Largo São Bento com a Líbero Badaró onde funcionou a Primeira IPB e a Escola Americana (futura Universidade Mackenzie) http://historiologiaprotestante.blogspot.com.br/ |
O Rev. Alexander L. Bleckford ao tomar a decisão de fixar residência em São Paulo tem como objetivo aumentar os esforços de estabelecer a primeira Igreja Presbiteriana na cidade. Sua limitação com a língua portuguesa era ainda maior do que a de seu companheiro de missão Ashbel Green Simonton, mas sua determinação e dedicação são aliadas muito eficazes. Conforme informações de Carl Joseph Han ele manteve um “Diário do Trabalho Missionário na Cidade de São Paulo” (1989, p. 171), que Lessa esclarece ter sido redigido de forma bem concisa e com alguns equívocos fáceis de serem corrigidos (1938, p. 31) no período de 09 de outubro de 1863 a 25 de dezembro de 1868.
No dia 18 de outubro de 1863, um domingo, Blackford realiza um culto falado em inglês, no salão de descanso e leitura de ingleses, na Rua da Constituição, hoje Florêncio de Abreu, sendo o texto bíblico utilizado 1 Timóteo 2.5, tendo um público ouvinte de catorze pessoas. ((Journal Record of Mission Presbyterian, Nº 9/10/1868 a 25/12/1868, Apud CLARK, 2005, p. 105).
Somente em 29 de novembro de 1863, ele vai realizar o primeiro culto em português, na residência de um crente advindo do Rio de Janeiro e membro da Igreja Evangélica do Dr. Kelly, chamado W. D. Pitt[1] e morador na Rua da Boa Vista numero 5, tendo um pequeno público de sete ou oito ouvintes, estando também presente o Rev. Chamberlain.[2]
Este início tão modesto não desanimou Bleckford, ao contrario, a partir de dezembro de 1864 ele passa a realizar as reuniões na Rua Nova de São José numero 01, atual Líbero de Badaró, já com a realização de dois cultos dominicais e uma reunião de estudos bíblicos às quartas feiras. Um dos participantes chamado Gaston em seu relato de 1º de outubro de 1865 faz uma descrição destas primeiras reuniões:
Há reuniões regulares, domingo de manhã com pregação e domingo à tarde palestras práticas, ou exercícios de Catecismo. Alguns dos jovens, pareceu-me, respondiam prontamente, e seus modos indicavam considerável inteligência. Era muito evidente que a maioria dos presentes a cada reunião (dominical) pertencia à classe social mais humilde; (abud RIBEIRO, 1981, p. 127).
A data oficial para a fundação da Primeira Igreja Presbiteriana de São Paulo é 5 de março de 1865, com a recepção por profissão de fé de seus primeiros seis membros, como era pratica daqueles dias. As pessoas recebidas foram: Manoel Fernandes Lopes Braga, Miguel Gonçalves Torres, Antonio Trajano, José Maria Barbosa da Silva, Anna Luiza Barbosa da Silva e Olympia Maria da Silva. Os quatro homens eram de nacionalidade portuguesa, e as duas senhoras brasileiras.[3]
Destes primeiros presbiterianos da cidade de São Paulo merece destaque os nomes de Miguel Gonçalves Torres e Antônio Trajano que vieram a serem respectivamente os primeiros alunos do denominado Seminário Primitivo, iniciado por Simonton e Blackford, e futuros pastores da Igreja Presbiteriana do Brasil. O que parecia ser um começo tão modesto, na verdade viria a ser um grande marco no avanço para o estabelecimento do presbiterianismo brasileiro, pois em poucos anos São Paulo se constituiria no centro mais prospero do presbiterianismo nacional e receberia os maiores volumes de recursos financeiros das Juntas Missionárias. Olivetti poeticamente se refere a este primeiro momento:
Aqueles missionários (Blackford e outros) e aqueles primeiros membros comungantes constituem um importante elo da corrente milenar dos que andaram ou andam na esteira dos passos de Deus. E constituem uma importante etapa da obra de reforma evangélica, da linha calvinista e presbiteriana, em nossa terra. Dou graças a Deus pela vida e pelo serviço daqueles irmãos na fé. (2000, p. 28)
Em dezembro de 1864 ocorre uma mudança significativa de endereço, para uma casa mais ampla, na esquina do Largo de São Bento com Rua São José, 1, hoje Líbero Badaró. Aqui ocorreram fatos marcantes da história do presbiterianismo paulista e brasileiro conforme podemos perceber no registro feito pelo jornal Visão, órgão oficial da Primeira Igreja Presbiteriana Independente de São Paulo, em seu primeiro exemplar, de março a maio de 2001, na página numero 1:
Neste importante endereço foram pastores: Rev. Alexander Latimer Blackford (1863-1867) quando teve que retornar ao Rio de Janeiro para assumir o pastorado daquela igreja com a morte precoce de Simonton; Rev. George W. Chamberlain (1867-1876), e John Betty Hovell de agosto de 1875 a dezembro de 1876, devido a viagem do Rev. Chamberlain aos Estados Unidos para completar seus estudos teológicos (SOARES, 2009, pp. 187-188). Em 22 de agosto de 1888 assumira o pastorado da Primeira Igreja o Rev. Eduardo Carlos Pereira, com apoio explicito do Rev. Chamberlain (TEMUDO, ano, p. 308), em detrimento do Rev. Modesto Carvalhosa (TEMUDO, ano, p. 309), o que futuramente trará suas consequências.
LESSA, Vicente Themudo. Annaes da Primeira Egreja Presbyteriana de São Paulo – Subsídios para a História do Presbiterianismo Brasileiro. São Paulo: Ed. Primeira Igreja Presbiteriana Independente de São Paulo, 1938.
OLIVETTI, Odair. Igreja Presbiteriana de São Paulo (1900-2000) – na esteira dos passos de Deus. São Paulo: IPUSP/Editora Cultura Cristã, 2000.
RIBEIRO, Boanerges. Protestantismo no Brasil monárquico (1822-1888): aspectos culturais da aceitação do protestantismo no Brasil. São Paulo: Pioneira, 1973.
SOARES, Caleb. 150 Anos de paixão missionária – o presbiterianismo no Brasil. Santos (SP): Instituto de Pedagogia Cristã, 2009.
[1] Veio a se constituir em um dos melhores auxiliares do Reverendo Blackford em S. Paulo era inglês e foi aluno na Escola Bíblica de Sara Kalley e posteriormente atendendo um pedido do Dr. Kalley veio para o Brasil, (10 de maio de 1855) e tornou-se valioso auxiliar em Petrópolis. Com a saída do Dr. Kalley do Brasil ele vai morar em São Paulo.
[2] Chamberlain, nascido em 13 de agosto de 1839 em Waterford, Pensylvania, fizera curso no Delaware College e no Union College. Não tinha vindo ao Brasil como missionario, nem pregador. Conta elle que, partindo de sua terra em junho de 1862, tinha em vista obter melhoras para a sua vista estragada pelos estudos. Aconteceu, porém, trazer uma carta de recommendação para o Reverendo Blackford, do Rio, e logo no dia da chegada, 21 de julho, travou com elle relações que muito vieram influir no seu destino. [...] De novembro a agosto do anno de 1865 colaborou com o Reverendo Blackford em São Paulo, tendo acompanhado a Brotas o Reverendo Simonton em março e abril. Em agosto e setembro fez muitas viagens pelo interior, regressando ao Rio, onde por seis mezes ficou como auxiliar de Simonton, substituindo-o em quanto este missionario havia ido a S.Paulo para a organização do presbyterio do Rio de Janeiro. [...] (LESSA, 1938, p.26 e 27 – grafia da época).
[3] Neste mesmo período, forma-se um novo trabalho nas proximidades de São Paulo, na Vila de Brotas (atual cidade de Brotas), que em novembro desse mesmo ano, se constituirá na terceira Igreja Presbiteriana. Foi nessa ocasião que o reverendo Blackford conheceu o padre José Manoel da Conceição, que mais tarde se tornou o primeiro pastor presbiteriano ordenado no Brasil.
No dia 18 de outubro de 1863, um domingo, Blackford realiza um culto falado em inglês, no salão de descanso e leitura de ingleses, na Rua da Constituição, hoje Florêncio de Abreu, sendo o texto bíblico utilizado 1 Timóteo 2.5, tendo um público ouvinte de catorze pessoas. ((Journal Record of Mission Presbyterian, Nº 9/10/1868 a 25/12/1868, Apud CLARK, 2005, p. 105).
Somente em 29 de novembro de 1863, ele vai realizar o primeiro culto em português, na residência de um crente advindo do Rio de Janeiro e membro da Igreja Evangélica do Dr. Kelly, chamado W. D. Pitt[1] e morador na Rua da Boa Vista numero 5, tendo um pequeno público de sete ou oito ouvintes, estando também presente o Rev. Chamberlain.[2]
Este início tão modesto não desanimou Bleckford, ao contrario, a partir de dezembro de 1864 ele passa a realizar as reuniões na Rua Nova de São José numero 01, atual Líbero de Badaró, já com a realização de dois cultos dominicais e uma reunião de estudos bíblicos às quartas feiras. Um dos participantes chamado Gaston em seu relato de 1º de outubro de 1865 faz uma descrição destas primeiras reuniões:
Há reuniões regulares, domingo de manhã com pregação e domingo à tarde palestras práticas, ou exercícios de Catecismo. Alguns dos jovens, pareceu-me, respondiam prontamente, e seus modos indicavam considerável inteligência. Era muito evidente que a maioria dos presentes a cada reunião (dominical) pertencia à classe social mais humilde; (abud RIBEIRO, 1981, p. 127).
A data oficial para a fundação da Primeira Igreja Presbiteriana de São Paulo é 5 de março de 1865, com a recepção por profissão de fé de seus primeiros seis membros, como era pratica daqueles dias. As pessoas recebidas foram: Manoel Fernandes Lopes Braga, Miguel Gonçalves Torres, Antonio Trajano, José Maria Barbosa da Silva, Anna Luiza Barbosa da Silva e Olympia Maria da Silva. Os quatro homens eram de nacionalidade portuguesa, e as duas senhoras brasileiras.[3]
Destes primeiros presbiterianos da cidade de São Paulo merece destaque os nomes de Miguel Gonçalves Torres e Antônio Trajano que vieram a serem respectivamente os primeiros alunos do denominado Seminário Primitivo, iniciado por Simonton e Blackford, e futuros pastores da Igreja Presbiteriana do Brasil. O que parecia ser um começo tão modesto, na verdade viria a ser um grande marco no avanço para o estabelecimento do presbiterianismo brasileiro, pois em poucos anos São Paulo se constituiria no centro mais prospero do presbiterianismo nacional e receberia os maiores volumes de recursos financeiros das Juntas Missionárias. Olivetti poeticamente se refere a este primeiro momento:
Aqueles missionários (Blackford e outros) e aqueles primeiros membros comungantes constituem um importante elo da corrente milenar dos que andaram ou andam na esteira dos passos de Deus. E constituem uma importante etapa da obra de reforma evangélica, da linha calvinista e presbiteriana, em nossa terra. Dou graças a Deus pela vida e pelo serviço daqueles irmãos na fé. (2000, p. 28)
Em dezembro de 1864 ocorre uma mudança significativa de endereço, para uma casa mais ampla, na esquina do Largo de São Bento com Rua São José, 1, hoje Líbero Badaró. Aqui ocorreram fatos marcantes da história do presbiterianismo paulista e brasileiro conforme podemos perceber no registro feito pelo jornal Visão, órgão oficial da Primeira Igreja Presbiteriana Independente de São Paulo, em seu primeiro exemplar, de março a maio de 2001, na página numero 1:
Lembra que ali nasceram a Primeira Igreja; a Escola
Americana (célula mater da Universidade Presbiteriana Mackenzie); o primeiro
presbitério. Ali foi ordenado o ex-padre José Manoel da Conceição, e foi onde
morreu e foi velado A. G. Simonton, e de lá saiu o triste cortejo que desceu a
Cásper Líbero, subiu a São João, entrou na Avenida Ipiranga e subiu a
Consolação, para sepultar o pranteado pastor no Cemitério dos Protestantes. (Apud,
SOARES, 2009, p. 187)
Neste importante endereço foram pastores: Rev. Alexander Latimer Blackford (1863-1867) quando teve que retornar ao Rio de Janeiro para assumir o pastorado daquela igreja com a morte precoce de Simonton; Rev. George W. Chamberlain (1867-1876), e John Betty Hovell de agosto de 1875 a dezembro de 1876, devido a viagem do Rev. Chamberlain aos Estados Unidos para completar seus estudos teológicos (SOARES, 2009, pp. 187-188). Em 22 de agosto de 1888 assumira o pastorado da Primeira Igreja o Rev. Eduardo Carlos Pereira, com apoio explicito do Rev. Chamberlain (TEMUDO, ano, p. 308), em detrimento do Rev. Modesto Carvalhosa (TEMUDO, ano, p. 309), o que futuramente trará suas consequências.
Utilização livre desde que citando a fonte
Guedes, Ivan Pereira Mestre em Ciências da Religião.
Universidade Presbiteriana Mackenzie
Outro Blog
Reflexão Bíblica
Referências Bibliográficas
CLARK, Jorge Uilson. Presbiterianismo do Sul em Campinas: primórdio da educação liberal. Tese (Doutorado) Universidade Estadual de Campinas Faculdade de Educação: Campinas, 2005. Disponível em:http://www.bibliotecadigital.unicamp.br/document/?code=vtls000351752&opt=4. Acesso em: 21/05/2013.LESSA, Vicente Themudo. Annaes da Primeira Egreja Presbyteriana de São Paulo – Subsídios para a História do Presbiterianismo Brasileiro. São Paulo: Ed. Primeira Igreja Presbiteriana Independente de São Paulo, 1938.
OLIVETTI, Odair. Igreja Presbiteriana de São Paulo (1900-2000) – na esteira dos passos de Deus. São Paulo: IPUSP/Editora Cultura Cristã, 2000.
RIBEIRO, Boanerges. Protestantismo no Brasil monárquico (1822-1888): aspectos culturais da aceitação do protestantismo no Brasil. São Paulo: Pioneira, 1973.
SOARES, Caleb. 150 Anos de paixão missionária – o presbiterianismo no Brasil. Santos (SP): Instituto de Pedagogia Cristã, 2009.
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[1] Veio a se constituir em um dos melhores auxiliares do Reverendo Blackford em S. Paulo era inglês e foi aluno na Escola Bíblica de Sara Kalley e posteriormente atendendo um pedido do Dr. Kalley veio para o Brasil, (10 de maio de 1855) e tornou-se valioso auxiliar em Petrópolis. Com a saída do Dr. Kalley do Brasil ele vai morar em São Paulo.
[2] Chamberlain, nascido em 13 de agosto de 1839 em Waterford, Pensylvania, fizera curso no Delaware College e no Union College. Não tinha vindo ao Brasil como missionario, nem pregador. Conta elle que, partindo de sua terra em junho de 1862, tinha em vista obter melhoras para a sua vista estragada pelos estudos. Aconteceu, porém, trazer uma carta de recommendação para o Reverendo Blackford, do Rio, e logo no dia da chegada, 21 de julho, travou com elle relações que muito vieram influir no seu destino. [...] De novembro a agosto do anno de 1865 colaborou com o Reverendo Blackford em São Paulo, tendo acompanhado a Brotas o Reverendo Simonton em março e abril. Em agosto e setembro fez muitas viagens pelo interior, regressando ao Rio, onde por seis mezes ficou como auxiliar de Simonton, substituindo-o em quanto este missionario havia ido a S.Paulo para a organização do presbyterio do Rio de Janeiro. [...] (LESSA, 1938, p.26 e 27 – grafia da época).
[3] Neste mesmo período, forma-se um novo trabalho nas proximidades de São Paulo, na Vila de Brotas (atual cidade de Brotas), que em novembro desse mesmo ano, se constituirá na terceira Igreja Presbiteriana. Foi nessa ocasião que o reverendo Blackford conheceu o padre José Manoel da Conceição, que mais tarde se tornou o primeiro pastor presbiteriano ordenado no Brasil.
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