Quando usamos o termo Reforma Protestante estamos nos referindo
ao maior movimento de reforma religiosa cristã ocorrido na Europa no período de
1500-1700 e que redesenhou completamente o mapa da cristandade mundial.
Este movimento reformador que eclodiu no século XVI ainda
hoje continua sendo sentido na existência de diversas denominações evangélicas
oriundas diretas deste movimento que saindo da Europa se estabeleceram nos
Estados Unidos e posteriormente foram implantadas nos mais diversos países,
incluindo a América Latina e mais particularmente o Brasil.
Advindas do denominado protestantismo histórico temos no
país seus principais ramos como o presbiterianismo, metodismo, congregacionais,
luteranos e metodistas, e ainda que não gostem de serem incluídos, os batistas.
Mas o movimento da Reforma Protestante não apenas deu
origem a estas diversas, e muitas outras, denominações evangélicas cristãs,
como também acabou produzindo reações e transformações no próprio catolicismo
romano, que teve que procurar se ajustar à nova realidade de seu domínio
religioso que se fragmentava rapidamente. Portanto, as reações católicas são
muito mais no sentido de não perder completamente seu monopólio do
cristianismo, do que propriamente uma preocupação reformista de suas práticas
cristãs à luz das Escrituras.
Introdução
Por um milênio (500-1500 d.C.) a Igreja Católica Romana
estendeu seu pleno domínio sobre tudo e sobre todos sem qualquer questionamento
sobre sua autoridade. Neste período todos os focos ou tentativas de
questionamento foram completamente dizimados sem dó ou piedade.
Sem contar o denominado Grande Cisma (1378-1417) que
separou o cristianismo do Oriente do Ocidente, somente no século XVI com a
eclosão da chamada Reforma Protestante de fato ocorre uma grande ruptura nas
entranhas do catolicismo romano.
Mas somente quase vinte anos depois de iniciado o
movimento reformado a Igreja Romana esboçou uma reação interna para conter o
avanço e consequente desmanche produzido pelo impacto reformista protestante.
Ainda que questionado e até rejeitado por muitos historiadores
romanos esta reação da Igreja Romana é comumente denominada de Contrarreforma.
Seu objetivo imediato era reassumir o controle sobre o cristianismo europeu. De
imediato recupera a maior parte da Polônia e Áustria, partes do sul da
Alemanha, bem como a manutenção da Bavária, Bélgica e Irlanda sob seus
domínios.
Essa reação do catolicismo romano foi bem-sucedida por
algumas razões:
1) os
diversos movimentos reformistas abriram mão precocemente de seu entusiasmo
evangélico e/ou reformista.
2) e
certamente um dos mais graves, o desenvolvimento de um espírito polemista
agressivo e beligerante que contagiou praticamente todos os segmentos
reformistas, que em pouco tempo estilhaçou qualquer possibilidade de uma
unificação do movimento.
3) O
catolicismo com sua figura catalizadora do Papa manteve seu sistema organizado,
mesmo em meio ao movimento reformador.
4) A
Igreja Romana se apropriou do espírito reformador para implementar sua própria
reforma interna (cf. abaixo).
Ao expor as entranhas do catolicismo, o movimento
reformado acaba por exigir das lideranças católicas romana uma resposta às mais
diversas críticas recebidas. De fato, houve uma substancial reforma no clero
romano, especialmente na Espanha, todavia, praticamente não se mudou praticamente
nada nas questões doutrinárias do catolicismo, perpetuando todos os seus
desvios do cristianismo bíblico.
Para coibir a proliferação dos conceitos
teológicos-reformados, através da crescente produção de literatura de
Lutero-Calvino e tantos outros proeminentes teólogos reformados, a Igreja
Católica criou o “Index”, espécie de catálogo que listava os livros que estavam
vetados/proibidos aos seus membros lerem.
Outra reação do clero romano foi a reativação do conceito
medieval da Inquisição. Todos os que ousassem proferir conceitos reformistas ou
não católicos foram cruelmente torturados e mortos pelos tribunais
inquisidores. Essa horrenda prática foi bem-sucedida na Itália e Espanha e
relativamente sucedida em outros domínios católicos, incluindo Portugal. Mas
outros países, como por exemplo a Holanda, apesar de terríveis perseguições, os
inquisidores foram frustrados e posteriormente o movimento protestante acabou
prevalecendo nos países baixos.
Jesuítas
Mas com toda certeza, a mais bem-sucedida reação do
catolicismo romano foi a criação da ordem dos Jesuítas. Tendo recebido a
denominação de Sociedade de Jesus, eles foram originados em Paris em 1534 por
Inácio Loyola, tendo como prioridade máxima reinserirem as pessoas na Igreja
Católica Romana.
Para alcançar seus objetivos fins utilizaram-se de todos
os meios disponíveis sem quaisquer escrúpulos em seus métodos – aplicando o
conceito de que os fins justificam os meios.
Atuaram fortemente na questão educacional para barras as
influências dos reformados nesta área; influenciaram e usufruíram do poder
político para impor avanços na manutenção e avanço da causa romana; um dos mais
famosos foi Francis Xavier (1506-1552) que propagou a fé cristã jesuíta por
toda Ásia. Afirmara que na Índia e Japão havia batizado pelo menos 700.000
convertidos. Suas práticas sincretistas ao extremo nunca foi autentica pela
cúria romana, mas que também jamais a repudiou abertamente. Os jesuítas foram
ativos também tanto na América do Norte quanto na América do Sul. Aqui no Brasil,
por causa da chamada reforma Pombalina, que expulsou a ordem dos jesuítas de
todos os domínios portugueses, a influência deles foi minimizada, o que acabou
favorecendo posteriormente a implantação menos traumática do protestantismo no
país nos finais dos oitocentos.
Mas como diz o ditado - o poder corrompe – a influência
dos jesuítas tornou-se tão grande e suas metodologias tão imorais que ameaçaram
o próprio catolicismo, de maneira que o Papa Clemente XIV aboliu essa ordem
religiosa. Somente após um período de quarenta anos, em 1814, o Papa Pio VII,
em nova reação às perdas de seus fiéis, restaurou os jesuítas à sua posição.
Concílio
de Trento
Esse Concílio, que se reuniu ao longo dos anos de 1545 a
1563, sob a direção de pelo menos três papas, com um total de 25 sessões
deliberativas, foi a grande resposta doutrinária do catolicismo, frente ao
movimento reformado. Emergiu deste Concílio a nova ortodoxia católica que
deveria ser ensinada e exigida de todos os seus professantes.
Podemos citar aqui algumas destas diretrizes teológicas:
1) A
Vulgata Latina deve ser a Bíblia autorizada para todos os católicos;
2) Os
chamados livros apócrifos foram ratificados como inspirados e parte integrante
da Bíblia católica;
3) O
conceito de purgatório foi mantido como tendo respaldo bíblico;
4) A
tradição da Igreja foi mantida como tendo valor em igual autoridade com as
Escrituras;
5) Foi
mantido o valor de imagens, relíquias e indulgências;
6) Todo
católico deve aceitar somente a interpretação da Escritura dada pela Igreja;
7) Manteve-se
a necessidade dos sacramentos para a verdadeira salvação;
8) Foi
ratificada a autoridade do papa sobre a Igreja.
Utilização livre desde que citando a fonte
Guedes, Ivan Pereira
Mestre em Ciências da Religião.
Universidade Presbiteriana Mackenzie
me.ivanguedes@gmail.com
Outro Blog
Reflexão Bíblica
http://reflexaobiblica.spaceblog.com.br/
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Gostaria de conhecer comentários deste autor sobre uma execução de um fiel reformado, no nordeste, talvez Salvador (BA), efetuada pelo próprio Anchieta em 1567 (?) devido à titubeada do carrasco. Jean Jacques le Balleur (?)
ResponderExcluirGostaria de conhecer mais sobre este documento
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