniciais dos oitocentos”. E complementa que
apesar das preocupações com a segurança dessas professoras nos campos mais
distantes no interior do país, elas tornavam-se indispensáveis no projeto
missionário, e destaca que a força matriz que as impulsionavam a continuarem
firmes era a “concepção de trabalho como
vocação e de glorificação da palavra divina, de acordo com a ascese protestante”,
tão bem exposta por Max Weber em seu trabalho de análise do protestantismo
(2004), de maneira que qualquer impedimento para que elas realizassem sua
vocação “ao contrário do espírito
religioso católico, e ainda atrelado ao colonialismo lusitano que via o
trabalho feminino como desairoso, seria, para os protestantes, impedir a
exposição da vontade divina e as missionárias se constituíram nas principais
educadoras das pequenas escolas paroquias erigidas nas vilas ao lado das
igrejas e também nas escolas maiores fundadas pelos missionários com verba da
Junta dos Estados Unidos”.
[8] O
estudioso do protestantismo brasileiro, Paul Pierson, examinando as atas da
Missão Sul, identifica ao menos cinco alvos explícitos das instituições
educacionais missionárias: Auxiliar na propagação do evangelho, especialmente
entre as classes superiores; preparar os crentes para viverem em um nível
econômico mais elevado, o que lhes permitiria sustentar a igreja e exercer
maior influência na sociedade; proporcionar um ambiente educacional de nível
espiritual e moral mais elevado do que o encontrado nas escolas públicas e
católicas; preparar líderes para a igreja; e contribuir de maneira geral para a
cultura e o progresso da nação ensinando os alunos a usarem seus recursos de
modo mais eficiente (1974, p. 108 e p. 31; apud, MATOS s/d, s/p).
[9] Ramalho
(1976, p. 81) elenca algumas escolas de origem presbiteriana: Instituto Gammon
(Lavras, 1869), Mackenzie College (São Paulo,1870), Ginásio Evangélico Agnes
Erskine (Recife,1904), Instituto Ponte Nova (Wagner,1906), Colégio Quinze de
Novembro (Garanhuns,1907), Instituto Cristão (Castro,1915), Colégio Evangélico
do Alto Jequitibá (Presidente Soares,1923), Colégio Evangélico de Buriti
(Buriti, 1924), Instituto José Manoel da Conceição (Jandira,1928) e Colégio
Dois de Julho (Salvador,1928).
[10] Uma
rara oportunidade de que algo novo pudesse vingar no protestantismo nacional
foi quando os primeiros candidatos brasileiros ao ministério pastoral foram
colocados para acompanhar o Rev. José Manoel da Conceição em seu ministério
itinerante, que tendo vivido asfixiado pela rígida estrutura do catolicismo
romano, almejava experimentar uma plena liberdade para interagir com o povo,
comunicando a mensagem evangélica com mais profundidade e cujo resultado podia
ser facilmente percebido na rápida expansão por todo o interior do país. Mas
infelizmente os jovens candidatos foram abduzidos para dentro da instituição
acadêmica do Seminário, perdendo paulatinamente contato com a dinâmica da
sociedade, na qual deveriam estar interagindo permanentemente (FARIA, 2002, p.
168-169).
[11] “A
mudança radical e que impulsionou de fato o presbiterianismo no solo brasileiro
foi a inserção do ex-padre José Manoel da Conceição. Sua profissão de fé
acontece no dia 23 de outubro de 1864 e sua ordenação como pastor presbiteriano
ocorre em 17 de dezembro de 1865, pelo recém-formado Presbitério do Rio de
Janeiro, que então era composto pelas igrejas do Rio de Janeiro, São Paulo e
Brotas, tendo a última resultada de seu trabalho evangelístico juntamente com
Rev. Blackford. ... Ele por conta própria, sem se deixar amarrar por qualquer
fobia eclesiástica ou teológica, empreende viagens intermitentes pelo interior
de São Paulo, Minas Gerais e Paraná estabelecendo núcleos presbiterianos, que
posteriormente se transformariam em igrejas organizadas. Os resultados
expressivos alcançados por Conceição acabaram animando e despertando outros
missionários e pastores de que a melhor estratégia de evangelização era sair
dos grandes centros urbanos e focar nas cidades menores onde as pessoas eram
mais acessíveis e estavam marginalizadas em relação a assistência religiosa
católica” (GUEDES, 2013, p. 33-34).
[12] Segundo
Mendonça e Velasques Filho cada denominação evangélico-protestante que foi
implantado no país logo cedo percebia a real necessidade de iniciar sua própria
formação teológica para capacitar suas lideranças em decorrência à demanda
crescente (1990, p. 31-59; ver também a excelente obra de SILVA, 2010, p.
53-62).
[13] A
maior parte das informações aqui é extraída do livro biográfico sobre a vida do
Rev. Miguel Gonçalves Torres, um dos primeiros seminaristas presbiterianos,
escrito pelo Rev. Julio Andrade Ferreira, então historiador oficial da IPB,
conforme indicação nas referências bibliográficas.
[14] No
piso térreo funcionava uma fábrica de cerveja (cf. Álvaro Reis, ed. Almanak Historico do O Puritano, p. 87).
[15]
Carinhosamente foi chamado por Themudo Lessa, de “o cisne presbiteriano” (1938,
p. 118).
[16] Carlos
Wagner foi enviado pela Missão de Basiléia, Suíça, para ser pastor em Santa
Isabel (SC), a partir de 1861, e Rio de Janeiro (RJ), a partir de 1865.
Colaborou no Seminário Presbiteriano de 1866 a 1871, quando retornou à Europa,
sendo pastor em Lausanne (Suíça) e depois Glasgow (Escócia). Wagner lecionou
História da Igreja e escreveu durante os anos de 1866 a 1871, a coluna sobre
História do Cristianismo no jornal Imprensa Evangélica, mesmo que seu nome não
tenha sido impresso. Ele o relata nas cartas enviadas ao inspetor Josenhans, da
Missão de Basiléia. Falta escrever uma história da colaboração entre ambas as
igrejas (bem como entre as demais igrejas evangélicas) no século XIX. O reino
de Deus estava acima do divisionismo denominacional, típico da nossa época! (mrfluck9
de fevereiro de 2016). Nesse momento Wagner estava em tramites para transferir-se
para a Igreja Presbiteriana tendo forte apoio do Rev. Blackford (cf. Relatório
de Blackford apresentado ao Presbitério do Rio de Janeiro, Sessão de 18/08/1869,
apud, Coleção Carvalhosa – Relatórios Pastorais, 1866-1875 (Fonte manuscrita) e
Atas do Presbitério do Rio de Janeiro. (Original manuscrito).
[17] Esta
obra visava o ensino de Aritmética nas escolas de primeiras letras, que passou
a ser denominada de ensino elementar. Alcançou reconhecimento nacional e
recebeu uma premiação em 1883, na Exposição Pedagógica ocorrida no Rio de
Janeiro, e teve a sua aprovação e adoção pela Instrução Pública em vários
estados do Brasil, a partir do ano de 1893. Conforme Oliveira esse livro “teve
aproximadamente nove décadas de publicação, pois ficou sabido que sua primeira
edição foi publicada na segunda metade do século XIX, precisamente no ano de
1879, chegando a 138ª edição disseminada no ano de 1960” (2013, p. 19).
[18] O
nome completo da obra: “A Igreja Romana à Barra do Evangelho e a da história na
pessoa de seu campeão o Bispo do Pará ou Analyse e refutação do Catechismo
sobre a Igreja Cathólica de D. Antônio de Macedo Costa por M. G. Torres
Ministro do Santo Evangelho” [grafia original]. O referido bispo católico
elaborara um catecismo atacando os protestantes e suas doutrinas e o Rev.
Miguel Torres sente-se na obrigação de responder enunciando uma a uma as
inverdades teológicas e os equívocos históricos do material católico. A
resposta do pastor presbiteriano foi editada em 1879, ainda nos primórdios do
presbiterianismo; vinte anos após a chegada de Simonton; dez anos depois da
Missão Sul estabelecer-se em Campinas, com Revs George Nash Norton e Edward
Lane; seis anos desde que o Commitee de Nashville colocara em Recife o Dr. John
Rockwell Smith, então pioneiro nordestino. As igrejas anglicanas e luteranas
aqui estabelecidas voltavam-se exclusivamente para inglês e alemães no país; os
metodistas depois de uma grande vacância ameaçava estabelecer-se novamente; ao
Dr. Kalley e seus colportores (congregacionais) faltava-lhes embasamento
teológico e acadêmico para tal empreendimento; os batistas e episcopais ainda
não haviam se estabelecido no país e os missionários americanos esbarravam na
questão linguística nacional. Coube esta árdua responsabilidade ao jovem e
destemido pastor presbiteriano Miguel Gonçalves Torres.
[19] O
educador, Miguel G. Torres e pastor protestante, mantinha uma escola, com
método de ensino americano na Vila de Caldas, a qual o menino Vital Brasil
frequentava. Foi seu instrutor, e através dele recebeu os toques, que vieram
influenciar seu caráter e sua mentalidade. Vital Brazil (Vital Brasil), tem seu
nome ligado ao surgimento do soro antiofídico.
[20] O
único brasileiro nato, pois os seus colegas eram de origem portuguesa.
O mencionado Carlos Wagner foi enviado pela Missão de Basiléia, Suíça, para ser pastor em Santa Isabel (SC), a partir de 1861, e Rio de Janeiro (RJ), a partir de 1865. Colaborou no Seminário Presbiteriano de 1866 a 1871, quando retornou à Europa, sendo pastor em Lausanne (Suíça) e depois Glasgow (Escócia). Wagner lecionou História da Igreja e escreveu, durante os anos de 1866 a 1871, a coluna sobre História do Cristianismo no jornal Imprensa Evangélica, mesmo que seu nome não tenha sido impresso. Ele o relata nas cartas enviadas ao inspetor Josenhans, da Missão de Basiléia. Falta escrever uma história da colaboração entre ambas as igrejas (bem como entre as demais igrejas evangélicas) no século XIX. O reino de Deus estava acima do divisionismo denominacional, típico da nossa época!
ResponderExcluirGrato pelas informações!!
ResponderExcluirEstou inserindo suas informações em meu artigo na nota nº 16. Um abraço!
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