Nestes
dias em que se debate exaustivamente a questão educacional brasileira é preciso
que os protestantes evangélicos reconheçam sua grande parcela de culpabilidade
pela atual degradação do ensino público do Brasil e a consequente degradação
moral da atual sociedade brasileira e parafraseando as palavras do profeta Daniel
façamos delas as nossas: “A nós só cabe o
corar de vergonha, a nós e às nossas lideranças eclesiásticas”.
Uma
frase muito batida, mas que ainda revela uma grande verdade é que “um grande privilégio trás consigo uma grande
responsabilidade”. Os protestantes, ainda que tardiamente, se instalaram
efetivamente no país apenas no final dos oitocentos, com a chegada dos
missionários estadunidenses e suas respectivas denominações evangélicas.
Todavia,
ao chegarem tomaram conhecimento do numero exorbitante de analfabetos em todo o
território brasileiro. Esses primeiros missionários não tiveram dúvidas,
seguindo a forte correnteza educacional nascida no movimento reformador do
século XVI e da qual seu país de origem tornou-se um dos maiores expoentes,
resgataram o slogan “Ao lado de uma
igreja, uma escola”.
No
meio do imenso deserto de analfabetismo da população brasileira, essas
primeiras escolas de cunho protestante tornaram-se preciosos oásis para
centenas de crianças, jovens e adultos que de outra forma permaneceriam nas
trevas da ignorância e alienados do saber e da reflexão salutar que capacita ao
pleno exercício da cidadania.
O
primeiro retrocesso desta ênfase educacional esboçada pelo protestantismo em
seus primeiros anos foi o abandono do projeto das Escolas Paroquiais em favor do
projeto dos grandes Colégios. Ainda que a temática tenha sido exaustivamente
debatida dentro das comunidades protestantes no Brasil, por falta de uma visão
mais evangélica do que monetarista, abriu-se mão das Escolas Paroquias, que
tinha uma forte ênfase de inclusão social de todos os filhos dos membros das
igrejas locais, para fazer vingar o Projeto dos Colégios, com uma ênfase elitista,
pois pouquíssimos membros das comunidades protestantes poderiam arcar com um
custo elevado das mensalidades destes Colégios. Ainda que estes Colégios oferecessem
bolsas educacionais, que sempre foram escassas e insuficientes,[1] de maneira que a quase
totalidade dos filhos protestantes permaneceram alienados de uma educação
primária, secundária e superior de excelência, permanecendo reféns de um ensino
público, mormente limitado e de baixo nível acadêmico.
Mas
apesar desta nefasta politica de retrocesso para a sociedade brasileira, ainda
restava a possibilidade de se influenciar a Sociedade brasileira através da
ação educadora por parte de seus membros e principalmente de seus pastores, que
eram preparados academicamente em alto nível. Inicialmente os Seminários
protestantes eram qualificados como centros acadêmicos de referência. O
currículo destes Seminários demonstra o zelo e empenho das denominações protestantes
históricas de darem aos seus futuros pastores uma formação universitária. Por
muitas décadas os pastores protestantes eram referência em conhecimento e
capacidade de argumentação, de maneira que não poucas pessoas letradas na
Sociedade brasileira frequentavam alguns cultos apenas para ouvirem um
excelente sermão proferido por um destes pregadores protestantes.
Ainda
que na esfera individual muitos pastores protestantes direcionaram seus
esforços e ênfases na esfera educacional do país. Tendo plena consciência de
que uma nação sem educação de excelência está fadada ao fracasso em todas as
suas instâncias, como tão bem podemos tristemente contemplar diariamente em
nossas mídias atuais, estes pastores protestantes ofereceram o que tinham de
melhor para contribuírem minimamente com a educação dos brasileiros.
Lamentavelmente
essas iniciativas pessoais jamais conseguiram produzir dentro de suas
denominações evangélicas protestantes uma politica
educacional mais ampla, que saísse das esferas eclesiásticas e dos
feudos denominacionais e pudesse voltar-se para a Sociedade brasileira em sua
totalidade. Colhemos atualmente o resultado desta visão míope e financista que
priorizou uma parcela mínima de sua própria membresia e detrimento de uma
politica mais ampla e de inclusão universalista. Esta atitude mesquinha e contraria
ao cerne do Evangelho possibilitou que a educação do país fosse influenciada
por indivíduos que destituídos de quaisquer referenciais evangélicos impusessem
na mente e nos corações de nossas crianças, adolescentes e jovens toda sorte de
ideais nefastos. E mesmo diante deste quadro assustador e perturbador as
denominações protestantes e suas instituições educacionais permanecessem arraigados
na mesma e perniciosa política minimizadora e excludente.
O
espaço deste artigo não permite que nomeemos todos aqueles que efetivamente se
envolveram na questão educacional brasileira, de maneira que resgataremos um
caso particular que realça a preocupação perene, ainda que de cunho pessoal,
com a questão educacional.
Este
artigo é um espaço extremamente restrito para abordar com a devida proporção as
atividades pedagógicas desenvolvidas pelo Rev. José
Borges dos Santos Jr e seu papel na questão educacional de São Paulo
e do Brasil.[2]
O
Rev. Borges sempre cultivou duas paixões às quais dedicou toda sua vida, o
ministério pastoral e o magistério. E ainda que tenha lecionado em diversas
instituições privadas de ensino, sempre dedicou sua atenção para o ensino
público, envolvendo em todas as esferas institucionais no esforço de produzir
um ensino de melhor qualidade na rede publica.
Ainda
quando pastoreava a Igreja Presbiteriana de Campinas lecionou Português no
curso ginasial e no colegial; lecionou diversas matérias no Instituto Cesário
Motta entre os anos de 1928 e 1944, entre as quais: Gramática Histórica,
História da Literatura e Introdução à Filosofia; no Ateneu Paulista, entre 1929
e 1938 voltou a lecionar Português. Quanto a sua atuação docente neste período Luís
Alberto de Castro em sua excelente dissertação de mestrado registrou:
Não há registro o modo como Borges atuou nos educandários
de Campinas, mas o que se pode perceber é que era tido em alta conta como lente
nessas instituições, sendo vez por outra lembrado por ex-alunos como um mestre
de inteligência ímpar. Segundo o Dr. Waldyr [Carvalho Luz], Borges era
requisitado pelos melhores estabelecimentos de ensino da próspera cidade
paulista. (2011, p. 22).
Certamente
que esta percepção educacional dele não é fortuita, pois esta apenas dando
prosseguimento a toda uma linhagem presbiteriana de grandes vultos nesta área
tão nobre da sociedade humana, desde a época de João Calvino e sua Academia de
Genebra e que terá na pessoa do Reverendo e Educador Erasmo Braga,[3] mais conhecido nos
círculos eclesiásticos e fora deles como professor antes do que como reverendo,
o expoente maior nos dias formativos do jovem Borges. Conhecendo a vida de
Erasmo Braga e pesquisando a de José Borges dos Santos Jr., é facilmente
perceptível a influência do primeiro sobre a ênfase educacional dada pelo
segundo em todo o seu ministério e vida. Ambos compartilhavam de que a educação
associada aos princípios evangélicos e a partir da atuação da igreja seria possível
atuar permanentemente na formação de uma cidadania cada vez melhor. Assim como
o primeiro, José Borges Jr., morreu dedicando seus últimos esforços na
concretização deste tão nobre ideal.
E na
mesma proporção em que o ministério pastoral de Borges vai caminhando para seu
encerramento, suas atividades pedagógicas e docentes vão aumentando. O que fica
explicitado em seus Relatórios
Pastorais, conforme abaixo são destacados a partir do ano de 1961 a
1970, deixando propositalmente de mencionar seu envolvimento na docência
eclesiástica, que vai muito além dos Seminários e destaco o Instituto Presbiteriano
Mackenzie somente quando diretamente relacionado à questão educacional.
Em
seu Relatório Pastoral de 1961 ele registra:
Compareci, em audiência especial, à presença do Senhor
Presidente da República, para tratar de assuntos relativos à participação da
Igreja na obra da Educação. Tomei parte ativa, com outros pastores e também com
profissionais e orientadores da obra de Educação no Estado de São Paulo, na
campanha contra o Projeto de Diretrizes e Base da Educação.
Neste
mesmo Relatório ele ainda menciona ter feito uma Palestra na Faculdade
Metodista de Teologia, para os membros do Fundo Educacional Teológico e um
Discurso na Igreja Metodista Central, numa reunião de Defesa das Escolas
Públicas.
Em
1962 ele participa do culto do lançamento da Pedra Fundamental do Instituto de
Orientação Educacional da IPB, em Brasília, que tinha em seu programa cursos
profissionalizantes; discurso quando da posse da nova diretoria do Instituto
Mackenzie; Reuniões: com a Diretoria do Instituto Mackenzie e representantes da
Associação de Pais e Alunos; Diretoria da Assembleia do Colégio de Lavras;
Comissão do Instituto Presbiteriano de Orientação Educacional e Comissão de
Educação; Conselho Federal de Educação, sendo uma semana por mês.
Neste
ano a Comissão Executiva, órgão maior da Igreja Presbiteriana do Brasil, em
dois momentos registra um voto de apreciação pela nomeação do Rev. Borges com o
órgão maior da educação do país, o Conselho Federal de Educação onde atuou de
1962 a 1970:
REV. BORGES - NOMEAÇÃO - Toma-se conhecimento de que, por
ato do Sr. Presidente da República, foi nomeado o Rev. Prof. José Borges dos
Santos Júnior, para o Conselho Federal de Educação e resolve-se lançar em ata
um voto de congratulação ao distinto irmão, Rev. Borges, pelo fato que honra o
presbiterianismo pátrio. (DIGESTO, CE-62-003 – edição online)
JOSÉ BORGES DOS SANTOS, JR. REV. - CUMPRIMENTOS - O SC
resolve: 1) Cumprimentar o Rev. José Borges dos Santos Jr., atual
vice-presidente do Concílio, pela sua nomeação para membro do Conselho Federal
de Educação. 2) Registrar em ata sua satisfação pela alta dignidade concedida
merecidamente ao ilustre ministro, e que significa uma súbita honra para o
ministério evangélico, em geral, e para a Igreja Presbiteriana, em particular.
(DIGESTO, SC-62-020 – edição online).
Também
foi vice-presidente da Câmara do Ensino Primário e Médio por 06 anos; foi
membro do Conselho Estadual de Educação entre 1971 a julho de 1977; foi
vice-presidente da Câmara do Ensino do Primeiro Grau; vice-presidente do
Conselho [Estadual de Educação] e, de 1973 a 1974 foi presidente deste
Conselho. (CASTRO, 2011, p. 102)
Ainda
1962 ele será nomeado pela Comissão Executivo da IPB para fazer parte do
Departamento de Atividades Religiosas e Educativas da Confederação Evangélica
do Brasil - CEB (DIGESTO, CE-62-147); e pelo Supremo Concílio[4] para compor o Conselho de
Educação Teológica do Seminário de Campinas, Comissão do Instituto Nacional do
Leigo (Brasília), para a Junta de Educação da IPB (DIGESTO, SC-62-093 – edição
online) e por fim:
O SC resolve: Considerando a imensa experiência pastoral
do Rev. José Borges dos Santos Jr.; Considerando que essa experiência nesse
ilustre membro do ministério presbiteriano de alia a inegável cultura
teológica e dedicação sem limites à obra da IPB; Considerando o imenso
benefício que a nova geração usufruirá no convívio e sob a orientação do
mestre dos mestres; Considerando os entendimentos já havidos entre a
Diretoria do SPC e o Rev. José Borges dos Santos Jr., desses 1961 - nomear o
Rev. José Borges dos Santos Jr. Livre docente do Departamento de Teologia
Prática do Seminário Teológico Presbiteriano do Centenário. (DIGESTO,
SC-62-215 – edição online – Itálico meu)
Em
seu Relatório Pastoral de 1963 encontramos sua atuação na área educacional,
começando pelo Mackenzie:
Na qualidade de representante do Associado Vitalício
[IPB], tomei parte em todas as reuniões do Conselho Deliberativo do Instituto
Mackenzie, mantive contacto com a alta administração, realizei encontros com
presidentes dos diretórios acadêmicos e grupos de estudantes e, em colaboração
com a alta administração, realizei e participei de entrevistas com o Ministro
da Educação e autoridades do Ensino Superior.
E
continua ele: “Compareci a todas as reuniões do Conselho Federal de Educação
e fui eleito vice-presidente da Câmara de Ensino Primário e Médio” [Itálico
meu]. E registra ainda outras atividades: fez uma Palestra no Instituto
Cultural Universitário; Discursou: no encerramento do Curso de
Alfabetização de Adultos (IPJO); na Instalação da Academia de Letras da Faculdade
de Direito (Mackenzie); no Instituto Histórico e Geográfico (SP); no Conselho
Federal de Educação (RJ). Manteve Reuniões: Conselho Federal de Educação
(uma semana por mês), Conselhos Estaduais de Educação e Seminários de Educação
Industrial.
No
Relatório de 1964 registra uma Palestra para um grupo de universitários
(SP) sem identifica-los; Reuniões com a Comissão Especial do Conselho
Federal de Educação e as reuniões mensais do Conselho Federal de Educação;
Comissão de Planejamentos Educacionais (Mackenzie) e um Congresso do Conselho
Federal de Educação em Belo Horizonte. Mais uma vez a Comissão Executiva da IPB
registra um voto de satisfação ―pela recondução do Rev. José Borges dos
Santos Jr., ao cargo de membro do Conselho Federal de Educação‖ (DIGESTO,
CE-64E-028 – Itálico meu).
Em
1966 Borges faz Palestras na Faculdade de Direito do Largo São Francisco
e no Seminário Presbiteriano de Vitória trata sobre o ―Ensino Religioso para
excepcionais (hoje denominados de especiais); faz Conferências em
Curitiba no Congresso de Escolas Primárias Particulares e de Estabelecimentos
Particulares; em Porto Alegre na Universidade Católica sobre ―A família e a
escola confessional; e muitas Reuniões ocuparam sua agenda: Conselho
Federal de Educação (10) e uma em conjunto com os Conselhos Estaduais de
Educação (RJ); Comissão de Estudo da Emenda Constitucional no Capítulo de
Educação do CFE (03); Simpósio sobre problemas de educação nos
Territórios (coordenador); Simpósio de Educação Moral e Cívica
(coordenador); e como representante do Conselho Federal de Educação: II
Conferência de Educação em Porto Alegre e Congresso de Escolas Particulares em
Curitiba e em assuntos de Problemas de Escolas.
No
seu Relatório Pastoral de 1967 temos diversas Conferências: Faculdade de
Economia (Itapetininga); Faculdade de Filosofia (Londrina); Colégio Notre Dame
(Souzas); Colégio das Irmãs Vicentinas e Faculdade de Direito (Laranjal
Paulista); Discursos: Jubileu de Ouro de Magistério do Prof. Safady;
inauguração da Escola de Comércio; encerramento do ano letivo do Grupo Escolar
Carlos Gomes; inauguração do Ginásio Ortodoxo; Reuniões: Conselho
Federal de Educação (RJ); Simpósio do Ensino Superior (RJ); Conselho com
Reitores; Encontro dos Conselhos Estaduais; Encontro do Conselho Estadual de
Educação do Estado de São Paulo juntamente com o Ministro da Educação, tratando
de questões educacionais.
Em
seu Relatório Pastoral de 1968 mais Conferências: no Hospital dos
Servidores Públicos (SP) sobre ― Educação Religiosa na Infância‖; no SESI (S.
Bernardo Campo) sobre ― A Reestruturação do Ensino Universitário; na Pontifícia
Universidade Católica (Campinas) sobre ―O Desenvolvimento dos povos à luz das
Escrituras Sagradas‖; na Confederação Sinodal de Jovens (IPB) sobre ―Problemas
Educacionais do Brasil de Hoje‖; no Colégio São Vicente de Paula (Laranjal
Paulista) sobre ―Formação Integral do Professor Primário no Meio Urbano e Rural;
no salão paroquial da Igreja Católica (Mogi-Guassu) para Universitários, sobre
―Perspectivas Educacionais do Brasil; diversas Palestras: no Colégio
Sion (SP) sobre ―Jesus, à luz da Bíblia; no Mocidade para Cristo. (Jandira)
para jovens evangélicos sobre ―Problemas de Educação; um Discurso: no
sepultamento do Dr. Francisco João Maffei, em nome do Conselho Federal de
Educação; neste Relatório não consta suas Reuniões.
No
Relatório de 1969 seu ritmo é menos intenso; Palestras: Faculdade de
Direito de Bragança Paulista; no Colégio Agnes Eishine (Recife); Colégio
Bennett (RJ); Centro de Enfermagem – abertura da Semana de Enfermagem; uma Conferência:
Faculdade de Ciências Contábeis; Reuniões: Conselho Federal de Educação
(53); representou o Conselho Federal na reunião comemorativa do 75° aniversário
da Escola Politécnica em São Paulo; IV Conferência Nacional de Educação;
Assembleia da Cruzada de Alfabetização (Recife); dois Discursos:
inauguração da Escola de Enfermagem do Colégio Adventista e por ocasião do
almoço oferecido ao Secretário de Educação do Estado de São Paulo.
O Relatório
Pastoral de 1970 marca seu desligamento da IPB, após sua jubilação
compulsória, e o inicio de sua atuação no Instituto de Promoção e Serviço
Ecumênico (IPSE), no qual permanecera até o final de sua vida e seu ritmo vai
desacelerando paulatinamente. Consta neste Relatório, Conferência: na
Escola de Enfermagem (Hospital Santa Catarina) comemoração da Semana de
enfermagem; Palestras: no Externato 15 de Outubro para pais de alunos e
professores; na ―Nossa Escolinha, para o curso primário; no Ginásio Castro
Alves, para normalistas; no colégio Kennedy, para o ginásio; no INPS, para
enfermeiras; Aulas Inaugurais em São Paulo: Escola de Auxiliar de
Enfermagem ― Bráulio Gomes‖; no Colégio Rainha da Paz; para Professores; no
Curso Intensivo de auxiliares de enfermagem da Escola Paulista de Medicina.
Deixei
de fora dos destaques dos Relatórios Pastorais, as mais de duas ou três
centenas de Formaturas às quais Borges participou durante toda a sua
vida, das quais cito uma pequena amostra extraída de apenas dois de seus
Relatórios Pastorais, mas creio serem suficientes para revelar que ele jamais
se acomodou ou optou por ficar dentro da comodidade e segurança do campo
educacional de sua denominação religiosa, entendendo como poucos que seu papel
como pastor e educador extrapolavam as fronteiras da mediocridade tacanha das
divisões e subdivisões religiosas e denominacionais: Relatório de 1962 - Colégio
Estadual Prof. Macedo Soares; Faculdade de Direito Universidade de São Paulo
(USP); Conservatório Musical Villa Lobos; Biblioteconomia da Escola de
Sociologia e Política; Escola de Reabilitação Faculdade de Medicina da
Universidade de São Paulo (USP); Relatório de 1966 - Faculdade de
Direito da Universidade Mackenzie; Seminário de Campinas (IPB); Mackenzie em
conjunto com o Colégio Brasil-Europa e Ateneu Brasil; Escola Auxiliar de
Enfermagem ―Bráulio Gomes‖; Formatura das alunas do Serviço (Social (Igreja de
São Domingos); Formatura da Escola de Comércio (Itapetininga); aniversário do
Colégio 2 de Julho (Salvador).[5]
Apenas
uma leitura superficial destas informações é suficiente para termos uma noção
da importância que o Rev. Borges deu à questão educacional e o quanto ele
participou ativamente durante toda sua vida na busca incansável de que a
Educação no Brasil pudesse ser aperfeiçoada e pudesse cumprir seu papel sublime
de educar, aperfeiçoar e desenvolver as gerações futuras, tanto no que se
referia ao caráter e cidadania, quanto à capacitação técnica e acadêmica. Nunca
se contentando com o que já se tinha alcançado, mas sempre inquietamente
buscando o aperfeiçoamento e a evolução do sistema de ensino e da educação
brasileira.
Em
seu excelente trabalho acadêmico sobre Borges, varias vezes referido neste artigo,
Castro (2011) destaca muitas outras informações peculiares dele e sua atuação
na área da Educação, das quais extraio apenas algumas, para complementar este
tópico.
Creio
serem relevantes as informações de Júlio Andrade Ferreira que destaca algumas
das ações de Borges quando no Conselho Estadual de Educação, quando lutou para
restringir o que entendia serem distorções da Lei de Diretrizes e Bases (1959);[6] tomou parte ativa na ― Campanha
do Saneamento Moral proposto pelo governo do Estado de São Paulo; esteve na ― Sub-Comissão
Nacional de Refugiados e na organização do ― V Congresso Brasileiro de
Biblioteconomia (CASTRO, 2011, p. 104).
O
reconhecimento da atuação intensa e ininterrupta do Rev. Borges durante toda
sua vida foi amplamente reconhecida, não apenas dentro de sua denominação, como
mencionado anteriormente, mas também em outras instâncias da sociedade paulista
e brasileira. Castro destaca o momento em que Borges foi homenageado com o troféu
Mackenzie em um reconhecimento da grande contribuição dele na história
educacional da Universidade e nas esferas Municipal, Estadual e Federal e ainda
transcreve com propriedade uma matéria produzida pelo jornal ―Tributo do Povo
da cidade de Araras (SP) onde o articulista destaca a aula inaugural de Borges
no ― I. E. Dr. Cesário Coimbra (1° de março de 1975), com os adjetivos mais
eloquentes. (CASTRO, 2011, p. 104-105). Mas optei por transcrever a homenagem
que lhe foi prestada pelo Conselho Estadual de Educação de São Paulo, quando
completava seu 80° aniversário, quando o Conselheiro Prof. Renato Di Dio
pronunciou tomado de emoção um discurso onde destaca a atuação de Borges
naquele Conselho e da impressão que deixou nos anos ali vividos:
Sei que sua Excelência não se melindrará – antes, se
sentirá mais uma vez realizado – se lhe disser que, onde quer que tenha atuado,
no magistério secundário ou superior, no Conselho Federal ou Estadual de
Educação, nas Câmaras ou na Presidência do Conselho Superior da Universidade
Mackenzie, sua vocação constante e manifesta de pastor de almas prevaleceu
sempre sobre as funções de professor, de estudioso, de administrador. Foi
sempre um educador, mas especialmente um educador de almas. (CASTRO, 2011, p.
105)
A
grande homenagem que recebeu e que permanece ainda hoje vem do governo do
Estado de São Paulo, que nomeia no bairro do Jardim Limoeiro na região Leste da
cidade de São Paulo, uma escola com seu nome: ― Escola Estadual Rev. José Borges dos Santos Júnior
e para completar estende a homenagem à sua esposa, Ana Luísa Florence Borges,
que também nomeia uma Escola Estadual.
Estes
reconhecimentos públicos de seu trabalho educacional, no final de sua vida, por
parte das instituições públicas e particulares, vem coroar e também consolar o
coração do ― Velho Mestre, uma vez que a sua instituição religiosa e mais amada
e a qual dedicou praticamente os seus melhores e mais produtivos anos, optou
por coloca-lo na obscuridade e alija-lo dos annaes eclesiástico da denominação,
negando-lhe a honra e reconhecimento devido, mediante a mesquinhez e
personalismo de suas lideranças.
Utilização
livre desde que citando a fonte
Guedes,
Ivan Pereira
Mestre
em Ciências da Religião.
me.ivanguedes@gmail.com
Outro
Blog
Reflexão
Bíblica
http://reflexaobiblica.spaceblog.com.br/
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de São Paulo - Pioneiro do Radialismo Evangélico
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[1] Atualmente em uma destas
Universidades, que faz questão de inserir o nome de sua denominação, somente os
pastores e familiares tem direito a bolsa integral, de maneira que, em uma
inversão de uma das parábolas de Jesus: os demais noventa por cento de sua membresia
permanecem alienados deste privilégio.
[2] A partir deste ponto insiro as
informações de meu livro: “O protestantismo na Cidade de São Paulo –
Presbiterianismo” que foi minha dissertação de Mestrado, conforme citados nas
referências bibliográficas.
[3] É indispensável para compreender a
atuação de Braga na área educacional brasileira a leitura de ― Conceitos
Educacionais‖ 243-260 (MATOS, 2008).
[4] A instância maior do sistema eclesiástico
da Igreja Presbiteriana do Brasil.
[5] Por extrapolar o recorte histórico proposto
na dissertação ficaram de fora os Relatórios posteriores a 1970 onde este tipo
de atividade de Borges se acentua grandemente. Por exemplo, em seu Relatório
de 1973 consta uma nota: ―Em agosto deste ano foi eleito Presidente do
Conselho Estadual de São Paulo.
[6] Houve um movimento nacional em favor
do ensino público, o qual Borges sempre foi um ardoroso defensor, incluindo as
mais diversas entidades da área educacional e dos movimentos sociais em geral e
nomes de grande expressão no mundo acadêmico Mário Schemberg, José Leite Lopes,
o sociólogo Florestan Fernandes, Prof. Fernando de Azevedo, jornais,
universidades, igrejas evangélicas entre as mais atuantes a Presbiteriana e a
Metodista com mobilização de seus membros. O repúdio partiu de todos os meios
responsáveis para exigir a rejeição do projeto de lei. Para se ter uma dimensão
da importância deste movimento é necessário ler o artigo de Alexandre Tavares
do Nascimento Lira (2009).
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