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sábado, 30 de dezembro de 2017

Igreja unida ao Estado (Império): A partir do Edito de Tolentino de Constantino


Depois de Constantino a Igreja Cristã jamais foi a mesma e somente no século XVI ela sofrerá uma transformação tão profunda. Evidentemente que não se devem colocar todos os problemas da Igreja na conta do Imperador, todavia, com ele as deturpações e desvios que já em curso foram efetivadas e outras, advindas da estatização foram agregadas. Os benefícios, e de fato houve vários, de longe perderam para os malefícios que se perpetuaram e se expandiram dentro da Igreja Cristã, como tão bem se pode ver no desenvolvimento de sua história.
Os Descendentes de Constantino
Apesar de terem recebido toda uma orientação cristã em suas formações, os descendentes do Imperador, após sua morte, demonstraram que não haviam assimilado absolutamente nada do cristianismo.
Após a morte de Constantino (337), os numerosos meios-irmãos e sobrinhos se digladiaram pelo poder. Muitos foram mortos em tramas desenvolvidas nas 13 entranhas da política palaciana. Sobreviveram apenas Constâncio II (317-340) que assumiu o trono imperial e dois primos Constâncio Galo e Juliano, que posteriormente exerceram as funções de César.
O novo imperador implementa coercitivamente a “conversão” dos adeptos de outras religiões. As ofertas dos templos pagãos e de seus sacerdotes foram confiscadas e parte transferidas para os templos cristãos. Foram proibidos os sacrifícios e ritos de adoração pagãos foram proibidos e passíveis de punição legal, incluindo a pena de morte. Templos não cristãos foram demolidos ou adaptados para cultos cristãos; torna-se proibido falar contra o cristianismo e qualquer literatura contrária devia ser queimada. Aqui inicia o período de terror cristão que perdurara por dois séculos, onde milhares de pessoas foram mortas das formas mais violentas possíveis. Os cristãos perseguidos se transformam em cruéis perseguidores.
Um pequeno período de retrocesso, em que o cristianismo foi contestado, foi no governo de Juliano (361-363),[1] denominado na literatura cristã de “o apóstata”,[2] sobrinho de Constantino. Apesar de ter sido educado na religião cristã, nutria um antagonismo com a nova religião e se empenhou em resgatar as antigas crenças pagãs greco-romanas.
Depois de vencer Constâncio e assumir o poder imperial, ele assume sua religiosidade pagã e gerando a pergunta perturbadora nos círculos cristãos: voltariam as perseguições religiosas? Conhecedor da história o novo imperador sabia que os perseguidos de hoje se tornam os mártires do amanhã, sua tática é diferente. Proclama um edito de tolerância para todas as religiões e ordena a restauração dos templos pagãos e todo sistema religioso deles, incluindo a retirada dos privilégios financeiros usufruídos pela Igreja Cristã [mexeu no bolso]; simultaneamente promoveu um sincretismo dos ritos pagãos com os ritos cristãos: pregação dinâmica, vestimentas coloridas, musica orações, etc. [qualquer semelhança é mera coincidência].
Teodósio, o primeiro imperador cristão.
Depois da morte de Juliano (363), todos os imperadores romanos adotaram o cristianismo e antes de encerrar o quarto século, a religião cristã torna-se oficialmente religião do império – com Constantino era apenas oficioso. O imperador Teodósio (379-395) é considerado o primeiro imperador ortodoxo, ou seja, que defendia a religião cristã e seus dogmas. Conseguiu que o Senado Romano reconhecesse o Cristianismo como religião oficial. Esse reconhecimento legal incitou lideranças cristãs a promoverem atos violentos contra os templos pagãos. Desta forma oficialmente o cristianismo foi vitorioso, todavia, muitos dos conceitos pagãos já haviam sido inoculados no organismo da igreja cristã.

Utilização livre desde que citando a fonte
Guedes, Ivan Pereira
Mestre em Ciências da Religião.
Universidade Presbiteriana Mackenzie
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Reflexão Bíblica


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[1] Tornou-se soberano inconteste do Império a três de novembro de 361, morrendo a 26 de junho de 363, com 33 anos; reinou, portanto, por apenas dezoito meses.
[2] Um exemplo é a literatura de Gregório de Nazianzo (330-390), contemporâneo do imperador Juliano, em que na coletânea de seus discursos, dois deles, são denominados “Contra Juliano”, refletindo a reação política contra essa volta ao helenismo, por parte da Igreja Cristã. 

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