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sábado, 30 de dezembro de 2017

"Entre a sacristia e o laboratório": os intelectuais protestantes brasileiros e a produção da cultura (1903-1942) – Tese (Doutorado)


RESUMO
Esta tese visa a mostrar como o protestantismo brasileiro, através de um grupo de intelectuais, inseriu-se culturalmente no tecido social urbano na primeira parte do século XX. A participação desses intelectuais protestantes deu-se na esteira de um modelo anterior, praticado por lideranças importantes da igreja evangélica no Brasil, como o pastor Eduardo Carlos Pereira (1855-1923), que foi também professor de ginásio e reconhecido gramático. Tais lideranças detinham uma postura religiosa conservadora que se refletiu em sua produção científica, voltada para a manutenção da sociedade brasileira nos padrões desejados pelas oligarquias rurais do país. Diferentemente da geração anterior, os intelectuais protestantes, que também eram líderes religiosos - a maior parte deles ligada à Igreja Presbiteriana Independente do Brasil, a mesma a qual pertencia Eduardo Carlos Pereira - assumiram o mesmo espírito de transformação e de modernização social que estava presente na burguesia urbana ascendente. Primeiramente, aspiraram a uma re-elaboração do protestantismo brasileiro, que julgavam muito aquém das necessidades no estabelecimento de um diálogo com a cultura brasileira. Em segundo lugar, desejavam que esse transformar da mentalidade protestante permitisse a evangelização das “classes cultas", ou seja, das elites dirigentes brasileiras e da burguesia urbana. Fechadas as portas a eles, por lideranças conservadoras, das igrejas e de suas estruturas internas de poder, decidiram usar o expediente das revistas de cultura religiosa para falar ao universo protestante sem serem impedidos pelas lideranças das igrejas. Os principais articuladores dessas revistas foram os pastores presbiterianos Epaminondas Melo do Amaral, Miguel Rizzo Júnior, Othoniel Motta e Erasmo Braga. As revistas lançadas - Revista de Cultura Religiosa, Lucerna, Fé e Vida e Unitas - compuseram um capítulo de extraordinária relevância para a disseminação da cultura religiosa no Brasil, particularmente nas décadas de 1920, 1930, 1940 e 1950. Crises doutrinárias e confrontos políticos em finais da década de 30 e princípios da década de 40 resultaram na organização, pelos intelectuais protestantes, da Igreja Cristã de São Paulo, em 1942. Tal comunidade procurou marcar em sua experiência evangélica os traços que seus fundadores desejavam ver em todo o protestantismo brasileiro. Tal comunidade, porém, não conseguiu sensibilizar outras igrejas, que temiam o discurso demasiadamente crítico e moderno que a Igreja Cristã de São Paulo verbalizava. O ápice da influência cultural dos intelectuais protestantes deu- se através da presença de alguns deles na Universidade de São Paulo - Lívio Teixeira, Theodoro Henrique Maurer Júnior e Isaac Nicolau Salum - a partir de final dos anos 30. O trabalho desenvolvido por esses protestantes na USP determinou o surgimento de importantes institutos de pesquisa e ensino na mais antiga universidade paulista, a demonstrar a competência científica e o rigor desses professores, frutos, em grande medida, de seu “espírito protestante".

Palavras-chave: Protestantismo Brasileiro. Intelectuais. Cultura Religiosa. Liberalismo. Sociedade Urbana. Revistas Protestantes.

SUMÁRIO
INTRODUÇÃO............................................................................... 10
1   EDUARDO CARLOS PEREIRA: PRIMEIRO MODELO DE INTELECTUAL
PROTESTANTE BRASILEIRO.................................................. 25
1.1 Caracterizações sócio-biográfica......................................... 25
1.2 A gramática como ciência da ordem.................................... 41
1.3  A produção conservadora da história religiosa................ 64
1.3.1 O Livro Fundador As Origens da Independência Presbiteriana..........73
1.3.2                           Os sermões-discurso do “31 de Julho”.......      79
2   OS INTELECTUAIS PROTESTANTES E SUA PRODUÇÃO DE SACRISTIA: AS REVISTAS DE CULTURA RELIGIOSA    86
2.1 As revistas de cultura religiosa e o desafio das “classes cultas”           ..............89
2.2 A Revista de Cultura Religiosa: janela protestante aberta à modernidade......92
2.2.1 La Revue du Christianisme Social: matriz francesa da Revista de Cultura Religiosa      99
2.22 A Revista de Cultura Religiosa: sua formatação e conteúdos............103
2.23 A RCR: objetivos e temas.................................................... 114
2.2.4                                                                                                   A Revista de Cultura Religiosa e a oposição conservadora................121
2.2.5                                                               A Revista de Cultura Religiosa e seus interlocutores           ...124
2.3 Lucerna, Fé e Vida, Unitas: versões “populares” de revistas de cultura religiosa.    126
3   OS INTELECTUAIS PROTESTANTES E A UNIVERSIDADE: A SACRISTIA
CHEGA AO LABORATÓRIO...................................................... 143
3.1 Lívio Teixeira no Departamento de Filosofia da USP...... 150
3.2  Maurer, Salurn: os estudos Biológicos na USP............... 158
CONCLUSÃO................................................................................ 170
BIBLIOGRAFIA.............................................................................. 177
GLOSSÁRIO.................................................................................. 195

Lima, Éber Ferreira Silveira - "Entre a sacristia e o laboratório": os intelectuais protestantes brasileiros e a produção da cultura (1903-1942)
Orientador: Profº Dr. Antonio Celso Ferreira
Tese (Doutorado) - Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Ciências e Letras, 2008.


Guedes, Ivan Pereira
Mestre em Ciências da Religião.
Universidade Presbiteriana Mackenzie
me.ivanguedes@gmail.com
Outro Blog
Reflexão Bíblica
http://reflexaobiblica.spaceblog.com.br/

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