O protestantismo começa a ser
efetivamente inserido no campo religioso brasileiro somente na segunda metade
dos oitocentos. O presbiterianismo foi
um dos primeiros ramos do protestantismo a se instalar efetivamente no Brasil.
Antes mesmo da implantação denominacional um pastor presbiteriano, Rev. JamesCooley Fletcher (1851),[1] deixou
marcas indeléveis da presença protestante no país ((LÉONARD, 1963, cap. 1;
BARBANTI, 1977, cap. 2; VIEIRA, 1980, caps 3 e 4). Somente com o desembarque do
jovem pastor Rev. Ashbel Green Simonton em 1859 é que o presbiterianismo
começa a ser definitivamente implantado, primeiramente no Rio de Janeiro, mas é a partir de São Paulo que a denominação tem um período
intenso de expansão, de maneira que, em curto tempo se faz presente em diversos
pontos do território nacional. Um fato fundamental para esta irradiação
presbiteriana foi a inserção do ex-padre JoséManoel da Conceição, que se torna o primeiro pastor protestante
ordenado no Brasil.
Por um
longo período a Igreja Presbiteriana do Brasil permaneceu tutelada pelas duas Juntas Missionárias Americanas responsáveis
pelos missionários pioneiros.[2] Mas de
forma consistente e paulatinamente a denominação vai produzindo suas lideranças
pastorais nacionais. Em 1910 a Igreja
Presbiteriana do Brasil alcança sua plena autonomia eclesiástica quando é
instalada a primeira Assembleia Geral da Igreja Presbiteriana do Brasil[3] órgão
maior no organograma eclesiástico do presbiterianismo. A partir deste momento ela
adquire autonomia de sua história e não carece mais da tutela das Juntas
Missionárias norte americano, ainda que por muitas décadas caminhassem em mutua
cooperação.
O
que deveria ser motivo de grande alegria acaba por tornar-se o epicentro da
primeira grande ruptura do
presbiterianismo nacional. Mal completando sua primeira data expressiva do
cinquentenário, um grupo de líderes constituído de pastores e presbíteros,
capitaneados pela figura carismática do Rev.
Eduardo Carlos Pereira,[4] separam-se e formam
uma nova denominação, a Igreja Presbiteriana Independente do Brasil.
Todavia, a Igreja Presbiteriana do
Brasil, continuava à margem do contexto protestante mundial. Se inicialmente havia
justificativa para um comportamento nacionalista exclusivista em decorrência da
concentração de esforços para implantação da denominação no vasto território
brasileiro, agora já consolidada e contando inclusive com duas denominações
presbiterianas brasileira, era preciso assumir seu lugar no contexto
protestante internacional.
Ainda que fosse um passo natural
essa inserção, o presbiterianismo brasileiro, mais particularmente a Igreja
Presbiteriana do Brasil, manteve-se com raríssimas exceções, à margem do
contexto protestante mundial. Nas parcas ocasiões em que ela teve a
oportunidade concreta de se inserir neste contexto maior, a denominação optou
pela neutralidade ou como ficou famosa a expressão, manter-se equidistante.
Evidentemente que esta escolha trouxe suas consequências, se por um lado
“protegeu” a denominação de influências “heréticas” de um liberalismo teológico
e/ou ecumenismo interdenominacional, que
até hoje aterroriza a denominação, por outro lado, apequenou a Igreja
Presbiteriana do Brasil, limitando a sua atuação na esfera mundial e anulando
sua influência nas instancias internacionais, a mantendo ensimesmada e reforçando
sua característica de gueto denominacional, inclusive dentro do contexto
nacional.
Duas raras exceções neste contexto
serão proporcionadas por duas figuras próceres da Igreja Presbiteriana do
Brasil o Rev. Erasmo de Carvalho Braga e o Rev. José Borges dos Santos Jr., que
será referido em artigo posterior.
O
Rev. Erasmo Braga (1877-1932)[5] se
constituiu em uma das figuras mais proeminentes, nacional e internacionalmente,
do presbiterianismo brasileiro. O Dr. Alderi S. Matos (2004) ao escrever sua excepcional
obra sobre Erasmo Braga preencheu uma lacuna, até então inaceitável, na
historiografia biográfica do presbiterianismo nacional.
Braga
foi fortemente impactado pelo Congresso do Panamá,[6] que
originalmente recebera o nome de ― Congresso da Obra Cristã na América Latina.[7] É nesta Conferência que o Brasil e a América Latina
entram definitivamente no mapa do movimento missionário mundial, deixando de lado
sua síndrome de “Continente Abandonado” para se assumir como um “Continente das
Oportunidades” (PIEDRA, 2008), e o jovem pastor presbiteriano torna-se a
partir dessa experiência um entusiasta do ecumenismo evangélico,[8] pois
entendia que somente na união das forças evangélicas nacionais se produziria um
impacto sísmico capaz de transformar a sociedade brasileira.
Pouco
antes de se iniciar os trabalhos da Conferência Erasmo foi convidado para ser
um dos responsáveis em fazer a historiografia dela:[9]
Horas
antes de reunir-se em Panamá, Zona do Canal, o Congresso de Acção Christã na
America Latina, a 10 de fevereiro de 1916, ... o dr. Frank K. Sanders, chefe do
serviço editorial do Congresso, designou-me para redigir em Portuguez um volume
com a narração dos trabalhos que iamos fazer (1917).
Deste momento em diante, até a sua morte, Erasmo vai
adotar entusiasticamente a agenda do Panamá: cooperação evangélica,
envolvimento social, o testemunho cristão na sociedade, a educação teológica de
alta qualidade, a evangelização das elites. Desde então sua atuação vai extrapolar
as linhas demarcatória do denominacionalismo exclusivista e sua atuação terá
como propósito maior envolver as forças evangélicos brasileiras como um todo.
Em 1920, ele é nomeado secretário-geral do Comitê
Brasileiro de Cooperação (BCC), uma filial do Comitê de Cooperação na América
Latina (CCLA), cujos líderes foram Robert E. Speer[10] e Samuel G. Inman.[11] O CCLA, um resultado
direto do Congresso do Panamá, tinha a intenção de promover uma maior
integração das estruturas missionárias e igrejas nacionais na América Latina.
Em seu livro, produzido juntamente com Kenneth Grubb,
faz uma análise da situação do protestantismo no Brasil e identifica o grande
entrave que impedia a integração da mensagem evangélica protestante e a
sociedade brasileira:
A
tendência ao eclesiocentrismo levanta uma cerca ao redor das comunidades
evangélicas, e isto resultará, inevitavelmente, em sua segregação da vida
nacional. Servir à comunidade é um modo esplêndido de testemunhar de Cristo
tanto na vida privada quanto na pública (BRAGA e GRUBB, 1932, p. 130).
É provável que por esta e
tantas outras críticas contidas em sua análise do protestantismo nacional, bem
com suas propostas para elucidar ou ao menos amenizar tais dificuldades, que
esse livro nunca foi traduzido para o português, permanecendo apenas como
referência bibliográfica para aqueles que ousam levantar tais proposições.
De forma sintética a solução
de Erasmo Braga para romper o eclesiocentrismo excessivo que caracterizava as
denominações evangélicas era a cooperação entre as igrejas para a evangelização
ou cristianização da sociedade brasileira, que seria possível através de suas
vertentes principais: educação, por onde os valores cristãos seriam inseridos
na mente e coração do povo brasileiro, operando as transformações necessárias;
e cooperação interdenominacional, que seria o instrumental das propostas
advindas do Comitê de Cooperação para a América Latina (CCLA), nascida do então
recente Congresso do Panamá.
Na próxima década Braga
viria a se tornar o líder mais conhecido no protestantismo brasileiro, tanto no
país como no exterior. Ele vai proporcionar as igrejas contribuições
excepcionais nas áreas de evangelismo, educação cristã, publicações, e trabalho
social, com base no esforço da cooperação entre os protestantes brasileiros. O
escritório da CCLA no centro do Rio de Janeiro tornou-se um ponto de encontro
para a liderança evangélica do Brasil. Através de seu esforço se promovia
excelente companheirismo e cooperação das igrejas em torno de uma série de
projetos de valor inestimável. Representou a comunidade protestante em relação
ao governo e tornou-se uma ligação entre as igrejas e as diversas missões
estrangeiras que atuavam no país, sempre no incansável esforço de alcançar uma
sinergia desta multiplicidade de atividades.
Uma outra frente de atuação
de Erasmo Braga foi inserir o protestantismo brasileiro no contexto mundial. Na
medida em que ele participava das conferências internacionais mais se apercebia
que as igrejas evangélicas brasileiras estavam vivendo isoladamente dos
movimentos mundiais. Participou das maiores Conferências ocorridas naquela
época: 9ª Convenção das Escolas Dominicais (Glasgow, 1924); Congresso sobre o
trabalho cristão na América do Sul (Montevideo, 1925); a 19ª Conferência Mundial
das ACMs (Finlândia, 1926); Conferência Mundial de Universidade Cristã para
Estudantes e Professores (Dinamarca, 1926); Conferência sobre a Missão Cristã
na África (Bélgica, 1926); a 34ª Reunião Anual da Conferência de Missões
Exteriores da América do Norte (Atlantic City, 1927); 13º Conselho Geral da
Aliança Mundial das Igrejas Reformadas (Boston, 1929); por fim, participa
também de três reuniões do Conselho Missionário Internacional: Suécia (1926),
Williamstown (1929), e a mais impactante delas, a Reunião de Jerusalém (1928).
Em cada um destes eventos ele participava de forma integral em defesa de um
trabalho evangélico na América Latina efetiva e dinâmica. Evidentemente que sua
fluência em Inglês, Francês, Espanhol e Português foram imprescindível em sua
intensa atuação internacional.
Tinha uma personalidade cativante
de maneira que todos que se aproximavam dele não podiam deixar de perceber sua inteligência,
a memória privilegiada, e sua enorme produtividade, mas nunca ostentava esses
tão preciosos atributos. Ele também era um incansável leitor, acompanhando e
absorvendo tudo que estava sendo produzido por seus contemporâneos como
"uma enciclopédia ambulante". Somados a isso seu caráter e
temperamento, sua integridade, cortesia, abnegação e generosidade, exerciam forte
atração e gerava uma empatia sobre todos aqueles que estabeleciam contato com
ele. Além de ser um ministro dedicado e professor capaz, ele cultivou a paixão
pela área do jornalismo, tendo contribuído para muitos periódicos não apenas religiosos,
mas também seculares. Braga foi um dos fundadores de várias organizações
literárias, científicas e de serviços. Ele elaborou revistas pedagógicas
direcionadas às escolas primárias e que foram utilizadas por várias décadas em
todo o território brasileiro.
Na medida em que avança em
suas pesquisas missiológicas desenvolvidas nos países latino-americanos foi tomando
consciência das distorções religiosas, sociais e culturais que havia sido
produzido quando da implantação do protestantismo na região. Entretanto, apesar
dos equívocos estes países haviam recebido os princípios basilares da Reforma:
um cristianismo dinâmico, valores éticos, instituições democráticas e as
ênfases na educação, progresso social e econômico.
Mas diante de um quadro
extremamente grave das nações latino-americanas: subdesenvolvimento, o
analfabetismo, a ignorância, a superstição, o ceticismo, Braga conclui que
somente os valores contidos no bojo do cristianismo reformado poderiam
transformar esta situação. Já influenciado pelos conceitos do evangelho social,
entende que uma solução para reverter um quadro tão horrendo seria possível
somente quando as igrejas protestantes vivenciassem sua mensagem evangélica de
tal maneira que pudesse impactar a sociedade e alcançar as transformações
necessárias: a implantação do Reino de Deus na terra.
Entretanto, para que as
igrejas protestantes pudessem concretizar essa proposta, era necessário efetuar
mudanças significativas em sua forma de ser e agir: primeiramente abandonar seu
complexo de inferioridade e isolamento, produzir um movimento de aproximação
das diversas denominações evangélicas e também reestabelecer novos e fortes
laços com as igrejas do hemisfério norte; paralelamente era preciso
urgentemente renovar os métodos e utilizar uma linguagem mais acessível às
pessoas de forma geral e assim interagir com a própria sociedade.
As chamadas denominações
históricas - presbiterianos, metodistas, congregacionais e episcopais – da qual
ele era oriundo, inicialmente apoiaram suas iniciativas e muitas delas foram
implementadas, ainda que não totalmente, mas em grande medida. Entretanto, na
medida em que o tempo vai passando, a mentalidade paroquial, diferenças
doutrinárias, o medo de envolvimento na sociedade, e outras questões de nível
mais personalista e mesquinho, foram minando a incipiente cooperação evangélica
brasileira. Além das dificuldades internas, fatores de ordem externa também
acabaram desestimulando a implementação dos projetos: crise econômica de 1929
na América do Norte, a controvérsia modernista fundamentalista, e novas
percepções sobre a missão da igreja.
Erasmo Braga viveu intensamente
seus 55 anos, entretanto sua morte, até certo ponto
prematura, mitigou os esforços cooperativos. O lema de sua vida sempre havia
sido extraído das palavras do apóstolo Paulo "Nós não vivemos para nós mesmos, e não morremos para
nós mesmos" (Romanos 14.7). Seu caráter revestido de nobreza e
idealismo, sua dedicação a Cristo e espírito sempre conciliador qualificou-o
como nenhum outro líder evangélico para criar o mais fraterno e generoso
ambiente que o protestantismo brasileiro experimentou em toda sua história e
que retornará por um breve momento na década de cinquenta, ainda que não tão
fraternalmente, para ser barbaramente erradicado na década de sessenta para
nunca mais ressurgiu.
Sua convicção irredutível de
que somente no Evangelho era possível encontrar os germes que haveriam de
redimir os indivíduos e a sociedade contaminou e motivou as diversas
denominações protestantes a experimentarem, ainda que por apenas um breve
período, um envolvimento com a sociedade brasileira de uma forma coerente,
altruísta, e criativa, como nunca antes havia ocorrido desde sua inserção. Ainda
que em certo grau tenha sido um pouco ingênuo em algumas de suas expectativas, bem
como excessivamente otimista sobre alguns desafios, ninguém jamais colocou em
dúvida a sua seriedade, sinceridade e a dedicação em seus esforços para
alcançar seus nobres objetivos.
Esteve a frete da ― Comissão
Brasileira de Cooperação - que tinha uma agenda ambiciosa como a criação de uma
universidade Protestante cujo embrião foi a instalação e funcionamento do Seminário
Unido (1918-1933) que fechou um ano após seu falecimento. Todavia, um de seus
sonhos mais acalentado somente tornou-se realidade dois anos após sua morte, a Confederação
Evangélica do Brasil em 1934. Mas toda esta sua dedicação e empenho
tornaram-se a sementeira do forte movimento ecumênico que eclodiu dentro das
denominações protestantes e mais particularmente na Igreja Presbiteriana do
Brasil nas décadas posteriores de 50 e 60, que haveria de produzir um dos
abalos sísmico mais violento já registrado nos arraiais presbiteriano
brasileiro em toda sua história.
Quão diferente seria o
protestantismo brasileiro se suas lideranças não fossem tão míopes e surdas às
propostas de Erasmo Braga. Ao invés de sermos tão somente telespectadores dos
acontecimentos históricos que tem convulsionado nosso país periodicamente,
sendo esses últimos decorrentes da chamada “Operação Lava-Jato”, dentro da
perspectiva de Braga, haveríamos de ser proponentes de soluções para as grandes
crises do país.
Erasmo Braga tinha a firme
convicção, que faltou e continua em falta nas lideranças
evangélica-protestante, de que no bojo do Evangelho de Jesus Cristo e no
conjunto dos princípios estabelecidos na Bíblia, encontram-se as soluções para todas as
problemáticas desta Nação em todas as suas instâncias.
Utilização
livre desde que citando a fonte
Guedes,
Ivan Pereira
Mestre
em Ciências da Religião.
Universidade
Presbiteriana Mackenzie
me.ivanguedes@gmail.com
Outro
Blog
Reflexão
Bíblica
http://reflexaoipg.blogspot.com.br
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Brasília: Editora da Universidade de Brasília, 1980.
[1] Na historiografia protestante
brasileira Fletcher tornou-se um personagem histórico “muito comentado, mas pouco compreendido”, de acordo com David
Gueiros Vieira (1980, p. 62). Ele foi alienado da historiografia presbiteriana oficial
desde o primeiro esboço produzido por Alexander Blackford e posteriormente seguido
pelos demais historiadores eclesiásticos. Vieira foi o primeiro a destacar o
diversificado e intenso esforço feito por Fletcher para a implantação do
protestantismo no Brasil.
[2] Os primeiros missionários entre eles
o pioneiro Ashbel Green Simonton foram enviados pela Junta de Missões da Igreja
Presbiteriana do Norte (PCUSA) cuja sede (comitê) ficava na cidade de Nova York
e posteriormente desembarcaram também missionários enviados pela Junta de Missões
da Igreja Presbiteriana do Sul (PCUS) cuja sede (comitê) na cidade de Nashville.
[3] Posteriormente com a promulgação de
uma nova Constituição (1937) e até os dias atuais a nomenclatura no Brasil
passou a se “Supremo Concílio”.
[4] Em 1902, Eduardo Carlos Pereira
publicou no jornal O Estandarte, o documento que ficou conhecido como
Plataforma, contendo os pontos divergentes dos líderes nacionais: independência
absoluta ou soberania espiritual da Igreja Presbiteriana no Brasil; desligamento
dos missionários dos presbitérios nacionais; declaração oficial da
incompatibilidade da maçonaria com a igreja protestante; conversão das Missões
Nacionais 32 em Missões Presbiterianas ou autonomia dos Presbitérios na
evangelização de seus territórios; educação sistematizada dos filhos da Igreja
pela Igreja e para a Igreja, condenando a educação mista como meio de
propaganda (Lessa, 1938, p. 638, 639).
[5] Erasmo Braga de Carvalho é
representante da segunda geração de protestantes (presbiterianos) brasileiros. Seu
pai, João Ribeiro de Carvalho Braga (1853-1934), nascido na cidade de Braga, em
Portugal, faz parte da primeira geração de ministros da Igreja Presbiteriana do
Brasil, sendo preparado em seus estudos teológicos pelo Rev. Alexander L.
Blackford, que então pastoreava a Igreja Presbiteriana do Rio de Janeiro. Desde
a sua infância, Braga esteve sob a influência de notáveis missionários
americanos, especialmente nas instituições de ensino da qual participou, sendo
um deles Mackenzie College, em São Paulo, uma das maiores instituições
educacionais estabelecidas pelo esforço missionário no Brasil. Depois de se
formar no Seminário Presbiteriano, foi ordenado em 1898 e realizou seu primeiro
pastorado na cidade de Niterói (RJ) como fundador e primeiro pastor desta
igreja. Em 1901, tendo apenas 24 anos de idade, mudou-se de volta para São
Paulo a fim de ensinar tanto no Mackenzie College, bem como, no Seminário
Presbiteriano. Seu trabalho na educação teológica denominacional continuou até
1920.
[6] Além de Braga, foram como delegados
oficiais da IPB os Revs. Álvaro Reis e os Missionários Samuel R. Gammon e
William A. Waddell, também o Rev. Eduardo Carlos Pereira (IPI) e o Missionário
Hugh C. Tucker (Metodista). (MATOS, 2008, p. 217 e Nota n° 88).
[7] A realização desse evento era uma
resposta à Conferência Missionária Mundial de Edimburgo, em 1910, em que a
América Latina foi classificada como um continente cristão e não incluída como
um campo missionário. Vários missionários norte-americanos que atuavam na
América Latina, e o pastor presbiteriano brasileiro Álvaro Reis, o único
latino-americano presente em Edimburgo, como observador, formaram um comitê e
escreveram um manifesto às igrejas nos EUA reclamando desta conclusão e virtual
exclusão na Conferência de Edimburgo. Três anos depois, durante a Conferência
Norte-Americana de Missões Estrangeiras, realizada em Nova Iorque, Robert
Speer, secretário do Conselho de Missões Estrangeiras da Igreja Presbiteriana,
criou o Comitê de Cooperação da América Latina que deu origem a uma série de
conferências na América Latina que pretendia estudar a identidade do
protestantismo latino-americano.
[8] É preciso esclarecer que o ecumenismo
defendido ardorosamente por Braga sempre foi em relação às demais denominações
evangélicas que se faziam presentes no território brasileiro, bem como
denominações e organizações evangélicas internacionais, em nenhum momento
ampliou essa unidade para o catolicismo ou outras expressões religiosas.
[9] Outros dois trabalhos foram
produzidos um em inglês, pelo Prof. H. P. Beach, outro em espanhol, pelo Prof.
Eduardo Monteverde, da Universidade de Montevideo.
[10] Speer nasceu em Huntingdon,
Pennsylvania, graduado pela Universidade de Princeton, e tornou-se um
itinerante recrutador para o Student Volunteer Movement (SVM), 1889-1890. Ele
deixa o Princeton Theological Seminary em no meio de 1891 para aceitar o
convite para ser secretário do Conselho Presbiteriano de Missões Estrangeiras e
no qual permaneceu até sua aposentadoria em 1937. Tornou-se um referencial no
que se refere ao avanço missionário protestante no início do século XIX. Atuou e diversas frentes
ecumênicas protestantes: the Foreign Missions Conference of North America, the
Federal Council of Churches, the International Missionary Council, and the
Committee on Cooperation in Latin America. Em 1927 foi eleito moderador da Assembleia Geral da
Igreja Presbiteriana Americana. Produziu diversas literaturas
relacionadas às questões missionárias: Missionary Principles and Practice
(1902), The Gospel and the New World (1919), The Church and Missions (1926),
The Unfinished Task of Foreign Missions (1926), The Finality of Jesus Christ
(1933), and “Re-Thinking Missions’ Examined (1933). (James A. Patterson,
“Speer, Robert Elliott,” in Biographical Dictionary of Christian Missions, ed. Gerald H. Anderson [New York:
Macmillan Reference USA, 1998], 633).
[11] Originário de Trinity, Texas, ele foi
profundamente impactado quando de seu ministério na periferia da cidade de Nova
York, no bairro denominado de Cozinha do Inferno, onde desenvolve uma ênfase no
evangelho social, de maneira que durante toda sua vida preocupa-se com pessoas
e seu contexto social. Foi mentor, juntamente com Speer, do Comite de
Cooperação na América Latina (CCLA) e seu secretário por 25 anos (1913-1938).
Elaborou os planos da Conferência do Panamá (1916) e colaborou com as
subsequentes, em Montevidéu (1925) e Havana (1929). Defensor do diálogo e
relação intereclesial, participou da implementação da política de “boa
vizinhança” do presidente Theodore Roosevelt e participou do movimento para o
pan-americanismo.
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