As igrejas reformadas dos
séculos XVI e XVII produziram várias tradições de confissões reformadas
ortodoxas que diferenciavam a fé reformada tanto do catolicismo romano quanto
de outros grupos de igrejas protestantes. As tradições mais conhecidas dessas confissões
incluem a tradição suíça, representada pela Primeira e Segunda Confissões
Helvéticas (1536; 1566) e pela Fórmula de Consenso Helvético (1675); a tradição
escocesa-inglesa, representada pela Confissão Escocesa (1560), os Trinta e Nove
Artigos (1563), a Confissão de Fé de Westminster (1646-1647) e os Catecismos
Menor e Maior (1647) da Assembleia de Westminster; e a tradição
holandesa-alemã, representada pelas Três Formas de Unidade: a Confissão Belga
de Fé (1561), o Catecismo de Heidelberg (1563) e os Cânones de Dort
(1618-1619).
Dessas confissões
reformadas, as sete mais rigorosamente seguidas por várias denominações
reformadas atualmente são as Três Formas de Unidade, a Segunda Confissão
Helvética e a Confissão e os Catecismos de Westminster. Preparei esta harmonia
dessas sete confissões a pedido de um grupo de editores de periódicos
reformados. A harmonia aborda os temas com base nas traduções ou versões mais
utilizadas em inglês dessas confissões. Foi realizada uma atualização mínima na
ortografia e pontuação para garantir consistência. Os editores acreditam que
essa harmonia facilitará o acesso ao conteúdo das grandes conferências
reformadas e ajudará os cristãos reformados holandeses, húngaros,
presbiterianos ingleses e outras tradições reformadas [Brasil] a desenvolver
uma apreciação mais profunda pelas confissões uns dos outros.
A harmonia inclui uma bibliografia
reformada anotada, projetada para auxiliar estudantes iniciantes e avançados da
fé reformada. Estruturei as divisões temáticas e a bibliografia conforme os
artigos da Confissão de Fé Belga, a mais antiga confissão reformada presente na
harmonia. Gostaria de receber sugestões de acréscimos a esta bibliografia para
futuras edições. Encaminhe suas sugestões para 2919 Leonard NE, Grand Rapids,
MI 49525 (fax: 616-977-0889; e-mail: jrbeeke@aol.com ).[2]
Agradeço ao meu estimado
amigo Sinclair B. Ferguson por me ajudar a escrever a introdução histórica das
sete confissões reformadas contidas nesta harmonia. Também agradeço aos meus
diagramadores, Gary e Linda den Hollander, que meticulosamente formataram e
revisaram o documento. Que Deus, em Sua graça, use este volume para despertar
uma apreciação mais profunda pelas nossas confissões reformadas e para
estimular uma maior comunhão entre os crentes reformados de todo o mundo de
língua inglesa [e outras], independentemente da tradição reformada a que
pertençam. A beleza deste livro está em destacar a harmonia entre as
confissões reformadas, apesar da diversidade das várias tradições históricas."
[destaque meu].
Joel R. Beeke
Cronológica das
Confissões Reformadas
Confissão Belga de Fé (1561)
Também conhecida pelo termo
latino do século XVII Confessio Belgica, refere-se aos Países Baixos,
englobando tanto o norte quanto o sul, que hoje correspondem à Holanda e à
Bélgica. Outros nomes para a Confissão Belga incluem "Confissão Valã"
e "Confissão dos Países Baixos".
Esse nome “Confissão Valã” é
referência à comunidade francófona (de fala francesa) do sul da Bélgica e
corresponde às crenças fundamentais da Confissão Belga, sendo amplamente
adotada por igrejas reformadas, especialmente durante a Reforma.
Países Baixos era uma região
que na época abrangia tanto o norte quanto o sul dos atuais Holanda e Bélgica.
Em 1566, essa Confissão foi
revisada pelo Sínodo de Antuérpia. Posteriormente, foi regularmente adotada
pelos sínodos nacionais holandeses realizados nas últimas três décadas do
século XVI. Após uma revisão adicional, o Sínodo de Dort (1618-1619) adotou a
confissão como um padrão doutrinário obrigatório para todos os oficiais das
igrejas reformadas.
Catecismo de Heidelberg (1563)
É um documento histórico e
teológico importante, originalmente escrito em alemão. Ele contém perguntas e
respostas destinadas a ensinar os fundamentos da fé cristã reformada.
Foi escrito em Heidelberg,
Alemanha, a pedido do Eleitor Frederico III (1516-1576), que encarregou
Zacharius Ursinus (1534-1583), um professor de teologia de 28 anos da
Universidade de Heidelberg, e Caspar Olevianus (1536-1587), o pregador da corte
de Frederico, de 26 anos, de preparar um catecismo reformado para instruir os
jovens e guiar pastores e professores.
O conhecimento acadêmico de
Ursinus e a eloquência de Olevianus são evidentes no Documento finalizado, que
foi chamado de “um catecismo de poder e beleza incomuns, uma obra-prima
reconhecida”.
Segunda Confissão
Helvética (1566)
A primeira Confissão (1563)
não satisfez plenamente os diversos ramos protestantes, devido discordâncias
sobre a "presença real" de Cristo na Ceia do Senhor, uma
questão que somente foi tratada posteriormente — pelo menos para calvinistas e
zwinglianos—no Consenso de Zurique (Consensus Tigurinus) de 1549.
Praticamente é um trabalho
pessoal de Heinrich Bullinger de 1562, que posteriormente foi solicitado por Frederico III, Eleitor do
Palatinado, que o traduz para o alemão,
para usá-lo como defesa contra as críticas luteranas na Dieta Imperial de 1566.
Após algumas revisões em uma conferência em Zurique naquele mesmo ano, a
confissão foi aprovada por Berna, Biel, Genebra, os Grisões, Mulhausen,
Schaffhausen e St. Gallen. Foi amplamente aceita posteriormente na Escócia,
Hungria, Polônia e outros lugares.
Cânones de Dort
(1618-1619)
Esse documento foi produzido
no transcorrer do Tribunal do Sínodo de Dort (1618 e 1619), sobre os Cinco
Principais Pontos da Doutrina em Disputa na Holanda que ficou popularmente conhecido
como os Cânones de Dort ou os Cinco Artigos Contra os Remonstrantes
(Arminianos). Consiste em declarações doutrinais adotadas pelo Sínodo, que se
reuniu na cidade de Dordrecht em 1618-1619. Embora este fosse um sínodo
nacional das Igrejas Reformadas da Holanda, tinha um caráter internacional. Era
composto por vinte e sete delegados estrangeiros representando oito países,
além de seus sessenta e dois delegados holandeses.
Esses pontos ficaram
conhecidos como os Cânones de Dort, ou os "Cinco Pontos do
Calvinismo".
Confissão de Fé de
Westminster (1647)
A Confissão de Fé produzida
pelos teólogos de Westminster é, sem dúvida, um dos documentos mais influentes
do período pós-Reforma da igreja cristã. Elaborada com precisão, é uma
exposição cuidadosa da teologia reformada do século XVII. Apesar da serenidade
que transparece em suas frases, ela foi concebida em meio às intensas
turbulências do cenário político que a cercava.
O pensamento teológico
predominante na elaboração da Confissão de Fé de Westminster foi o calvinismo,
uma teologia reformada fundamentada nos ensinamentos de João Calvino. Essa
confissão reflete uma teologia centrada na soberania de Deus, na autoridade das
Escrituras e na doutrina da graça. Além destes pontos abrange outras temáticas:
como a providência divina, os sacramentos, a vida cristã e a organização da
igreja, sempre pela perspectiva reformada e bíblica.
Catecismo Menor de
Westminster (1647)
Esses Catecismos foram
criados com o propósito de instruir e fortalecer a fé dos cristãos de forma
clara e prática. Foram elaborados para atender às demandas de diferentes
públicos e às diversas necessidades da igreja reformada no século XVII,
especialmente nas regiões da Escócia e Inglaterra.
O Catecismo Menor
contém 107 perguntas para as quais, em geral, são formuladas respostas de uma
única frase, embora ocasionalmente uma resposta mais detalhada seja dada. O
padrão seguido é amplamente o da Confissão de Fé, mas aqui as definições
teológicas dadas são compactas e concisas.
Catecismo Maior de
Westminster (1648)
Praticamente um ano depois,
foi elaborado o chamado Catecismo Maior que reflete a mesma teologia e
diversas características do anterior, mas, explorando uma variedade mais
abrangente de assuntos com um nível maior de profundidade. Ele inclui 196
perguntas e respostas, muitas delas consistindo em mais de cem palavras
organizadas em frases detalhadas e complexas.
Contents
Foreword vii
Historical Introduction to
the Reformed Confessions ix
Introduction 2
Theology: The Doctrine of
God
The Being and Attributes of God 6
Revelation 8
The Holy Scriptures 10
The Apocrypha 18
The HolyTrinity 20
The Godhead of the Son 24
The Godhead of the Holy
Spirit 26
God's Decrees and
Predestination 28
Creation 36
Providence 40
Anthropology: The
Doctrine of Man
The Fall of Man, Original
Sin, and Punishment 46
God’s Covenant with Man 52
Free Will and Inability 56
Christology: The Doctrine
of Christ
Christ the Mediator 62
The Names of Christ 62
The Natures of Jesus Christ 66
The Offices of Christ 68
The States of Christ 74
God’s Just Mercyin Christ 82
The Promises ofthe Gospel 82
Soteriology: The Doctrine
of Salvation
Common Grace and External Calling 88
Effectual Calling and Regeneration 90
Saving Faith 94
Justification 98
Sanctification 104
Adoption 106
Repentance and Conversion 108
GoodWorks 114
Perseverance 118
Assurance 126
The Law of God 130
The First Commandment 136
The Second Commandment 140
The Third Commandment 144
The Fourth Commandment 148
The Fifth Commandment 152
The Sixth Commandment 156
The Seventh Commandment 158
The Eighth Commandment 160
The Ninth Commandment 162
The Tenth Commandment and Application 166
Christian Liberty 170
Prayer and Fasting 172
The Lor’s Payer 176
Ecclesiology: The Doctrine of the Church
The Doctrine ofthe Church 188
Union with Christ and the Communion of Saints 196
The Government and Office-bearers of the
Church 198
The Means of Grace: Word and Sacrament 208
Holy Baptism 216
The Lord’s Supper 220
Civil Authorities 230
Celibacy, Marriage, Divorce, and Family
Life 234
Eschatology: The Doctrine of the Last
Things
Resurrection fromthe Dead 240
The Last Judgment and Eternity 242
Selected Bibliography 247
Referência Bibliográfica
BEEKE, Joel R. e FERGUSON,
Sinclair B. (editors). Reformed confessions harmonized. Michigan: Published
by Baker Books. Third printing, February 2000.
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As Dez Teses de Berna
As Sessenta e Sete Teses
[Artigos] de Urich Zwínglio
Reflexões sobre a Reforma
Protestante: Introdução
http://historiologiaprotestante.blogspot.com.br/2013/10/reflexoes-sobre-reforma-protestante.html
Boêmia a Terra Fecundadora
das Reformas Religiosas
Reforma 500 anos – John
Wycliffe
http://historiologiaprotestante.blogspot.com/2017/04/reforma-500-anos-john-wycliffe.html?spref=tw
[1] O
livro está em inglês. Traduzi apenas o prefácio, escrito por Joel R. Beeke, e
alguns pequenos trechos com o objetivo de despertar o interesse do leitor do
blog e auxiliar na compreensão do conteúdo da obra original.
[2] A
edição do livro em questão é de 1999, terceira edição 2000, é possível que o
email citado não seja mais o mesmo.
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