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terça-feira, 19 de dezembro de 2017

Um Protestante Comprometido Com a Educação Brasileira


Nestes dias em que se debate exaustivamente a questão educacional brasileira é preciso que os protestantes evangélicos reconheçam sua grande parcela de culpabilidade pela atual degradação do ensino público do Brasil e a consequente degradação moral da atual sociedade brasileira e parafraseando as palavras do profeta Daniel façamos delas as nossas: “A nós só cabe o corar de vergonha, a nós e às nossas lideranças eclesiásticas”.
Uma frase muito batida, mas que ainda revela uma grande verdade é que “um grande privilégio trás consigo uma grande responsabilidade”. Os protestantes, ainda que tardiamente, se instalaram efetivamente no país apenas no final dos oitocentos, com a chegada dos missionários estadunidenses e suas respectivas denominações evangélicas.
Todavia, ao chegarem tomaram conhecimento do numero exorbitante de analfabetos em todo o território brasileiro. Esses primeiros missionários não tiveram dúvidas, seguindo a forte correnteza educacional nascida no movimento reformador do século XVI e da qual seu país de origem tornou-se um dos maiores expoentes, resgataram o slogan “Ao lado de uma igreja, uma escola”.
No meio do imenso deserto de analfabetismo da população brasileira, essas primeiras escolas de cunho protestante tornaram-se preciosos oásis para centenas de crianças, jovens e adultos que de outra forma permaneceriam nas trevas da ignorância e alienados do saber e da reflexão salutar que capacita ao pleno exercício da cidadania.
O primeiro retrocesso desta ênfase educacional esboçada pelo protestantismo em seus primeiros anos foi o abandono do projeto das Escolas Paroquiais em favor do projeto dos grandes Colégios. Ainda que a temática tenha sido exaustivamente debatida dentro das comunidades protestantes no Brasil, por falta de uma visão mais evangélica do que monetarista, abriu-se mão das Escolas Paroquias, que tinha uma forte ênfase de inclusão social de todos os filhos dos membros das igrejas locais, para fazer vingar o Projeto dos Colégios, com uma ênfase elitista, pois pouquíssimos membros das comunidades protestantes poderiam arcar com um custo elevado das mensalidades destes Colégios. Ainda que estes Colégios oferecessem bolsas educacionais, que sempre foram escassas e insuficientes,[1] de maneira que a quase totalidade dos filhos protestantes permaneceram alienados de uma educação primária, secundária e superior de excelência, permanecendo reféns de um ensino público, mormente limitado e de baixo nível acadêmico.
Mas apesar desta nefasta politica de retrocesso para a sociedade brasileira, ainda restava a possibilidade de se influenciar a Sociedade brasileira através da ação educadora por parte de seus membros e principalmente de seus pastores, que eram preparados academicamente em alto nível. Inicialmente os Seminários protestantes eram qualificados como centros acadêmicos de referência. O currículo destes Seminários demonstra o zelo e empenho das denominações protestantes históricas de darem aos seus futuros pastores uma formação universitária. Por muitas décadas os pastores protestantes eram referência em conhecimento e capacidade de argumentação, de maneira que não poucas pessoas letradas na Sociedade brasileira frequentavam alguns cultos apenas para ouvirem um excelente sermão proferido por um destes pregadores protestantes.
Ainda que na esfera individual muitos pastores protestantes direcionaram seus esforços e ênfases na esfera educacional do país. Tendo plena consciência de que uma nação sem educação de excelência está fadada ao fracasso em todas as suas instâncias, como tão bem podemos tristemente contemplar diariamente em nossas mídias atuais, estes pastores protestantes ofereceram o que tinham de melhor para contribuírem minimamente com a educação dos brasileiros.
Lamentavelmente essas iniciativas pessoais jamais conseguiram produzir dentro de suas denominações evangélicas protestantes uma politica educacional mais ampla, que saísse das esferas eclesiásticas e dos feudos denominacionais e pudesse voltar-se para a Sociedade brasileira em sua totalidade. Colhemos atualmente o resultado desta visão míope e financista que priorizou uma parcela mínima de sua própria membresia e detrimento de uma politica mais ampla e de inclusão universalista. Esta atitude mesquinha e contraria ao cerne do Evangelho possibilitou que a educação do país fosse influenciada por indivíduos que destituídos de quaisquer referenciais evangélicos impusessem na mente e nos corações de nossas crianças, adolescentes e jovens toda sorte de ideais nefastos. E mesmo diante deste quadro assustador e perturbador as denominações protestantes e suas instituições educacionais permanecessem arraigados na mesma e perniciosa política minimizadora e excludente.
O espaço deste artigo não permite que nomeemos todos aqueles que efetivamente se envolveram na questão educacional brasileira, de maneira que resgataremos um caso particular que realça a preocupação perene, ainda que de cunho pessoal, com a questão educacional.  
Este artigo é um espaço extremamente restrito para abordar com a devida proporção as atividades pedagógicas desenvolvidas pelo Rev. José Borges dos Santos Jr e seu papel na questão educacional de São Paulo e do Brasil.[2]
O Rev. Borges sempre cultivou duas paixões às quais dedicou toda sua vida, o ministério pastoral e o magistério. E ainda que tenha lecionado em diversas instituições privadas de ensino, sempre dedicou sua atenção para o ensino público, envolvendo em todas as esferas institucionais no esforço de produzir um ensino de melhor qualidade na rede publica.
Ainda quando pastoreava a Igreja Presbiteriana de Campinas lecionou Português no curso ginasial e no colegial; lecionou diversas matérias no Instituto Cesário Motta entre os anos de 1928 e 1944, entre as quais: Gramática Histórica, História da Literatura e Introdução à Filosofia; no Ateneu Paulista, entre 1929 e 1938 voltou a lecionar Português. Quanto a sua atuação docente neste período Luís Alberto de Castro em sua excelente dissertação de mestrado registrou:
Não há registro o modo como Borges atuou nos educandários de Campinas, mas o que se pode perceber é que era tido em alta conta como lente nessas instituições, sendo vez por outra lembrado por ex-alunos como um mestre de inteligência ímpar. Segundo o Dr. Waldyr [Carvalho Luz], Borges era requisitado pelos melhores estabelecimentos de ensino da próspera cidade paulista. (2011, p. 22).
Certamente que esta percepção educacional dele não é fortuita, pois esta apenas dando prosseguimento a toda uma linhagem presbiteriana de grandes vultos nesta área tão nobre da sociedade humana, desde a época de João Calvino e sua Academia de Genebra e que terá na pessoa do Reverendo e Educador Erasmo Braga,[3] mais conhecido nos círculos eclesiásticos e fora deles como professor antes do que como reverendo, o expoente maior nos dias formativos do jovem Borges. Conhecendo a vida de Erasmo Braga e pesquisando a de José Borges dos Santos Jr., é facilmente perceptível a influência do primeiro sobre a ênfase educacional dada pelo segundo em todo o seu ministério e vida. Ambos compartilhavam de que a educação associada aos princípios evangélicos e a partir da atuação da igreja seria possível atuar permanentemente na formação de uma cidadania cada vez melhor. Assim como o primeiro, José Borges Jr., morreu dedicando seus últimos esforços na concretização deste tão nobre ideal.
E na mesma proporção em que o ministério pastoral de Borges vai caminhando para seu encerramento, suas atividades pedagógicas e docentes vão aumentando. O que fica explicitado em seus Relatórios Pastorais, conforme abaixo são destacados a partir do ano de 1961 a 1970, deixando propositalmente de mencionar seu envolvimento na docência eclesiástica, que vai muito além dos Seminários e destaco o Instituto Presbiteriano Mackenzie somente quando diretamente relacionado à questão educacional.
Em seu Relatório Pastoral de 1961 ele registra:
Compareci, em audiência especial, à presença do Senhor Presidente da República, para tratar de assuntos relativos à participação da Igreja na obra da Educação. Tomei parte ativa, com outros pastores e também com profissionais e orientadores da obra de Educação no Estado de São Paulo, na campanha contra o Projeto de Diretrizes e Base da Educação.
Neste mesmo Relatório ele ainda menciona ter feito uma Palestra na Faculdade Metodista de Teologia, para os membros do Fundo Educacional Teológico e um Discurso na Igreja Metodista Central, numa reunião de Defesa das Escolas Públicas.
Em 1962 ele participa do culto do lançamento da Pedra Fundamental do Instituto de Orientação Educacional da IPB, em Brasília, que tinha em seu programa cursos profissionalizantes; discurso quando da posse da nova diretoria do Instituto Mackenzie; Reuniões: com a Diretoria do Instituto Mackenzie e representantes da Associação de Pais e Alunos; Diretoria da Assembleia do Colégio de Lavras; Comissão do Instituto Presbiteriano de Orientação Educacional e Comissão de Educação; Conselho Federal de Educação, sendo uma semana por mês.
Neste ano a Comissão Executiva, órgão maior da Igreja Presbiteriana do Brasil, em dois momentos registra um voto de apreciação pela nomeação do Rev. Borges com o órgão maior da educação do país, o Conselho Federal de Educação onde atuou de 1962 a 1970:
REV. BORGES - NOMEAÇÃO - Toma-se conhecimento de que, por ato do Sr. Presidente da República, foi nomeado o Rev. Prof. José Borges dos Santos Júnior, para o Conselho Federal de Educação e resolve-se lançar em ata um voto de congratulação ao distinto irmão, Rev. Borges, pelo fato que honra o presbiterianismo pátrio. (DIGESTO, CE-62-003 – edição online)
JOSÉ BORGES DOS SANTOS, JR. REV. - CUMPRIMENTOS - O SC resolve: 1) Cumprimentar o Rev. José Borges dos Santos Jr., atual vice-presidente do Concílio, pela sua nomeação para membro do Conselho Federal de Educação. 2) Registrar em ata sua satisfação pela alta dignidade concedida merecidamente ao ilustre ministro, e que significa uma súbita honra para o ministério evangélico, em geral, e para a Igreja Presbiteriana, em particular. (DIGESTO, SC-62-020 – edição online).
Também foi vice-presidente da Câmara do Ensino Primário e Médio por 06 anos; foi membro do Conselho Estadual de Educação entre 1971 a julho de 1977; foi vice-presidente da Câmara do Ensino do Primeiro Grau; vice-presidente do Conselho [Estadual de Educação] e, de 1973 a 1974 foi presidente deste Conselho. (CASTRO, 2011, p. 102)
Ainda 1962 ele será nomeado pela Comissão Executivo da IPB para fazer parte do Departamento de Atividades Religiosas e Educativas da Confederação Evangélica do Brasil - CEB (DIGESTO, CE-62-147); e pelo Supremo Concílio[4] para compor o Conselho de Educação Teológica do Seminário de Campinas, Comissão do Instituto Nacional do Leigo (Brasília), para a Junta de Educação da IPB (DIGESTO, SC-62-093 – edição online) e por fim:
O SC resolve: Considerando a imensa experiência pastoral do Rev. José Borges dos Santos Jr.; Considerando que essa experiência nesse ilustre membro do ministério presbiteriano de alia a inegável cultura teológica e dedicação sem limites à obra da IPB; Considerando o imenso benefício que a nova geração usufruirá no convívio e sob a orientação do mestre dos mestres; Considerando os entendimentos já havidos entre a Diretoria do SPC e o Rev. José Borges dos Santos Jr., desses 1961 - nomear o Rev. José Borges dos Santos Jr. Livre docente do Departamento de Teologia Prática do Seminário Teológico Presbiteriano do Centenário. (DIGESTO, SC-62-215 – edição online – Itálico meu)
Em seu Relatório Pastoral de 1963 encontramos sua atuação na área educacional, começando pelo Mackenzie:
Na qualidade de representante do Associado Vitalício [IPB], tomei parte em todas as reuniões do Conselho Deliberativo do Instituto Mackenzie, mantive contacto com a alta administração, realizei encontros com presidentes dos diretórios acadêmicos e grupos de estudantes e, em colaboração com a alta administração, realizei e participei de entrevistas com o Ministro da Educação e autoridades do Ensino Superior.
E continua ele: “Compareci a todas as reuniões do Conselho Federal de Educação e fui eleito vice-presidente da Câmara de Ensino Primário e Médio” [Itálico meu]. E registra ainda outras atividades: fez uma Palestra no Instituto Cultural Universitário; Discursou: no encerramento do Curso de Alfabetização de Adultos (IPJO); na Instalação da Academia de Letras da Faculdade de Direito (Mackenzie); no Instituto Histórico e Geográfico (SP); no Conselho Federal de Educação (RJ). Manteve Reuniões: Conselho Federal de Educação (uma semana por mês), Conselhos Estaduais de Educação e Seminários de Educação Industrial.
No Relatório de 1964 registra uma Palestra para um grupo de universitários (SP) sem identifica-los; Reuniões com a Comissão Especial do Conselho Federal de Educação e as reuniões mensais do Conselho Federal de Educação; Comissão de Planejamentos Educacionais (Mackenzie) e um Congresso do Conselho Federal de Educação em Belo Horizonte. Mais uma vez a Comissão Executiva da IPB registra um voto de satisfação ―pela recondução do Rev. José Borges dos Santos Jr., ao cargo de membro do Conselho Federal de Educação‖ (DIGESTO, CE-64E-028 – Itálico meu).
Em 1966 Borges faz Palestras na Faculdade de Direito do Largo São Francisco e no Seminário Presbiteriano de Vitória trata sobre o ―Ensino Religioso para excepcionais (hoje denominados de especiais); faz Conferências em Curitiba no Congresso de Escolas Primárias Particulares e de Estabelecimentos Particulares; em Porto Alegre na Universidade Católica sobre ―A família e a escola confessional; e muitas Reuniões ocuparam sua agenda: Conselho Federal de Educação (10) e uma em conjunto com os Conselhos Estaduais de Educação (RJ); Comissão de Estudo da Emenda Constitucional no Capítulo de Educação do CFE (03); Simpósio sobre problemas de educação nos Territórios (coordenador); Simpósio de Educação Moral e Cívica (coordenador); e como representante do Conselho Federal de Educação: II Conferência de Educação em Porto Alegre e Congresso de Escolas Particulares em Curitiba e em assuntos de Problemas de Escolas.
No seu Relatório Pastoral de 1967 temos diversas Conferências: Faculdade de Economia (Itapetininga); Faculdade de Filosofia (Londrina); Colégio Notre Dame (Souzas); Colégio das Irmãs Vicentinas e Faculdade de Direito (Laranjal Paulista); Discursos: Jubileu de Ouro de Magistério do Prof. Safady; inauguração da Escola de Comércio; encerramento do ano letivo do Grupo Escolar Carlos Gomes; inauguração do Ginásio Ortodoxo; Reuniões: Conselho Federal de Educação (RJ); Simpósio do Ensino Superior (RJ); Conselho com Reitores; Encontro dos Conselhos Estaduais; Encontro do Conselho Estadual de Educação do Estado de São Paulo juntamente com o Ministro da Educação, tratando de questões educacionais.
Em seu Relatório Pastoral de 1968 mais Conferências: no Hospital dos Servidores Públicos (SP) sobre ― Educação Religiosa na Infância‖; no SESI (S. Bernardo Campo) sobre ― A Reestruturação do Ensino Universitário; na Pontifícia Universidade Católica (Campinas) sobre ―O Desenvolvimento dos povos à luz das Escrituras Sagradas‖; na Confederação Sinodal de Jovens (IPB) sobre ―Problemas Educacionais do Brasil de Hoje‖; no Colégio São Vicente de Paula (Laranjal Paulista) sobre ―Formação Integral do Professor Primário no Meio Urbano e Rural; no salão paroquial da Igreja Católica (Mogi-Guassu) para Universitários, sobre ―Perspectivas Educacionais do Brasil; diversas Palestras: no Colégio Sion (SP) sobre ―Jesus, à luz da Bíblia; no Mocidade para Cristo. (Jandira) para jovens evangélicos sobre ―Problemas de Educação; um Discurso: no sepultamento do Dr. Francisco João Maffei, em nome do Conselho Federal de Educação; neste Relatório não consta suas Reuniões.
No Relatório de 1969 seu ritmo é menos intenso; Palestras: Faculdade de Direito de Bragança Paulista; no Colégio Agnes Eishine (Recife); Colégio Bennett (RJ); Centro de Enfermagem – abertura da Semana de Enfermagem; uma Conferência: Faculdade de Ciências Contábeis; Reuniões: Conselho Federal de Educação (53); representou o Conselho Federal na reunião comemorativa do 75° aniversário da Escola Politécnica em São Paulo; IV Conferência Nacional de Educação; Assembleia da Cruzada de Alfabetização (Recife); dois Discursos: inauguração da Escola de Enfermagem do Colégio Adventista e por ocasião do almoço oferecido ao Secretário de Educação do Estado de São Paulo.
O Relatório Pastoral de 1970 marca seu desligamento da IPB, após sua jubilação compulsória, e o inicio de sua atuação no Instituto de Promoção e Serviço Ecumênico (IPSE), no qual permanecera até o final de sua vida e seu ritmo vai desacelerando paulatinamente. Consta neste Relatório, Conferência: na Escola de Enfermagem (Hospital Santa Catarina) comemoração da Semana de enfermagem; Palestras: no Externato 15 de Outubro para pais de alunos e professores; na ―Nossa Escolinha, para o curso primário; no Ginásio Castro Alves, para normalistas; no colégio Kennedy, para o ginásio; no INPS, para enfermeiras; Aulas Inaugurais em São Paulo: Escola de Auxiliar de Enfermagem ― Bráulio Gomes‖; no Colégio Rainha da Paz; para Professores; no Curso Intensivo de auxiliares de enfermagem da Escola Paulista de Medicina.
Deixei de fora dos destaques dos Relatórios Pastorais, as mais de duas ou três centenas de Formaturas às quais Borges participou durante toda a sua vida, das quais cito uma pequena amostra extraída de apenas dois de seus Relatórios Pastorais, mas creio serem suficientes para revelar que ele jamais se acomodou ou optou por ficar dentro da comodidade e segurança do campo educacional de sua denominação religiosa, entendendo como poucos que seu papel como pastor e educador extrapolavam as fronteiras da mediocridade tacanha das divisões e subdivisões religiosas e denominacionais: Relatório de 1962 - Colégio Estadual Prof. Macedo Soares; Faculdade de Direito Universidade de São Paulo (USP); Conservatório Musical Villa Lobos; Biblioteconomia da Escola de Sociologia e Política; Escola de Reabilitação Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP); Relatório de 1966 - Faculdade de Direito da Universidade Mackenzie; Seminário de Campinas (IPB); Mackenzie em conjunto com o Colégio Brasil-Europa e Ateneu Brasil; Escola Auxiliar de Enfermagem ―Bráulio Gomes‖; Formatura das alunas do Serviço (Social (Igreja de São Domingos); Formatura da Escola de Comércio (Itapetininga); aniversário do Colégio 2 de Julho (Salvador).[5]
Apenas uma leitura superficial destas informações é suficiente para termos uma noção da importância que o Rev. Borges deu à questão educacional e o quanto ele participou ativamente durante toda sua vida na busca incansável de que a Educação no Brasil pudesse ser aperfeiçoada e pudesse cumprir seu papel sublime de educar, aperfeiçoar e desenvolver as gerações futuras, tanto no que se referia ao caráter e cidadania, quanto à capacitação técnica e acadêmica. Nunca se contentando com o que já se tinha alcançado, mas sempre inquietamente buscando o aperfeiçoamento e a evolução do sistema de ensino e da educação brasileira.
Em seu excelente trabalho acadêmico sobre Borges, varias vezes referido neste artigo, Castro (2011) destaca muitas outras informações peculiares dele e sua atuação na área da Educação, das quais extraio apenas algumas, para complementar este tópico.
Creio serem relevantes as informações de Júlio Andrade Ferreira que destaca algumas das ações de Borges quando no Conselho Estadual de Educação, quando lutou para restringir o que entendia serem distorções da Lei de Diretrizes e Bases (1959);[6] tomou parte ativa na ― Campanha do Saneamento Moral proposto pelo governo do Estado de São Paulo; esteve na ― Sub-Comissão Nacional de Refugiados e na organização do ― V Congresso Brasileiro de Biblioteconomia (CASTRO, 2011, p. 104).
O reconhecimento da atuação intensa e ininterrupta do Rev. Borges durante toda sua vida foi amplamente reconhecida, não apenas dentro de sua denominação, como mencionado anteriormente, mas também em outras instâncias da sociedade paulista e brasileira. Castro destaca o momento em que Borges foi homenageado com o troféu Mackenzie em um reconhecimento da grande contribuição dele na história educacional da Universidade e nas esferas Municipal, Estadual e Federal e ainda transcreve com propriedade uma matéria produzida pelo jornal ―Tributo do Povo da cidade de Araras (SP) onde o articulista destaca a aula inaugural de Borges no ― I. E. Dr. Cesário Coimbra (1° de março de 1975), com os adjetivos mais eloquentes. (CASTRO, 2011, p. 104-105). Mas optei por transcrever a homenagem que lhe foi prestada pelo Conselho Estadual de Educação de São Paulo, quando completava seu 80° aniversário, quando o Conselheiro Prof. Renato Di Dio pronunciou tomado de emoção um discurso onde destaca a atuação de Borges naquele Conselho e da impressão que deixou nos anos ali vividos:
Sei que sua Excelência não se melindrará – antes, se sentirá mais uma vez realizado – se lhe disser que, onde quer que tenha atuado, no magistério secundário ou superior, no Conselho Federal ou Estadual de Educação, nas Câmaras ou na Presidência do Conselho Superior da Universidade Mackenzie, sua vocação constante e manifesta de pastor de almas prevaleceu sempre sobre as funções de professor, de estudioso, de administrador. Foi sempre um educador, mas especialmente um educador de almas. (CASTRO, 2011, p. 105)
A grande homenagem que recebeu e que permanece ainda hoje vem do governo do Estado de São Paulo, que nomeia no bairro do Jardim Limoeiro na região Leste da cidade de São Paulo, uma escola com seu nome: ― Escola Estadual Rev. José Borges dos Santos Júnior e para completar estende a homenagem à sua esposa, Ana Luísa Florence Borges, que também nomeia uma Escola Estadual.
Estes reconhecimentos públicos de seu trabalho educacional, no final de sua vida, por parte das instituições públicas e particulares, vem coroar e também consolar o coração do ― Velho Mestre, uma vez que a sua instituição religiosa e mais amada e a qual dedicou praticamente os seus melhores e mais produtivos anos, optou por coloca-lo na obscuridade e alija-lo dos annaes eclesiástico da denominação, negando-lhe a honra e reconhecimento devido, mediante a mesquinhez e personalismo de suas lideranças.

Utilização livre desde que citando a fonte
Guedes, Ivan Pereira
Mestre em Ciências da Religião.
me.ivanguedes@gmail.com
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http://reflexaobiblica.spaceblog.com.br/


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Referências Bibliográficas
CASTRO, Luís Alberto de. A Trajetória do “Velho Mestre: Uma Biografia do Rev. José Borges dos Santos Júnior – um recorte historiográfico da Igreja Presbiteriana do Brasil”. Dissertação (Mestre em Divindade) – Centro Presbiteriano de Pós-Graduação Andrew Jumper, São Paulo, 2011.
CLARK, Jorge Uilson. Presbiterianismo do Sul em Campinas: primórdio da educação liberal. Tese (Doutorado) Universidade Estadual de Campinas Faculdade de Educação: Campinas, 2005. Disponível em: http://www.bibliotecadigital.unicamp.br/document/?code=vtls000351752&opt=4. Acesso em: 21/05/2013.
COPPE, Moisés Abdon. A responsabilidade social e política dos cristãos: história e memória da União Cristã de Estudantes do Brasil (UCEB) entre as décadas de 1920 e 1960. Dissertação (Mestrado em Ciências da Religião) – Universidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora (MG), 2009.
COSTA, Herminsten Maia Pereira, in A origem da escola dominical no Brasil: Esboço histórico. Disponível em: http://www.mackenzie.br/fileadmin/Graduacao/EST/DIRETOR/Introducao_a_Educacao_Crista__15__-_Final.pdf. Acesso em 20/04/2013.
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_________________________ (1961-1970), edição online. Disponível em: http://www.ipb.org.br/download/arquivos/digesto_ipb_1961-1970.pdf. Acesso em: 15/05/2013.
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____________________. Erasmo Braga, o protestantismo e a sociedade brasileira – perspectivas sobre a missão da igreja. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2008.
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TROELTSCH, Ernst. El protestantismo y el mundo moderno. México/Buenos Aires: Fondo de Cultura Económica, 1951.





[1] Atualmente em uma destas Universidades, que faz questão de inserir o nome de sua denominação, somente os pastores e familiares tem direito a bolsa integral, de maneira que, em uma inversão de uma das parábolas de Jesus: os demais noventa por cento de sua membresia permanecem alienados deste privilégio.
[2] A partir deste ponto insiro as informações de meu livro: “O protestantismo na Cidade de São Paulo – Presbiterianismo” que foi minha dissertação de Mestrado, conforme citados nas referências bibliográficas.
[3] É indispensável para compreender a atuação de Braga na área educacional brasileira a leitura de ― Conceitos Educacionais‖ 243-260 (MATOS, 2008).
[4] A instância maior do sistema eclesiástico da Igreja Presbiteriana do Brasil.
[5] Por extrapolar o recorte histórico proposto na dissertação ficaram de fora os Relatórios posteriores a 1970 onde este tipo de atividade de Borges se acentua grandemente. Por exemplo, em seu Relatório de 1973 consta uma nota: ―Em agosto deste ano foi eleito Presidente do Conselho Estadual de São Paulo.

[6] Houve um movimento nacional em favor do ensino público, o qual Borges sempre foi um ardoroso defensor, incluindo as mais diversas entidades da área educacional e dos movimentos sociais em geral e nomes de grande expressão no mundo acadêmico Mário Schemberg, José Leite Lopes, o sociólogo Florestan Fernandes, Prof. Fernando de Azevedo, jornais, universidades, igrejas evangélicas entre as mais atuantes a Presbiteriana e a Metodista com mobilização de seus membros. O repúdio partiu de todos os meios responsáveis para exigir a rejeição do projeto de lei. Para se ter uma dimensão da importância deste movimento é necessário ler o artigo de Alexandre Tavares do Nascimento Lira (2009).

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