As
Dez Teses de Berna (1528)
A
cidade de Berna era o maior, mais conservador e aristocrático dos cantões
suíços, era a capital política da Confederação e foi a primeira a seguir a
Reforma religiosa efetivada em Zurique, mas não sem muita hesitação. Mas apesar
de todos os contratempos a Reforma em Berna foi um evento de relevância no
contexto geral do movimento reformado na Suíça.
A
Reforma foi preparada na cidade e em todo o cantão por três ministros, Sebastian
Meyer, Berthold Haller e Francis Kolb, e por um leigo talentoso, Niclaus Manuel,
- que tinham em comum fortes laços de amizade e admiração pelo reformador
Ultico Zwínglio.
As
Dez Teses de Berna são uma das primeiras formulações dos fundamentos da fé
reformada. O documento resultou de uma disputa que começou na Igreja de São
Vicente, na cidade suíça. Na década de 1520, o reformador alemão Berthold
(Berchtold) Haller, influenciado pelo colega alemão os reformadores Filipe
Melanchthon e Ulrico Zwínglio substituíram a Missa católica romana por sermões.
A
Reforma foi preparada na cidade e em todo o cantão por três ministros,
Sebastian
Meyer, Berthold Haller e Francis Kolb, e por um leigo talentoso, Niclaus
Manuel,
- todos amigos de Zwínglio.
Meyer, um
monge franciscano, fez uma exegese na epístola de Paulo aos Romanos, no convento
e, no púlpito expos o Credo dos Apóstolos.
Haller,
natural de Würtemberg, portanto, manteve ao longo dos anos uma forte amizade e
companheirismo com Felipe Melanchthon, não foi um reformador energético, mas um
pregador instrutivo e reformador cauteloso, de disposição branda e modesta.
Estabelecendo-se em Berna como professor em 1518, veio a ser eleito pastor
chefe na catedral em 1521, e ali, apesar de todas as dificuldades exerceu seu
ministério pastoral fielmente até sua morte (1536). Em função de seus
posicionamentos reformados ele frequentemente se encontrava em circunstâncias
perigosas, e em muitas ocasiões pensou em se retirar do pastorado e da cidade, mas
seu amigo e por assim dizer, mentor Zwínglio o orientou pessoalmente,
apoiando-o e encorajando a permanecer firme em seu posto avançado do movimento
reformador suíço (lembrando muito a relação de Timóteo com Paulo).
Apesar
de sua fragilidade emocional ele tinha talentos brilhantes e grande capacidade
e conhecimento intelectual, que no transcorrer dos anos ele se revelaram eminentemente
uteis, juntamente à sua piedade gentil e devoção fiel ao dever.
Manuel,
poeta, pintor, guerreiro e estadista, ajudou o causa da reforma por seus dramas
satíricos, que eram representados nas ruas, sua exposição de Eck e Faber após a
disputa de Baden, e sua influência no Grande Conselho dos Duzentos, que se
tornou o guarda-chuva dos ministros pregadores dos princípios bíblicos reformados.
da cidade (d. 1530). Em diversas ocasiões os ministros eram acusados e
condenados no Pequeno Conselho, dependendo de seus posicionamentos
políticos-religiosos, mas as sentenças eram derrubadas no Grande Conselho, e
por está razão o movimento reformado por prosseguir firme em Berna.
Um
primeiro embate ocorreu na cidade católica de Baden, em Aargau, em 21
de maio de 1526, durando dezoito dias, até 8 de junho. Os cantões e
quatro bispos enviaram deputados, e muitos teólogos estrangeiros estavam
presentes. Os se fizeram representar em um número pequeno, com ausências
significativas. O próprio Zwínglio fora impedido de participar da disputa, pelo
Concílio de Zurique de sair de casa, pois ele corria risco de morte. Todavia,
ele manteve-se em contato permanente com seus colegas e municiando-os o máximo
possível por correspondentes secretos. Ninguém duvidava da coragem de Zwínglio que
fora demonstrada incontáveis vezes na bigorna das batalhas. Mas neste momento
delicado de Berna, sua ausência fora sentida uma vez que ele igualaria a
balança do debate com o romanista ferrenho Eck.
Mas
esta primeira vitória católica romana se demonstrará não apenas ser temporária
e parcial, mas a gota que fará o copo transbordar a favor da verdade evangélica
da Reforma. O poeta temporário, Nicolas Manuel, assim descreveu a conduta do
romanista Eck durante e depois do debate:
"Eck bate com os pés e bate palmas,
Ele delira, ele xinga, ele repreende;
'Eu faço', grita ele, 'o que o Papa ordena,
E ensina tudo o que ele sabe.[1]
Tal
foram os abusos dos organizadores do debate e a malversação do resultado que o
debate não foi aceitou e um novo e justo debate foi marcado. As eleições em
1527 viraram o jogo político, e as medidas retroativas romanas foram revogadas
e uma nova disputa ordenado para ocorrer em 6 de janeiro de 1528, agora
na cidade de Berna.
O
Grande Conselho da cidade convocou uma assembleia de clérigos e leigos para
discutir as disputas (janeiro 1528). Os cantões católicos romanos e os quatro
bispos convidados recusaram, sendo a exceção apenas o bispo de Lausanne, que se
manteve em silêncio por discordar que o debate fosse feito na língua alemã e
não em latim (como a anterior). O expoente maior papal o Dr. Eck, sabendo que
não teria maioria e nem esquema montado a favor do catolicismo rejeitou e
atacou o novo debate, declarando que o debate anterior fora vencedor.
Desta
vez, como não havia ocorrido na anterior, os principais líderes da Reforma
alemã e suíça se fizeram presentes na conferência. Dentre os nomes mais influentes
Ambrosius Blaarer de Constança, Oecolampadius de Basiléia, Martin Bucer e
Capito de Estrasburgo, Sebastian Wagner Hofmeister de Schaffhausen, William
Farel que era pregador em Aigle, e outros menos conhecidos que entre os suíços
e estrangeiros, somavam aproximadamente 250 clérigos presentes. A cidade de Zurique
enviou cerca de cem ministros e leigos, com uma forte proteção.
Os
principais oradores do lado reformado foram Zwínglio, Haller, Kolb, Oecolampadius,
Capito e Bucer de Estrasburgo; e pelo lado romano, Grab, Huter, Treger, Christen
e Burgauer. Joachim von Watt (humanista, estudioso, prefeito e reformado) de
St. Gall presidiu. Sermões populares foram pregados durante a disputa por
Blaurer de Constança, Zwínglio, Bucer, Oecolampadius, Megander e outros.
O
tempo da conferência duraria dezenove dias, e nela foram lidas e debatidas dez
teses que sob a coordenação do reformador Zwínglio haviam sido revisadas e
publicadas a pedido de Haller. O famoso historiador da igreja, Phillip Schaff,
proclamou "vitória completa" para os reformadores. Assim, o Grande
Conselho de Berna tornou-se um grande ponto de virada na Reforma Suíça que
também se espalhou para partes da Alemanha e outros países.
Os
efeitos desta vitória dos reformados se fizeram refletir de imediato: a missa
foi abolida e substituída pelo sermão, imagens foram removidas dos templos e,
os monastérios foram esvaziados e usados para a educação de pessoas comuns, e as
verbas públicas que eram direcionadas para o sustento dos clérigos romanistas e
impostos que eram enviados ao Papa foram declaradas ilegais em Berna.
Esta
é a razão pela qual este precioso documento reformado é relevante e não deve
ser ignorado, como um movimento menor. Neste momento se inicia a expansão do
movimento de Reforma na Suíça, uma vez que, apenas o cantão leste, Zurique tinha
se posicionado pela Reforma. Agora soma-se a cidade de Berna, uma das três
cidades mais importantes da região. Esta união era fundamental para que o
movimento protestante pudessem ser fortalecido e alcançar outras cidades da
federação suíça.
As
Dez Teses de Berna
A santa Igreja Cristã, cuja única Cabeça
é Cristo, nasce da Palavra de Deus e permanece na mesma, e não ouve a voz de um
estranho.
A
Igreja de Cristo não faz leis e mandamentos sem a Palavra de Deus. Portanto, as
tradições humanas não são mais obrigatórias para nós do que são fundadas no
Palavra de Deus.
Cristo é a única sabedoria, justiça,
redenção e satisfação para os pecados de todo o mundo. Portanto, é uma negação
de Cristo quando nós confessarmos outro motivo de salvação e satisfação.
A
presença essencial e corpórea do corpo e do sangue de Cristo [no missa] não
pode ser demonstrada a partir da Sagrada Escritura.
A missa como agora em uso, na qual Cristo
é oferecido a Deus Pai para os pecados dos vivos e dos mortos, é contrária às
Escrituras, uma blasfêmia contra santíssimo sacrifício, paixão e morte de
Cristo, e por causa de sua abusa de uma abominação diante de Deus.
Assim
como somente Cristo morreu por nós, ele também deve ser adorado como o único
Mediador e Advogado entre Deus Pai e os crentes. Portanto, é contrário à
Palavra de Deus para propor e invocar outros mediadores.
A Escritura não sabe nada sobre um
purgatório depois desta vida. Portanto, tudo missas e outros ofícios para os
mortos são inúteis.
A
adoração de imagens é contrária às Escrituras. Portanto, imagens devem ser
abolidos quando são colocados como objetos de adoração.
O matrimônio não é proibido nas
Escrituras a nenhuma classe de homens, mas permitido a todos.
Uma
vez que, de acordo com as Escrituras, um fornicador declarado deve ser
excomungado, ele segue-se que a falta de castidade e o celibato impuro são mais
perniciosos para o clero do que a qualquer outra classe.
Documentos
de Fé Reformadas Elaboradas no Século 16
1. Ulrico Zuínglio, Sessenta e Sete
Artigos (1523)
2.
Ulrico Zuínglio, Instrução Curta e Cristã (1523)
3. As Dez Teses de Berna (1528)
4.
A Confissão dos Pregadores da Frísia Oriental (1528)
5. William Farel, Resumo (1529)
6.
Ulrico Zuínglio, Fidei ratio (1530)
7. A Confissão Tetrapolitana (1530)
8.
Confissão de Valdenses (1530 ou 1531)
9. Ulrico Zuínglio, Exposição da Fé
Cristã (1531)
10.
Artigos do Sínodo de Berna (1532)
11. O Sínodo de Chanforan (1532)
12.
A Confissão de Angrogna (1532)
13. A (primeira) confissão de
Basileia (1534)
14.
A Confissão Boêmia (1535)
15. Os Artigos de Lausanne (1536)
16.
A Primeira Confissão Helvética (Segunda Confissão de Basileia) (1536)
17. João Calvino, Catecismo (1537)
18.
João Calvino, Confissão de Fé de Genebra (1536/37)
19. João Calvino, Catecismo (1538)
20.
Confissão Valdense de Merindol (1541)
21. A Confissão dos Valdenses da
Provença (1543)
22.
A Confissão dos Valdenses de Merindol (1543)
23. Confissão Valônica de Wessel
(1544/45)
24.
João Calvino, Catecismo (1545)
25. Juan Díaz, Suma de la Religio
Cristiana (1546)
26.
Juan Valdés, Catecismo (1549)
27. Consenso Tigurinus (1549)
28.
Thomas Cranmer, Catecismo Anglicano (1549)
29. A Confissão de Londres de John
a Lasco (1551)
30.
O Grande Catecismo de Emden; ou Catecismo da Igreja dos Imigrantes em Londres
(1551)
31. A Confissão da Congregação de
Glastonbury (1551)
32.
Confessio Rhaetiae (1552)
33. João Calvino, Consenso Genevensis (1552
Utilização livre
desde que citando a fonteGuedes, Ivan PereiraMestre em Ciências
da Religião.Universidade
Presbiteriana Mackenzieme.ivanguedes@gmail.comOutro BlogReflexão Bíblicahttp://reflexaoipg.blogspot.com.br/
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Reflexões
sobre a Reforma Protestante: Introdução
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Boêmia
a Terra Fecundadora das Reformas Religiosas
Reforma
500 anos – John Wycliffe
http://historiologiaprotestante.blogspot.com/2017/04/reforma-500-anos-john-wycliffe.html?spref=tw
Referências
Bibliográficas
BOISSET,
J. História do protestantismo. São Paulo: Difusão Europeia, 1971.
DANIEL-ROPS. A
igreja da renascença e da reforma I: a reforma protestante. São Paulo:
Ed. Quadrante, 1996, p. 435.
DELUMEAU,
Jean. La Reforma. Barcelona: Editorial Labor S/A, 1967.
DENNISON,
James T. Dennison, Jr. (org.). Reformed Confessions of the 16th and 17th
Centuries in English Translation – 1523-1552 (Grand Rapids, Reformation
Heritage Books, 2008), vol. 1, págs. 40-42
LINDBERG,
Carter. As Reformas na Europa. São Leopoldo: Sinodal, 2001.
MAINKA,
Peter Johann. Huldrych Zwingli (1484-1531), O Reformador de Zurique –
um esboço biográfico. Maringá: Universidade Estadual de Maringá, 2001.
http://periodicos.uem.br/ojs/index.php/ActaSciHumanSocSci/article/viewFile/2758/1893.
[1] SCHAFF,
Philip. História da Igreja Cristã, Volume VIII: Cristianismo Moderno. A Reforma
Suíça. Grand Rapids, MI: Biblioteca Etérea de Clássicos Cristãos. https://ccel.org/ccel/schaff/hcc8/hcc8?queryID=44673475&resultID=1197
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