Quando o cristianismo se torna Igreja
Na
medida em que o segundo século vai se desenvolvendo novos perigos começam a
rondar a jovem igreja cristã. Ideias e conceitos estranhos começam a penetrar
nas centenas e milhares de pequenas comunidades cristãs espalhadas por todo
território do Império, tais como o gnosticismo e o montanismo. Em relação ao
Império Romano a situação dos cristãos continua precária e sujeita ao humor de
cada imperador e/ou governador das províncias.
O erro, com efeito, não se mostra tal
como é para não ficar evidente ao ser descoberto. Adornando-se fraudulentamente
de plausibilidade, apresentam-se diante dos mais ignorantes, justamente por
esta aparência exterior, é até ridículo dizê-lo como mais verdadeiro do que a
própria verdade.
Assim
inicia Ireneu sua grande obra Adversus Haereses “Contra as Heresias” (ou
Refutação da falsa Gnose), na segunda metade do século II. Ele nasceu em
Esmirna (Ásia Menor) em torno de 140 e foi bispo de Lião em 178. Sua maior
contribuição é que uniu a tradição da Ásia Menor à tradição romana, que
transplantou para Lião, de maneira que adquire valor excepcional seu testemunho
situado na confluência do Oriente e do Ocidente.
Enquanto
os apologistas que o antecederam se preocupavam com os adversários externos
pagãos, Irineu combateu os inimigos internos, pseudos cristãos que desfiguravam
a mensagem bíblico-cristã. Os perigos são eminentes e se faz urgente reagir: os
gnósticos[1] estão
seduzindo rapidamente muitos indoutos cristãos provocando uma desordem
crescente dentro do cristianismo, com sua visão dualista do mundo.
Os gnósticos transformaram o
cristianismo em uma religião escapista e dualista no que tange à redenção e
abandonaram não somente o Antigo Testamento, mas também a antiga compreensão
cristã da fé, e o plano da salvação com um estágio inferior no caminho da
perfeição. Cristo não era mais considerado como um homem histórico real de
carne e sangue, que cumpre as promessas a Israel, mas como um Ser celestial parcialmente
místico, de dimensões cósmicas (COMPENHAUSEN, 2005, p. 25).
Outro perigo está no montanismo com seu exagerado e
radical ascetismo (jejum perpétuo, proibiam o casamento, pregavam o martírio) e
suas proposições escatológicas (Montano da Frígia com suas auxiliares Priscila
e Maximila anunciavam o fim do mundo e a volta iminente de Cristo). Por outro lado apesar de se afastar cada vez
mais do judaísmo o cristianismo não tem um corpus teológico (ortodoxia) claramente
definido. O cânon
ainda não foi estabelecido, de maneira que proliferam cada vez mais as
literaturas cristãs apócrifas; as comunidades cristãs, dispersas depois da
queda de Jerusalém e a morte de Tiago, irmão do Senhor, não possuem estruturas
sólidas, e todos os tipos de filosofias florescem uma mais absurda do que a
outra.
No
início do segundo século externamente a situação dos cristãos no Império
Romano é precária. As autoridades começam a fazer uma distinção mais clara entre
cristãos e judeus. Ainda não há leis especificas sobre os cristãos, mas eles
sofrem a hostilidade das populações onde estão estabelecidos, culpando os
cristãos pelas catástrofes naturais, pois irritam os deuses por não fazerem
sacrifícios. Algumas perseguições ocorrem aqui e ali, ao sabor dos governadores
de plantão, mas não de forma sistemática. Há uma crescente onda de intelectuais
gregos e romanos que criticam cada vez mais o cristianismo, que consideram uma
religião vulgar e para as classes pobres e ignorantes, mas que está se
espalhando por todo o Império.
Mas
diante deste quadro caótico surge a figura dos apologistas que sonham com a
integração da fé cristã com a filosofia demolindo assim os muros dos
preconceitos que a rodeiam. Vemos, então, o nascimento de um novo gênero
literário: as apologias.[2] Assim
como os primeiros cristãos tinham tentado convencer os judeus de que a fé em
Jesus era o cumprimento das Escrituras (AT), os cristãos do início do segundo
século se esforçaram em provar que o cristianismo é o culminar de toda a busca
realizada pelos filósofos gregos.
Os apologetas queriam manifestar
diante da opinião pública a verdadeira natureza do Cristianismo Eles tinham a
preocupação de demonstrar a conformidade do Cristianismo com o ideal helênico.
Proclamavam – na maioria dos casos – a aliança do Cristianismo e da Filosofia.
Queriam mais do que somente tolerância. Mostravam que os cristãos eram os
melhores cidadãos do Império e que o Cristianismo favorecia a grandeza do
Império (FLUCK, 2009, p. 31).
Há vestígios das primeiras
obras apologéticas como a de Quadrado,[3] em 124/125 d.C, o qual
apresentou, perante o imperador Adriano enquanto este estava em Atenas,[4] uma defesa voltada a
afirmar a realidade das curas e ressurreições realizadas por Jesus, com o
intuito de defender a verdade do cristianismo. No mesmo período temos a figura
de Aristides
que encaminhou uma apologia ao Imperador Adriano, contendo 17 breves
capítulos. Ele inicia com um proêmio sobre o conhecimento, a existência, a
natureza e os atributos divinos; faz então uma exposição sobre a origem das
quatro principais religiões que são tratadas nos capítulos seguintes: a dos
bárbaros ou caldeus; a dos gregos; a dos judeus e a dos cristãos. Seu objetivo
é demonstrar o que é ser cristão, bem como defender o cristianismo das más
interpretações:
[...] os cristãos conhecem
verdadeiramente a Deus e observam seus mandamentos. Deve-se, pois deixar de
caluniá-los e, ao contrário, aproximar-se de sua religião, para não ser
condenado no Juízo.
Uma
obra emblemática neste esforço apologético será a de Justino, o Mártir. Nascido
em Flávia Neápolis, antiga Siquém, de origem pagã, se converteu lendo os
escritos neotestamentário,[5]
visto que ainda não se havia estabelecido um cânon do Novo Testamento. Mesmo
após seu batismo não deixou sua toga de filósofo, pois entendia que a mensagem
cristã era a “verdadeira e proveitosa filosofia”. Ele abriu
uma escola em Roma e de suas obras foram preservadas duas Apologias[6] e
seu “Dialogo com Trifão”.[7] Em
sua interpretação dos textos do Antigo Testamento ele vai utilizar o método tipológico,
distinto do método alegórico.[8]
Para Justino há no Antigo Testamento eventos e personagens que prefiguram
outros eventos e a pessoa de Jesus que haveria de vir. Ele será morto, ao lado
de mais seis cristãos, por decapitação, por ordem do imperador Rusticus no ano
165 d.C., por defender a ressurreição de Cristo e o dia do juízo final
(COMPENHAUSEN, 2005, p. 22).
Justino
defendia uma integração do cristianismo na sociedade greco-romana, mas como
esperado não agradou a todos. Pelo lado dos romanos há pouco interesse pela
religião cristã e pelo lado dos cristãos muitos não desejam ouvir falar de
integração, porque entendem que o cristianismo não deve se comprometer com o
mundo.
Mas
um dos maiores perigos da igreja cristã neste tempo foi a figura de Marcião
(81-160) que nasceu em Sinope, no Ponto, às margens do Mar Negro, filho
do bispo cristão do lugar, o qual o expulsou, ainda que não saibamos o real
motivo. Rico dono de muitos navios. Transferiu-se para Roma por volta de 139,
filiou-se à igreja cristã romana, destinando uma quantia volumosa em dinheiro
às suas obras de benemerência.[9]
Entretanto, seu esforço no sentido de fazer com que a Igreja romana voltasse ao
que ele considerava o Evangelho de Cristo e de Paulo resultaram na sua própria
excomunhão, por volta de 144. Tendo a esta altura atraído muitos seguidores,
fundou uma igreja separada.[10] Ainda
que muitos confundam as ideias de Marcião com o movimento Gnóstico, ambos
permaneceram como linhas paralelas.[11]
O movimento sísmico produzido por Marcião foi
tão forte e tão amplo que a Igreja Cristã teve que responder de forma
contundente: o estabelecimento de um Cânon do Novo Testamento tornou-se
indispensável, visto que Marcião havia estabelecido o seu próprio Cânon,
rejeitando todo o Antigo Testamento e ficando apenas com o evangelho segundo
Lucas e as cartas paulinas; outro desdobramento direto é a elaboração do Credo
Apostólico (150 d.C.) provavelmente em Roma, onde cada sentença
corresponde a uma resposta às formulações doutrinárias de Marcião.[12]
Diante
de tantos perigos que assolam o interior da igreja surgem os primeiros grandes
teólogos cristãos. Dentre esses primeiros surge a figura de Irineu, que
tem o mérito de ser primeiro sistematizador da fé cristã. Em seu livro Contra as Heresias,
ele descreve os vários movimentos gnósticos para desenvolver melhor o
verdadeiro pensamento cristão. Como afirmado acima não havia até então um
corpus teológico cristão, o que gerou uma infinidade de ideias e conceitos
dentro das comunidades cristãs, de maneira que se tornou indispensável e
urgente, pós Marcião, estabelecer não apenas o cânon neotestamentário, mas
estabelecer um conjunto de doutrinas que pudessem expressar a genuína fé cristã
(ortodoxia
cristã) diferenciando-a das doutrinas estranhas e antagônicas à fé
cristã (heresia). Em Alexandria surge o que podemos
chamar de a primeira
escola de teologia (também conhecida como Didascalium ou Didaskaleion)
fundada por Pantene.[13]
Seus sucessores mais eminentes são Clemente de Alexandria e Orígenes,
ambos são, acima de tudo, teólogos e espirituais; mas a teologia produzida por
eles é rica em cultura filosófica grega. Clemente de Alexandria,[14]
um filósofo contemporâneo de Ireneu de Lião, refuta as heresias de que as verdades
divinas são reservadas para alguns (ideia do conhecimento gnóstico) e reafirma
categoricamente que qualquer cristão pode adquirir o conhecimento da verdade
cristã. Foram preservadas ao menos cinco de suas obras: Exortações
aos pagãos, O Instrutor, Stromata, Seleções de Teodócio e Quem é o rico salvo?[15] Clemente
afirmava que Platão foi um imitador de Moisés, pois muitos dos enunciados de
Platão podiam ser encontrados nos escritos do legislador hebreu. Foi um dos
primeiros a utilizar o método exegético alegórico[16] para
interpretação bíblica, que ficou extremamente popular a partir de Alexandria
transpassando toda a Idade Média.
O
final do século II viu o nascimento (184 d.C.) de um dos maiores teólogos
cristão – Orígenes - produzindo cerca de 800 tratados
teológicos e comentários bíblicos, ainda que em muitos deles acabou destoando
da ortodoxia cristã em formação. Escreveu também uma apologia famosa “Contra
Celso” filosofo romano que acusava o cristianismo de ser tão somente uma
religião supersticiosa, o que Orígenes refutou provando que a fé cristã estava
muito acima dos conceitos gnósticos e supersticiosos da época, colocando o
cristianismo como referência a ser seguido. Será ele a sistematizar o método alegórico
de interpretação dos textos bíblicos distinguindo três camadas no
sentido do texto: literal (Corpóreo); moral (Alma)
e místico
(Espírito), onde a tarefa do exegeta é sempre buscar a referência cristocêntrico
do texto.
A
composição ou elaboração do cânon do Novo Testamento começa a se formar apenas a
partir da segunda
metade do século II. O objetivo das Igrejas é restaurar a tradição e
voltar à autoridade dos apóstolos. Portanto, "qualquer
tradição não apostólica será desclassificada", escreveu Etienne
Trocmé (1999, p. ?). No final do segundo século, é comum a todas as igrejas
os quatro Evangelhos, as Epístolas de Paulo, a Primeira Carta de João, a
Primeira Carta de Pedro, os Atos dos Apóstolos e Apocalipse. Algumas igrejas
fizeram inclusões no seu cânone dos textos e recusaram outros. O cânon vai sendo
unificado no transcorrer dos séculos seguintes.
Quanto
à questão eclesiástica, vão substancialmente sendo hierarquizadas no segundo
século. Emerge gradualmente em todos os lugares a figura do bispo como
guardião da doutrina e mantenedor da unidade cristã. No final do segundo século
torna-se conhecido os bispos de algumas das principais cidades cuja autoridade
e preeminência abrangem uma região. Os grandes centros cristãos e seus Bispos são:
Roma, Alexandria, Antioquia, Lião e Cartago. A comunicação e as definições
sobre as questões envolvendo as igrejas cristãs são feitas através da
convocação de Concílios, que então funcionam em modelo congregacionalista, onde
todos os bispos tem igual autoridade sem qualquer proeminência romana. No
segundo século a Igreja de Roma não parece mais importante do que suas irmãs do
Oriente. No entanto, inicia-se os primeiros movimentos para se alcançar maior
proeminência e poder.
Agora
estruturada eclesiasticamente, municiadas por teólogos brilhantes e um cânon quase
totalmente definido, o cristianismo está pronto para enfrentar o século
III e enfrentar uma batalha dura e implacável com o Império Romano.
Sucinta Cronologia do Segundo Século da Igreja Cristã
117 morte do imperador romano Trajano
132 nova revolta judaica
138 morte do imperador romano Adriano
163 Justino Mártir em Roma
170 surge o movimento do montanismo
178 Irineu torna-se bispo de Lião
185 Nascimento de Orígenes
Utilização
livre desde que citando a fonte
Guedes, Ivan Pereira
Mestre
em Ciências da Religião.
Universidade
Presbiteriana Mackenzie
me.ivanguedes@gmail.com
Outro
Blog
Reflexão Bíblica
http://reflexaoipg.blogspot.com.br/
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[1] Foi contra esse grupo místico que o
apóstolo João faz referência em suas epístolas (1Jo 4.1-3; 2Jo 7-8).
[2] O conceito de “apologia” parece ter
se fixado devido principalmente aos escritos de Eusébio de Cesareia onde Ele é
empregado na passagem de sua História Eclesiástica quando faz referência à Apologia
aos cristãos, escrita por Tertuliano e endereçada ao Senado romano.
[3] Quadrado de Atenas ou Quadratus de
Atenas (em grego: Άγιος Κοδράτος) é conhecido por ter sido o primeiro
apologista. Eusébio afirmou que ele teria sido discípulo dos apóstolos
(auditor apostolorum). Dionísio de Corinto, numa carta sumarizada por Eusébio
diz que Quadrado se tornou bispo de Atenas após o martírio de Publius,
revigorando a fé da congregação na cidade e a mantendo coesa. Ele é contado
entre os Setenta Apóstolos na tradição das Igrejas orientais.
[4] São Jerônimo duas vezes (de Vir Ill
19;... Ep 70, ad Magnum) identifica o apologista com Quadrato, presbítero de
Atenas, e afirma que o apêlo foi apresentado quando Adriano visitou Atenas e
foi iniciado nos mistérios de Elêusis.
[5] Em seu Dialogo com Trifo ele registra
um breve resumo da trajetória que o levou à fé cristã.
[6] Foram escritas em meados de 150 d.C.
e dedicadas ao imperador romano Antonio Pio, com o propósito de defender os
cristãos das acusações da época. Temas como batismo e eucaristia (ceia) também
são referidos. Ele vai desenvolver o conceito do Logos ou Palavra defendendo
que todo conhecimento vem unicamente de Deus e sua revelação na Palavra
encarnada (Cristo). “Esta é a razão para
o caráter um pouco estranho do pensamento de Justino, tão claramente platônico,
mas ao mesmo tempo tão profundamente cristocêntrico” (GONZALES, 2004, p.
102).
[7] Nesse dialogo com o rabino Trifão o
apologista cristão faz uma defesa da divindade do cristianismo.
[8] No método alegórico as realidades
históricas dos acontecimentos veterotestamentário tendem a perder sua
relevância diante do “novo” significado místico, enquanto na interpretação tipológica,
proposto por Justino, o significado deve ser sempre procurado no fato histórico
em si, ainda que transcenda a ele.
[9] Segundo Tertuliano ele fez à
comunidade Romana uma oferta de duzentos mil sesterces logo depois sua chegada.
Esta oferta extraordinária de 1400 libras (7000 dólares), uma soma enorme para
aqueles dias, pode ser atribuída aos primórdios de uma fé entusiástica,
entretanto segundo informações o dinheiro foi voltado para ele depois sua
ruptura com a Igreja.
[10] “Justino (Apol. 1. 26) em 150 relata
que a pregação de Marcião tinha se espalhado em "kata frita genos
anthropon" e pelo ano 155, os Marcionitas já eram numerosos em Roma (Iren.
III. 34)”. Harnack, Adolf Von. History of Dogma, v. I, Published by Boston,
Little, 1901, [nota nº 1], mídia eletrônica:
http://www.gnosis.org/library/marcion/hnts.html#1
[11] E. Furguson identificado três diferenças significativas
entre a teologia de Marcião e do Gnosticismo: Marcião fez da revelação escrita
seu padrão para verdade; Ele encorajou a organização da igreja, e ele rejeitou
a especulação e alegoria. Furguson, E. "Marcion" in Evangelical
Dictionary of Theology, edited by Walter Elwell (Grand Rapids: Baker, 1984),
686.
[12] O parágrafo mais extenso do credo é o
procedimento (origem) do Filho. Isto porque era precisamente em sua Cristologia
que Marcião se diferenciava mais amplamente da igreja.
[13] Pantene foi mestre na escola catequética
de Alexandria, na última parte do segundo século e talvez os primeiros anos do terceiro.
De sua vida anterior pouco se sabe com certeza se ele era originalmente um
cristão ou se tornou um por conversão. Orígenes, em uma passagem preservada por
Eusébio (HE vi. 19), o nomeia como um exemplo e o próprio Eusébio nos informa que,
no seu zelo pela fé, empreendeu o trabalho de um evangelista no Oriente
chegando até a Índia; foi distinguido como expositor da Palavra de Deus. Eusébio
nos diz que Pantene "interpretou os
tesouros dos dogmas divinos"; Jerônimo, que ele deixou "muitos comentários sobre as Escrituras",
mas há uma concordância de que sua maior contribuição foi de suas aulas e
palestras do que de seus escritos. Não temos informação nem do local e nem da
data de sua morte.
[14] Como ele generosamente cita os textos
filosóficos antigos agora desaparecidos tornou-se uma fonte de referência para
textos de filósofos arcaicos, especialmente pré-socráticos.
[15] Esta obra dá indicação de que o
cristianismo começava a alcançar as classes mais ricas de Alexandria. Para ele
a riqueza não é para ser acumulada, mas compartilhada.
[16] Esse método defende que além da
verdade e/ou mensagem literal dos textos bíblicos é sempre possível encontrar
outros sentidos espirituais e que esse é o sentido mais elevado das Escrituras.
Grato meu amigo! Tenho o blog e procuro mantê-lo atualizado com novos artigos. Se for possível divulgue o link em suas redes sociais. Um abraço!
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