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terça-feira, 18 de novembro de 2014

PROTESTANTISMO - A Reforma na Inglaterra - Elizabete I (1558-1603)

Com a morte de Maria Tudor (1553-1558) sua sucessora é Elizabete, filha da decapitada Ana Bolena. Diferentemente de seus antecessores, ela haveria de tornar-se a mais longínqua e vitoriosa governante da Inglaterra (1558-1603). Seu nome e seu reinado esta perpetuado na história da Inglaterra como um dos períodos mais esplendorosos e profícuos seja na proliferação da literatura, na expansão comercial e consequente aumento da riqueza, consequência direta de seu domínio sobre os mares à custa de impor a mais estrondosa derrota a até então imbatível armada espanhola de Filipe II (LATOURETTE, 2006, p. 1096).
Esse longo tempo de governo aliado a todos estes fatores positivos lhe proporcionou a oportunidade de consolidar de uma vez para sempre a Igreja inglesa, como tão bem descreve Giacomo Martina:
Unia extraordinários dotes de governo a um autêntico cinismo em sua vida privada. Com uma segura intuição, ela conduziu o país pela estrada que nos séculos seguintes levaria a Inglaterra ao ápice de sua potência política e econômica: industrialização, com apoio, sobretudo às indústrias têxteis, hegemonia naval subtraída à Espanha e ciosamente guardada e defendida contra qualquer ameaça, expansão colonial, desenvolvimento comercial em escala mundial e proteção oferecida a todos os que lutavam contra o imperialismo espanhol. A Inglaterra se tornava assim, ao mesmo tempo, a campeã da resistência contra o catolicismo. Com Elizabeth I o protestantismo se firmou definitivamente na Inglaterra, e desde então o amor à pátria e a fidelidade à dinastia reinante se uniram estreitamente à hostilidade em relação ao papado e ao catolicismo, a ponto de se tomar um dos componentes essenciais da alma inglesa, pelo menos ate o século XIX. (1995, p. 150).
Hábil negociadora e perspicaz em analisar seus adversários e aliados, ela foi construindo um reinado fundamentado no equilíbrio das forças políticas e religiosas. Sabia, como seu pai e outros monarcas poderosos, que não poderia abrir mão do controle absoluto da Igreja e muito menos da fonte renda advinda dela,[1] mas teve a sensibilidade de não fazê-lo sem que antes conquistasse um amplo apoio de seu povo e do Parlamento.
Para isso teve que equilibrar as forças entre católicos e protestantes dentro da Igreja da Inglaterra.
“Ela não poderia esperar agradar a ambos, os católicos romanos e os protestantes extremados, mas poderia alcançar (e alcançou) um estabelecimento que provou ser aceitável para a maioria dos ingleses de sua época e que, sem alterações básicas, caracterizaria a Igreja da Inglaterra dali por diante” (LATOURETTE, 2006, p. 1.097).
Em 1559 promulga o Ato de Supremacia, resgatando sua plena autoridade sobre a Igreja da Inglaterra, e para não insuflar reações maiores, por parte do clero totalmente masculino, substitui a expressão “Cabeça Supremo”, por “Suprema governadora deste reino, e de todos os outros domínios e países, assim como em todas as coisas espirituais ou eclesiásticas ou cousas temporais”.
Também, por meio do Parlamento, restaura o Ato de Uniformidade, com alterações significativas do Segundo Livro de Oração Comum produzido no reinado de seu irmão EduardoVI (1547-1553), decretando sua obrigatoriedade em todas as atividades religiosas, bem como estabelecendo em lei a obrigatoriedade da frequência nos cultos. O casamento de clérigos, sempre uma questões efervescente, tornou-se possível desde que com autorização expressa do bispo, duas magistraturas de paz e dos pais da noiva. Ela combateu os excessos religiosos místicos, bem como toda sorte de simonia.
Todavia, faltava um ponto fundamental para o estabelecimento definitivo da Igreja da Inglaterra. Elizabete não foge ao desafio estabelecendo os Trinta e Nove Artigos da Religião, que era uma variação dos Quarenta e Dois Artigos do reinado anterior de Eduardo, cujos aspectos teológicos “ainda que levemente atenuada mediante sua orientação e mais bem luterana que a diferenciava do calvinismo estrito dos ‘quarenta e dois artigos’” (CASALIS, p. 153).  É promulgado em 1571 e a subscrição é compulsória por parte de todos os clérigos, com pena da perda das funções religiosas.
Duas obras acadêmicas foram produzidas com o intuito de construir uma base eclesiástica para a nova igreja. A primeira foi elaborada por John Jewel intitulada “Apologia ecclesiae anglicanae” (1562) e a segunda, de maior envergadura, produzida por Hooker com o titulo de “Laws of elcesiasticalpolity”, que oferecia uma base para defesa do anglicanismo diante dos ataques advindos do catolicismo quanto dos puritanos.
Com um longo reinado e uma politica forte Elizabete consegue impor a Igreja Anglicana, dando-lhe uma estrutura e forma de adoração, bem como uma afirmação de fé que agradou à grande maioria do povo inglês, evitando assim as terríveis guerras civis que seus vizinhos experimentaram. Mas, os extremistas tanto católicos quanto reformados, continuavam insatisfeitos.


Utilização livre desde que citando a fonte
Guedes, Ivan Pereira
Mestre em Ciências da Religião.
Universidade Presbiteriana Mackenzie
ivanpgds@gmail.com
Outro Blog
Reflexão Bíblica
http://reflexaobiblica.spaceblog.com.br/


Referências Bibliográficas
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AZEVEDO, Israel Belo de. A celebração do indivíduo: a formação do pensamento batista brasileiro. Piracicaba; Editora UNIMEP/Exodus, 1996, p.63).
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DREHER, MARTIN N. A crise e a renovação da igreja no período da Reforma. São Leopoldo: Sinodal, 1996. (Coleção História da Igreja, v.3).
FISHER, Jorge P. Historia de la reforma. Barcelona: Ed. CLIE, 1984.
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HILLERBRAND, Hans Joachim. The division of Christendon: Christianity in the sixteenth century. Louisville, Kentucky: Published by Westminster John Knox Press, 2007.
LATOURETTE, Kenneth Scott. Uma história do cristianismo - volume II: 1500 a 1975 a.D. São Paulo: Editora Hagnos, 2006.
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[1] Latourette desta este aspecto: “Ela [Elizabete] manteve alguns de seus bispados vagos por anos e se apropriou de seus rendimentos. Diversos postos eclesiásticos eram pagos pelos seus designados por alienar porções de suas dotações.” (2006, p. 1097).

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