Somente
em momento posterior, quando o cristianismo se espalhou por todo o Império é
que as autoridades romanas começaram a ver no movimento cristão um perigo para
o Estado (politica-economicamente) uma vez que em termos de religião o Império
era condescendente com todas as religiões. Em Roma não se admite nenhuma ideia
de Deus que não coincida com a majestade imperial. Quem tem uma ideia diversa é
eliminado como gravemente perigoso à “civilização romana", ou seja, “poder
político”. (Ironicamente, séculos
depois a Igreja Cristã fara a mesma coisa com os “hereges”, e pelos mesmos motivos).
É
preciso deixar bem claro que nem todos os Imperadores romanos empreenderam perseguições
violentas à Igreja Cristã. Houve períodos em que os cristãos tiveram plena
liberdade para proclamarem sua mensagem evangélica.
Perseguições mais violentas:
Ø Nero (13 de outubro de 54 até a sua morte, a 9 de junho de
68): Certamente esse louco e devasso imperador foi o primeiro e um dos mais
implacáveis perseguidores de cristãos, nem de longe por razões religiosas, mas
unicamente política. As comunidades cristãs haviam se espalhado por toda a
cidade e com a chegada do apóstolo Paulo, provavelmente no início de 61, para
ser julgado pelas acusações dos judeus (Sinédrio), sem dúvida recebeu um grande
impulso.[1]
o Na noite de 16 de
julho 64 um incêndio devastou 10 dos 14 bairros de Roma. Eram bairros pobres e
cheios de lojas com mercadorias facilmente inflamáveis. Favorecido pelo clima
seco do início do verão, e pelos ventos o vale entre o Palatino e o Aventino se
tornou um mar de chamas durante seis dias, sendo detido apenas ao pé do
Esquilino, após se derrubarem várias casas. Alguns dias depois, um segundo
incêndio estoura nos jardins de Tigellinus perto do Pincian, e vai devastando o
outro lado da cidade. Embora a perda de vidas fosse menor no segundo incêndio,
a destruição de templos e edifícios públicos foi mais grave, o Templo de
Júpiter Stator, de 800 anos de idade, e o Atrium Vestae, o coração das Virgens
Vestais, tinham desaparecido (cf. relatos: Tácito. Anais XV. 44, 2-8; Suetônio,
Vida de Nero 38; Dião Cássio. História de Roma LXII, 16-18; Eutrópio. Breviário
VII, 13).
§ As suspeitas da
causa do terrível incêndio recaem sobre o imperador Nero, sendo elas infundadas
ou verídicas, para desviar de si os holofotes da tragédia, lança a culpa sobre os Cristãos. Inicia, assim, a primeira grande perseguição na
qual foram mortos entre centenas, os apóstolos Pedro e Paulo. O
historiador cristão Eusébio de Cesaréia
(263-340 d.C.) afirma que durante esta perseguição Paulo foi decapitado em Roma, e Pedro foi crucificado de cabeça para baixo, pois pediu para si esse
sofrimento.
o O historiador romano Tácito
Cornélio (54-120), que não nutria consideração pelos cristãos, registra
esse terrível martírio em seus "Anais",
escrito no tempo do imperador Trajano. Ele deixa claro que Nero usou os
cristãos como bodes expiatórios: “Para acabar logo com as vozes públicas,
Nero inventou os culpados, e submeteu a refinadíssimas penas aqueles que o povo
chamava de cristãos, e que eram mal vistos pelas suas infâmias. O nome deles
provinha de Cristo, que sob o reinado de Tibério fora condenado ao suplício por
ordem do procurador Pôncio Pilatos... Foram inicialmente aprisionados os que
faziam confissão aberta da crença. Depois, denunciados por estes, foi
aprisionada uma grande multidão, não tanto porque acusados de terem provocado o
incêndio, mas porque eram tidos como acesos de ódio contra o gênero humano”.
E o escritor romano descreve alguns detalhes da crueldade praticada contra
os cristãos: O suplício destes miseráveis foi ainda acompanhado de insultos,
porque ou os cobriam com peles de animais ferozes para serem devorados pelos
cães, ou foram crucificados, ou os queimaram de noite para servirem de archotes
e tochas ao público. Nero tinha oferecido seus jardins para gozar desse
espetáculo, enquanto oferecia os jogos do circo e, vestido como cocheiro
misturava-se ao povo ou mantinha-se hirto sobre o coche. Entretanto, as punições severas impostas aos cristãos geraram um
sentimento de comiseração nos espectadores, e, além do mais, não exoneraram
Nero de seu possível ato criminoso, pois “não eram imolados à utilidade
pública, mas para satisfazer a crueldade de um” (Tácito. Anais XV. 44,7-8).
Esses
terríveis eventos do ano 64, e as consequentes ações tomadas pelo poder
imperial perduraram por um longo período, e seus ecos podem ser vistos nas
narrativas históricas cristãs posteriores: Tertuliano (Ad Nationes 1,7,9; c.f. Apologético
5,3), Eusébio de Cesareia (História Eclesiástica II. 25, 1-8) e Lactâncio
(Sobre a morte dos perseguidores 2, 1-8), demarcando assim o início das ações
persecutórias do Império Romano contra os cristãos.
o Por que os cristãos? Nos dias de Nero os cidadãos romanos expressavam seu
descontentamento e rejeição tanto no que diz respeito às comunidades judaicas
quanto as recentes comunidades cristãs. É muito provável que a comunidade
judaica de Roma acionou rapidamente suas conexões na corte imperial para se
defenderem e evitarem qualquer tipo de reação popular anti-judaica, embora os
judeus estivessem em uma posição privilegiada em relação aos cristãos, pois sua
religião era classificada como religio
licita, enquanto o cristianismo era uma religio ilícita.[2]
Desta forma, sobrou para os cristãos, que naquele momento já eram numerosos e
mal vistos o suficiente para fornecer um suprimento abundante de vítimas,
todavia, destituídos do poder político/econômico para esboçarem alguma retaliação.[3] Os testemunhos documentais
da época (Plinio; Suetonio e Dião Cassio) são unanimes em afirmar que a autoria
do incêndio partiu do próprio Nero; por outro lado, não há nenhum testemunho
antigo que assegure que os cristãos foram os responsáveis por tal catástrofe e
Tácito, historiador romano e que via os cristãos com antipatia, excluiu os
cristãos de culpa nesse terrível episodio. A
decorrente perseguição contra os cristãos provavelmente ficou confinada à
cidade de Roma, havendo pouca
evidência de que se tenha estendido ao resto do Império. O escritor cristão Tertuliano,
advogado e apologista, menciona um Neronianum
institutum, o qual muitos interpretam como sendo um decreto, porem outros
resistem à ideia de que se estabeleu uma lei ou decreto, específico, contra os
cristãos sob Nero. O institutum
Neronianum viria a ser uma descrição das atividades anticristãs, todavia, sem
um embasamento jurídico. Além disso, nenhum historiador conhecido mostra
conhecimento de uma lei especifica contra os cristãos nesse período neroniano.
Muitos
estranham o silêncio completo por parte das primeiras fontes literárias cristãs
sobre a questão do incêndio e da perseguição subsequente por parte de Nero. Uma
das hipóteses para tal silencio é de que durante esses períodos de
perseguições, o cristianismo necessitava de uma apologética mais do que obras
históricas – pois as comunidade cristãs necessitavam defender-se dos ataques e
das calunias que lhes sobrevinham (José Fernández Ubiña). A historiografia
cristã começa de fato a ser escrita após a vitória de Constantino na Ponte
Milvio (312) e do Edito de Milão (313).
Ø Após a morte de Nero no ano 68, a Igreja desfrutou de paz
e tranquilidade. A Dinastia Flaviana,
representada por Vespasiano (1 de
julho de 69 a 24 de junho 79) e seu filho Tito
(24 de junho de 79 a 13 de setembro 81), que praticamente governaram
simultaneamente, foram mais condescendentes e tolerantes com os cristãos,
esquecendo-se praticamente do institutum
Neronianum. Vespasiano assume o Império num ano de guerras civis, após a
morte de Nero, conhecido como o Ano dos
Quatro Imperadores. Foram eles que destruíram a cidade de Jerusalém e do Templo
(70 d.C.), acelerando o processo da completa separação do judaísmo e
do cristianismo. Mas para as
autoridades romanas esta distinção ainda vai demorar e na medida em que tinha
qualquer questão envolvendo cristãos, eles os consideravam apenas como uma
seita judaica. Estavam mais preocupados em reconstruírem o império e sua
glória. Um de seus projetos mais ambicioso foi a construção do Anfiteatro Flávio, conhecido
popularmente como o Coliseu Romano,
que posteriormente será o triste palco de muitos mártires cristãos. Tito sucede seu pai e reunia todas as características
para ser um grande líder, à altura do seu pai, mas o seu breve reinado foi
marcado por catástrofes. Em 24 de Agosto de 79, apenas dois meses depois de sua
ascensão ao trono, o vulcão Vesúvio
destruiu as cidades de Pompeia e Herculano e, em 80, Roma foi de novo
consumida por um incêndio. Foi
extremamente solidário com todos os que sofreram nessas catástrofes,
tornando-se muito querido pelos romanos, mas morre precocemente de febre, a 13
de setembro de 81 d.C. A grande popularidade de Tito fez com que o Senado o
deificasse. Flávio Josefo,
historiador judeu, na obra em que registra os fatos Guerra dos Judeus, oferece uma visão positiva sobre o imperador
Tito e negativa dos líderes judaicos da rebelião, apresentando-a como uma
operação mal organizada e culpando aos judeus de causar a guerra. Entretanto,
sua opinião fica comprometida, pois se naturalizou romano e passou a receber
uma pensão anual do governo e viveu no palácio imperial.
Ø Domiciano (14 de outubro de 81 até a sua morte a 18 de setembro de
96): Com a morte prematura de seu irmão Tito (a 13 de setembro de 81), no dia
seguinte, Domiciano foi proclamado imperador pela Guarda Pretoriana; o seu reinado, que duraria quinze anos, seria o
mais longo desde o do imperador Tibério. Segundo sugestionam as partes comuns
das fontes sobreviventes, parece ser que carecia do carisma natural do seu
irmão e do seu pai, que era propenso a suspeitar das pessoas, e que tinha um
estranho e ocasionalmente autodepreciativo senso do humor.
Tudo
fica mais difícil quando este imperador assume o trono. Domiciano cria
firmemente na religião romana
tradicional; dirigiu uma intensa política com o objeto de ressuscitar os
antigos costumes e restabelecer a moral romana. Para justificar a divinização
da sua dinastia restaura o Templo de Júpiter,
dos quais dizia serem descendentes. Mas deidade favorita era Minerva, que aparece em muitas moedas
de seu reinado. Ele ressuscitou a pratica do culto imperial, em desuso durante
o reinado de Vespasiano; construiu um templo dedicado ao seu pai e irmão. As religiões estrangeiras eram toleradas
enquanto não interferissem na ordem pública e que pudessem ser assimiladas à
tradicional religião romana. Uma tradição baseada nos escritos de Eusébio de Cesarea registra que cristãos e judeus foram implacavelmente perseguidos
em finais do seu reinado. Outros eruditos defendem que o livro do Apocalipse foi escrito durante o reinado de Domiciano,
quando ordenou o banimento do apóstolo
João para a Ilha de Patmos, como
uma manifestação da intolerância religiosa do imperador. Há um testemunho (Nicéfero)
de que Timóteo que fora discípulo de
Paulo, foi martirizado durante o reinado de Domiciano, no ano 96 d.C, em Éfeso,
cidade onde morava. A perseguição infligida por Domiciano não atingiu todo o
Império, somente a cidade de Roma e a Ásia Menor. A cidade de Pérgamo (Ap 2.13)
era a capital do culto ao imperador na Ásia Menor e ali foi erigido o primeiro
templo de Roma e Augusta e anualmente se fazia ali uma festa cultíca. Domiciano
se avocou divino e exigia ser chamado de “Dominus
ac Deus” (Senhor e Deus), de modo que os cristãos passaram a serem
condenados por crime de lesa majestade nas províncias
orientais sob pretexto da lex julia malestatis, por se negar a exercitarem o culto
ao imperador. “A recusa em
participar no culto estatal, necessariamente associado ao seu monoteísmo
exclusivista, fez com que os cristãos surgissem simultaneamente como ateus e
[...] inimigos do Estado” (FRANZEN, 1996, p. 59). Com base no fato de que nenhuma
fonte contemporânea dá ao manifesto a existência de juízos ou execuções
baseados em ofensas religiosas desta natureza, vários historiadores querem
amenizar uma perseguição sistêmica e opressora exercida durante o seu reinado.
Ø Trajano (imperador romano de 98 a 117): A ascensão da dinastia nerva-antonina, com seus sete imperadores que governaram o
Império Romano entre 96 d.C. e 192 d.C. (Nerva, Trajano, Adriano, Antonino Pio, Marco
Aurélio, Lúcio Vero e Cômodo), deu aos cristãos um período com
perseguições localizadas e ocasionais. A Domiciano sucedeu-lhe Nerva (96-97), que mediante a violência
de seu antecessor, revogou os processos por ateísmo e costumes judaicos que
eram utilizadas contra os cristãos. A Nerva sucedeu-lhe Trajano que era espanhol de origem, cujas qualidades de grande
soldado e estadista elevaram o Império romano ao seu apogeu de prosperidade e bem-estar. Para nosso interesse há uma
correspondência oficial entre Plínio, o
Jovem, um amigo do Imperador que assumiu a função de governador de Ponto e
Bitínia (111-113), onde solicita a opinião de Trajano sobre como tratar ou
legislar sobre a questão envolvendo os cristãos daquela região, visto que não
tinha experiência sobre esse assunto:[4]
Nunca participei de inquéritos contra os
cristãos. Assim, não sei a quais fatos e em que medidas devem ser aplicadas
penas ou investigações judiciárias. Essa correspondência de Plínio é o primeiro relato pagão das atividades e
do comportamento dos cristãos, e a resposta de Trajano é a primeira legislação sobre o cristianismo da qual temos
conhecimento. Torna-se uma pequena janela de onde podemos observar como estava
sendo a relação do governo e dos cristãos nesse período:
o Como os cristãos viviam: “reunir-se num dia fixo, antes do levantar-se do sol,
cantar um hino a Cristo como a um deus, empenhar-se com juramento a não cometer
crimes, a não cometer nem roubos, nem assaltos, nem adultérios, e a não faltar
à palavra dada. Eles têm também o hábito de se reunir para tomar a própria
refeição que, apesar dos boatos, é alimento ordinário e inócuo”.
o Acusações contra os cristãos: Transparece na carta de Plínio, que caíram as absurdas
acusações de ritual infanticídio e
incesto,
mas algumas permaneceram: «recusarem a
oferecer culto ao Imperador» (portanto de lesa majestade), e da formação de hetérias [associações]. O Imperador
responde: “Os cristãos não devem ser
perseguidos por ofício [os cristãos não deveriam ser tratados como os
criminosos comuns, sacrílegos ou bandidos].
Sendo, porém, denunciados e reconhecidos culpados, é preciso
condená-los”. Em outras palavras: Trajano encoraja a fazer vistas grossa
sobre eles: “são uma hetéria [associação]
inócua como os barqueiros do Sena e os vendedores de vinho de Lion”.
Uma vez, porém, que estão praticando uma
«superstição irracional, tola e fanática» (como é julgada por Plínio e outros
intelectuais do tempo, como Epíteto, e continuam a recusar o culto ao imperador
e, portanto, consideram-se «estranhos» à vida civil), não se pode fazer de
conta que não há nada. Quando denunciados, sejam condenados”. Para isso era
utilizado um tribunal especifico - ordinem adicional cognitio, um
sistema arbitrário de julgamento perante um juiz por crimes que não se
encaixavam nas prescrições dos "crimes legais", como traição,
falsificação, ou adultério. Por sua vez, não seriam mais aceitas as denúncias anônimas: mas nenhum aviso deve ser
tomado de acusações anônimas em qualquer tipo de procedimento. Pois são de procedência
maior e são inconsistentes com o nosso tempo. Essa recomendação do Imperador
foi suficiente para que a quantidade de processos e consequentes condenações
fossem declinantes. (Plinio, o Jovem Cartas X, 97; SHERWIN-WHITE, 1966, p.
710–12). Neste período foram vítimas:
o bispo Simeão de Jerusalém, crucificado quando tinha 120 anos de idade, e
Inácio Bispo de Antioquia, levado à Capital como cidadão romano, e aí
condenado.
o A mesma política, em relação aos Cristãos, é exercida
pelos imperadores Adriano (117-138)
e Antonino Pio (138-161).
o Entre 125 e 160,
os cristãos desfrutaram de uma tolerância
precária. Alguns martírios são registrados nesta época de prosperidade que
marcou o clímax da civilização greco-romana.
Ø Marco Aurélio (161-180), imperador filósofo, é uma exceção nessa dinastia nerva-antonina; nutriu grande desprezo pelo
cristianismo e classificava os cristãos de gente comum, ignorante e com seu um edito em 176-7, torna a situação dos cristãos, ainda mais dura.
o Neste momento os cristãos estão sendo acusados de toda
sorte de tragédias naturais ou não, que pudesse trazer prejuízo à população.
o Foi nesse período que o ancião Policarpo (cerca de 100
anos) foi martirizado, no que Eusébio de Cesaréia denominou de as
"grandes perseguições que perturbaram a província da Ásia"
(talvez em fevereiro de 156, mas é mais provável 166-69). E estando diante do
Pro Consul, que lhe dá a oportunidade de negar
sua fé e declarar César como Senhor, que o velho cristão faz uma das mais
lindas declarações de fé: “Durante oitenta e seis anos o tenho
servido, e nunca me fez mal algum. Como blasfemaria eu contra o meu Rei, que me
tem salvador?” Ele foi condenado à morte e queimado vivo. Justino, o célebre filósofo-cristão,
foi martirizado nesta perseguição; ele havia em meados do ano 133 d.C, aos
trinta anos, sido convertido ao cristianismo; escreveu uma elegante epístola
aos gentios e empregou seus talentos para convencer os judeus da verdade dos
ritos cristãos; abriu uma escola pública;
ensinou a muitos que foram, posteriormente, destacados personagens na história;
e escreveu um tratado para refutar todo tipo de heresias; quando os pagãos
começaram a tratar os cristãos com severidade, Justino escreveu sua primeira apologia
a favor deles, revelando grande erudição e genialidade, a ponto de sensibilizar
o imperador que acaba por publicar um edito em favor dos cristãos;
posteriormente, induzido por Crescente,
inimigo de Justino, o imperador manda prendê-lo juntamente com outros seis
amigos; após sua recusa em prestar sacrifícios aos ídolos pagãos, ele e seus
companheiros foram condenados ao açoite seguido de decapitação, sendo cumprida
com toda severidade e crueldade.
Utilização
livre desde que citando a fonte
Guedes, Ivan Pereira
Mestre em
Ciências da Religião.
Universidade
Presbiteriana Mackenzie
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[1] A narrativa do livro de Atos dos
Apóstolos apresenta seu término no ano de 62, e Lucas deixa transparecer que as
relações entre cristãos e autoridades romanas mostravam-se sob o manto do
tolerável. A leitura revela que em sua chegada a Roma, o apóstolo Paulo e as
lideranças das comunidades cristãs na cidade eram considerados ainda, embora com
suspeição, membros da comunidade judaica (At. 28:17-22); no entanto, este
relacionamento mudou bruscamente em dois anos.
[2] Os crimes mais infames atribuídos aos
cristãos eram o infanticídio ritual (diziam que durante o ritual da Ceia [do
Senhor], quando se alimentavam do corpo e do sangue de Cristo, eles
sacrificavam uma criança e comiam suas carnes!) e o incesto (uma deformação do
abraço e ósculo fraternal que os cristãos se davam na celebração da Ceia
chamando-se de irmãos e irmãs).
[3] O que definia um cidadão naquele
momento era o fato de que cultuava os mesmos deuses da cidade, de maneira que o
cristão com sua religião própria se tornava um pária social e por está razão
torna-se o bode expiatório de tudo de ruim que viesse a ocorrer na cidade
(DANIEL-ROPS, 1988, p. 122-3). A negação em adorar outros deuses, a
exclusividade monoteísta era encarada como motivo para a destruição da pax deorum, da harmonia entre os homens e
os deuses, pois questionava a tradição que se assentava o Estado.
[4]
As cartas trocadas entre Plínio, o Jovem e Trajano revelam diversas situações
da vida pública e privada do final do século I e início do século II d.C. Desde
pedidos ligados a cidadania, reformas de banhos públicos, construções de
teatros e aquedutos, questões ligadas a escravidão e militarismo, até a
caracterização do sistema de assistência mútua - o clientelismo – e a força do
emprego das expressões virtuosas (STADLER, 2010)
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